Por que os planetas giram?
Pode parecer óbvio, mas é a pura verdade: os planetas rodam porque não existe nenhuma força para brecá-los. O fato é que tudo tende a manter seu movimento se não aparecer nada que se oponha. Essa história começou com o Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo há 15 bilhões de anos. Desde […]
Pode parecer óbvio, mas é a pura verdade: os planetas rodam porque não existe nenhuma força para brecá-los. O fato é que tudo tende a manter seu movimento se não aparecer nada que se oponha. Essa história começou com o Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo há 15 bilhões de anos. Desde então as partículas do cosmos se atraem e se chocam sem parar. Foi justamente dessas trombadas que nasceram os movimentos de rotação. É como se o Universo fosse uma imensa mesa de sinuca imaginária em que não houvesse nenhuma força capaz de parar as bolas. Imagine a bagunça: bastaria uma tacada para começar um bate-bate eterno! Nessa confusão, as bolas fatalmente raspariam umas nas outras, dando origem aos movimentos de rotação. O giro da Terra, por exemplo, pode ser reconstituído desde a época em que a matéria que hoje compõe tudo o que existe no sistema solar era só uma nuvem de gás e poeira perdida no meio da galáxia. Acompanhando o pique da Via Láctea, essa nuvem já girava.
Mas, há uns 5 bilhões de anos, uma das regras mais importantes do Universo começou a fazer a diferença. Estamos falando da lei que diz que qualquer coisa que fique mais compacta acaba rodando mais depressa. É o que fazem os patinadores na hora do rodopio, encolhendo o corpo para girar rapidamente. No caso da nuvem, a rotação fez com que ela começasse a se condensar, e quanto mais ela se compactava, mais veloz ficava seu giro. Essa reação circular fez as partículas do centro da nuvem condensarem com tanta violência que a temperatura lá no meio chegou à casa dos milhões de graus Celsius. Foi o suficiente para disparar as reações nucleares que “acenderam” o Sol. Esse prato giratório, frenético, fez mais e mais partículas baterem umas nas outras.
Algumas juntaram tanta poeira e pedras que cresceram a ponto de virar planetas. “Como o antigo disco girava, os novos planetas conservaram essa característica e passaram a rodar também”, diz o astrônomo Roberto Dias da Costa, da Universidade de São Paulo (USP). Cada um deles, porém, faz seus giros em tempos e sentidos próprios, como você confere no infográfico que ilustra estas páginas.
Na internet:
https://www.seds.org/nineplanets/nineplanets
www-astronomy.mps.Ohio-state.edu/~pogge/Ast161/Unit4/movearth.html
No sistema solar, Vênus e Urano rodopiam ao contrário dos outros astros
VÊNUS
Tempo de rotação: 243 dias
Tempo de translação: 224 dias
Quase todos os planetas giram no sentido anti-horário, seguindo o sentido do “disco” que lhes deu origem. Mas Vênus roda ao contrário. Provavelmente, isso aconteceu porque ele foi atingido por um objeto muito grande, do tamanho de um planeta, durante a infância do sistema solar. Além da rotação ímpar, a superpancada deixou Vênus com outro trauma: por lá, um dia dura mais que o próprio ano
URANO
Tempo de rotação: 17 horas
Tempo de translação: 84 anos
Como Vênus, Urano também gira no sentido contrário ao dos outros planetas segundo os astrônomos, também por causa de algum impacto gigantesco. Mas sua marca registrada é outra: Urano é um planeta “deitado”. Visto da Terra, é como se ele girasse de lado. Isso faz com que as “noites” na metade que está escura durem 42 anos, ou o tempo em que o planeta dá meia-volta em torno do Sol
SOL
Tempo de rotação: 25 dias (no equador)
Tempo de translação: 225 milhões de anos
Muita gente não sabe, mas o Sol também gira em torno de seu próprio eixo. Aliás, é um movimento bem estranho: como a superfície não é sólida, a rotação deixa de ser uniforme. Com isso, o equador completa uma volta três dias antes dos pólos. Para completar, o astro também gira ao redor do centro da Via Láctea, mas o fim do passeio demora nada menos que 225 milhões de anos
TERRA
Tempo de rotação: 23 horas e 56 minutos
Tempo de translação: um ano
Como todos os planetas, a Terra gira mais rápido onde a circunferência é maior é só pensar no planeta como um disco: um ponto que estiver na faixa mais externa roda mais rápido que outro próximo ao centro. Por isso, no equador, a velocidade de rotação é de 1 674 km/h. Em uma cidade como São Paulo, situada mais ao sul, a velocidade cai para 1 535 km/h. A rotação também causa uma força centrífuga que anula parte da gravidade. Isso explica por que uma mesma pessoa pesa 250 gramas a menos no Maranhão, perto do equador, que na Noruega, no extremo norte, onde a rotação é menor
JÚPITER
Tempo de rotação: 9 horas e 55 minutos
Tempo de translação: 11,9 anos
O maior planeta tem a rotação mais veloz, alcançando incríveis 40 mil km/h no equador. Não é coincidência: os astros massivos tendem a guardar uma quantidade maior do movimento do “disco” que deu origem aos planetas, já que nasceram de uma faixa mais espessa dele. Saturno, que tem quase o tamanho de Júpiter, também é rápido: dá uma volta em torno do eixo em 10 horas e meia
CÉU DE OUTRO MUNDO
Rotação absurda dos pulsares forma paisagem surreal
Quando um objeto de massa gigantesca se contrai, sua rotação aumenta vertiginosamente. É o caso dos pulsares, estrelas que tinham milhões de quilômetros de circunferência mas que diminuem de tamanho com o fim de seu “combustível”. Um pulsar tem uma massa equivalente à do Sol, espremida numa esfera de mais ou menos 20 quilômetros de diâmetro. Essa concentração inimaginável de matéria faz eles girarem em torno do próprio eixo umas 30 vezes por segundo. Da superfície de um pulsar, você veria o céu igual ao da montagem acima: as estrelas passariam tão rápido que pareceriam riscos estáticos.
TERRA SUPERSÔNICA
Nesse instante, estamos a quase 1 milhão de km/h
O fato de a gente girar com a rotação da Terra a uma velocidade um pouco maior que a do som (1 224 km/h) já surpreende. Mas estamos bem mais rápidos. O planeta roda em volta do Sol a nada menos que 107 mil km/h, nos levando de carona. E o próprio Sol nos puxa a mais 800 mil km/h enquanto gira em torno do centro da Via Láctea. Somando tudo, rasgamos a galáxia a quase 1 milhão de km/h!