O que tem de legal na Rota 66? Por que ela ficou famosa?
Ainda é possível circular por 85% do traçado original da estrada que, mesmo desativada em 1985, resume a cultura (e a contracultura) dos EUA
O PLANO
Inaugurada em 1938, a Rota 66 fazia parte do plano nacional de autoestradas dos EUA, que estabeleceu 96 rodovias. As rotas norte-sul seriam ímpares e as leste-oeste, pares. A numeração cresce nesses mesmos sentidos, ou seja, a rota 1 começa no extremo leste e a 98 é a última, mais ao sul.
O traçado original da 66 tinha cerca de 4 mil km de extensão, cruzando quase 200 cidades e oito estados americanos, indo de Chicago, em Illinois, até Santa Monica, na Califórnia. O exato meio é identificado pela placa “Mid Point”. De lá, são cerca de 1.830 km até cada uma dessas duas cidades.
Hoje, muitos trechos da rota foram absorvidos por vias expressas. Ainda há pedaços originais transitáveis, mas que não dão em lugar nenhum. Centenas de moteis ainda permanecem à sua beira; alguns ainda em funcionamento, e outros apenas com a fachada preservada para os turistas fotografarem.
1) PONTO DE PARTIDA
O passeio começa no estado de Illinois. Mas a placa de marco zero mudou de lugar ao longo da história. Hoje, está na Adam Street com a Michigan Avenue, em Chicago. Neste trecho, o roteiro turístico inclui o Eagle Hotel, primeiro motel de estrada, inaugurado antes da rota, e o Museu 66, um dos mais completos sobre a via.
2) ROTEIRO DE CINEMA
A rota ficou famosa graças a Easy Rider (1969). No filme, dois amigos viajam de moto, de Los Angeles a New Orleans, para a festa de Mardi Gras. Mas outros sucessos também se passaram lá, como Forrest Gump (1994) e Golpe de Mestre (1973) e a série Route 66 (1960).
Ela tem outras ligações com a cultura cinematográfica: um drive-in em Missouri. No 66 Drive-in Theatre, é possível assistir a um filme a céu aberto, de dentro do carro. No mesmo estado também está o monumento mais alto dos EUA: o Gateway Arch, em Saint Louis, com 192 m de altura.
A estrada também foi imortalizada pelo maior escritor da geração beat, Jack Kerouac. Ele passou sete anos percorrendo a via e escrevendo On the Road. O livro virou filme, dirigido pelo brasileiro Walter Salles, em 2012.
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3) DE RASPÃO
A estrada passa bem de leve pelo Kansas: são apenas 18 km dentro do estado. Mas, neste trecho está o guincho enferrujado que inspirou o personagem Mate, da franquia de animações Carros, estacionado em um posto de gasolina. Nos filmes, a cidade fictícia de Radiator Springs localiza-se na Rota 66.
4) CIDADE FANTASMA
Oklahoma detém o maior trajeto da Rota: cerca de 600 km. Em Calico, fica a Ghost Town – um vilarejo explorador de minério de ferro que virou parque temático. Outra atração estadual é a Blue Whale, em Catoosa. Trata-se da escultura de uma baleia, de fibra de vidro, que funcionava como píer e escorregador aquático nos anos 60.
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5) INFINITA HIGHWAY
No Texas, 280 km do traçado (cerca de 91%) é original. Por aqui fica o Cadillac Ranch: dez Cadillacs, de diferentes tipos e anos, enterrados na areia. Idealizado pelo milionário Stanley Marsh II, o point representa o “sonho americano”, que, para ele, era “uma viagem de Cadillac, com uma loira, até as praias da Califórnia”.
6) PIT STOP
A bomba de combustível mais antiga da via está em um posto da Texaco em Tucumari, Novo México. É o único que se mantém em operação desde a sua inauguração. Como a cidade de Albuquerque é a maior produtora de casas pré-moldadas do mundo, é comum ver caminhões gigantes carregando casas prontas pela estrada.
7) PEDRA NO CAMINHO
Embora o Grand Canyon não fique às margens da Rota 66, uma das saídas da estrada, no estado do Arizona, leva até o ponto turístico. Outra atração nessa região é a cidade de Otman, que parou nos tempos do Velho Oeste: além de burricos passeando pelas ruas, há armazéns, lojas, tavernas e hotéis do começo do século 20.
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8) POINT BADALADO
O primeiro Mc Donald’s foi criado na Rota 66 californiana. Hoje, ele abriga um museu não oficial da rede de lanchonetes. Na beira da estrada, há ainda a lanchonete Bagdad Café (tema do filme cult de 1987) e a Cratera de Amboy – um vulcão extinto. A placa de término da rodovia, no píer de Santa Mônica, marca o final da rota
FONTES national66.org, historic66.com, rota66.org, Federal Highway Administration (FHWA)
CONSULTORIA Fábio Francfort, membro da Associação Brasileira da Rota 66