Qual é a origem da iquebana?
A arte japonesa de arranjos florais surgiu no início do século 7. Nessa época, havia o costume religioso no Oriente de oferecer flores aos deuses. Os fiéis acreditavam que assim atrairiam as divindades para os locais onde eram deixados os “presentes”. Um enviado do governo japonês à China, chamado Ono-no-Imoko, teve contato com as tradições […]
A arte japonesa de arranjos florais surgiu no início do século 7. Nessa época, havia o costume religioso no Oriente de oferecer flores aos deuses. Os fiéis acreditavam que assim atrairiam as divindades para os locais onde eram deixados os “presentes”. Um enviado do governo japonês à China, chamado Ono-no-Imoko, teve contato com as tradições locais de oferendas de flores, que seguiam um ritual bem mais rígido que no Japão. Quando retornou ao seu país, Imoko fundou a Ikenobo, a primeira escola dedicada a formalizar a produção desses arranjos endereçados aos deuses. Do século 7 até o final da Idade Média, as belas construções florais eram chamadas no Japão de kuge e ainda tinham um caráter totalmente religioso.
A partir do século 14, porém, esse tipo de arte se popularizou, pois começou a ser apreciada por seu valor estético e não apenas pelo significado espiritual. Para acompanhar essa mudança de concepção, o trabalho com os arranjos também trocou de nome e passou a ser conhecido como tatehana. A palavra ikebana – ou iquebana, na versão aportuguesada – só surgiria no século 17, com um significado bem claro: “manter vivo, arrumar flor”. Até hoje a arte continua fortemente enraizada na cultura nipônica e um bom exemplo disso é que no Japão existem arranjos com formatos específicos para cada feriado ou celebração nacional. “A técnica da iquebana vai além de um simples arranjo floral. A idéia é que as flores, folhas e galhos se unam num vaso para recriar a harmonia e a beleza presentes na natureza”, afirma a artista Tokuko Kawamura, presidente do Instituto de Ikebana Ikenobo do Brasil, em São Paulo.
Técnicas tradicionais têm regras sobre tamanho das plantas e sua disposição nos vasos
Aqui estão três exemplos dos vários estilos de iquebana. Em geral, as formas de flores, folhas e galhos representam três elementos principais: o céu, a terra e o homem. A “matéria-prima” usada também tem importantes significados. Folhas secas, por exemplo, podem representar o passado e botões de flor ainda por abrir, o futuro
Shoka
ALINHAMENTO MODERNO
Esse é um estilo relativamente moderno. Não é preciso seguir ângulos pré-determinados nas distâncias entre as flores e folhas. No entanto, é obrigatório que todas elas estejam alinhadas. Outra regra que precisa ser seguida é em relação ao espaço entre a primeira folha da flor e o nível da água, distância que deve ser do tamanho de um punho fechado.
Moribana
SIMPLICIDADE CLÁSSICA
É o estilo tradicional. Neste exemplo, as folhas de dracena bem inclinadas são o elemento principal e representam o homem. As demais folhas de dracena que acompanham o elemento principal representam o céu. Já a samambaia paulistinha faz o papel da terra. As folhas e flores devem seguir a mesma medida do elemento principal, com uma inclinação de 60 graus em relação a ele. O arranjo é montado numa base de metal chamada kenzan.
Estilo livre
CRIATIVIDADE TOTAL
É o mais novo de todos os estilos de iquebana, privilegiando a estética e a liberdade de criação. Os três elementos (homem, céu e terra) não são obrigatórios, nem há necessidade de se respeitarem medidas e proporções. As flores acompanham o formato do vaso, que também costuma ser bem moderno e diferente. Uma esponja é usada para fixar o arranjo e pedrinhas no fundo do vaso garantem o equilíbrio.
Na livraria:
Ikebana – Arte e Criação no Estilo Ikenobo – Kimiko Abe e Tokuko Kawamura, Aliança Cultural Brasil Japão, 1993
Na internet: