Não faz tanto tempo assim. O último grande meteoro se chocou contra um continente há 105 anos, provocando uma explosão com potência mil vezes maior que a da bomba de Hiroshima. Só não virou a maior tragédia da história humana porque ele caiu em um lugar desabitado, a região de Tunguska, na Sibéria (no norte da Rússia). As únicas vítimas da pancada espacial foram árvores. E põe árvore nisso: uma floresta de 2 mil quilômetros quadrados, uma área pouco maior que a da cidade de São Paulo, foi derrubada. Na verdade, o que aconteceu nesse evento não foi exatamente um impacto, já que a rocha explodiu a aproximadamente 5 quilômetros de altura. Os astrônomos estimam que esse bloco tinha mais ou menos 70 metros de diâmetro e, por ser tão grande e rápido, não resistiu ao atrito com a atmosfera e se incendiou ainda no ar.
Mas a natureza dele ainda é um mistério. Como o meteoro não deixou vestígios depois da explosão, os pesquisadores acham que a coisa não era uma pedra comum, daquelas que vêm de asteróides. A hipótese mais concreta é que ele fosse algo como um cometa. Como esse tipo de astro é feito basicamente de gelo e gases, isso explicaria a ausência de pistas concretas. Na história da Terra, pancadas como a de Tunguska foram relativamente comuns. Apesar de não existir registro de um impacto maior desde o começo da civilização, 10 mil anos atrás, acredita-se que essas trombadas aconteçam pelo menos uma vez por milênio. A maioria delas ocorre no mar, já que os oceanos cobrem 71% da superfície do planeta. Por isso, fique tranqüilo: a possibilidade de um objeto como o de Tunguska atingir uma cidade grande é de uma vez a cada milhão de anos.
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Trombada siberiana
Incidente em Tunguska, na Rússia, devastou 2 mil km² de florestas, mas não deixou vítimas humanas
1. Na manhã do dia 30 de junho de 1908, aconteceu um fenômeno único na história da humanidade: na região siberiana de Tunguska, na Rússia, explodiu um suposto cometa a 5 quilômetros da superfície, arrasando uma área de 2 mil quilômetros quadrados como se fosse uma megaexplosão nuclear
2. Como o suposto cometa explodiu a cerca de 5 quilômetros do chão, o evento não deixou uma cratera, mas a devastação foi geral. Dezenove anos depois da explosão, quando o lugar foi pesquisado por cientistas pela primeira vez, o cenário ainda era desolador: havia pouco além de uma grande clareira de pinheiros mortos
SOL DA MEIA-NOITE
Ao longo de algumas semanas após o incidente, uma estranha luz pairou sobre a região, deixando as noites mais claras. Algo sobrenatural? Nada disso: os gases soltos na hora da explosão se espalharam pela atmosfera, refletindo até Tunguska parte da luz solar dos lugares onde ainda estava de dia
SELVA DE PEDRA
O impacto derrubou todas as árvores que estavam a até 30 quilômetros do epicentro da explosão, deixando resquícios de incêndio. Toda a floresta ficou plana, em forma de círculo, com a raiz dos pinheiros carbonizados apontando para a origem da detonação
SOM E FÚRIA
A força do estouro rivaliza com a das bombas atômicas mais fortes já testadas até hoje: 15 megatons, mil vezes superior ao explosivo nuclear que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima, em 1945. Como o bólido pesava algo entre 100 mil e 1 milhão de toneladas e rasgou a atmosfera a pelo menos 100 mil km/h, o estrondo foi grandioso
LUZ ESTELAR
O jorro de luz parecia com o de uma estrela explodindo tanto que o clarão pôde ser visto a 800 quilômetros de distância. A onda de choque da explosão gerou ventos capazes de arremessar pessoas ao chão, mesmo que elas estivessem a mais de 100 quilômetros do lugar
Cacetadas memoráveis
Antes de a civilização existir, outros bólidos acertaram a Terra
CRATERA BARRINGER
Onde: Estados Unidos, 49 mil anos atrás
Diâmetro: 1 186 metros
Um meteoro de 40 metros caiu no Arizona milhares de anos antes de o Homo sapiens chegar à América. A erosão cobriu a cratera, que hoje tem 150 metros de profundidade
CRATERA DE WOLFE CREEK
Onde: Austrália, 300 mil anos atrás
Diâmetro: 875 metros
Essa é uma das poucas crateras ancestrais relativamente bem preservadas da erosão. Mesmo depois de 300 mil anos, o buraco possui hoje 50 metros de profundidade
CRATERA DE CHICXULUB
Onde: México, 65 milhões de anos atrás
Diâmetro: 170 quilômetros
Esse buraco gigantesco teria sido gerado pelo famoso meteoro de 15 quilômetros que acabou com os dinossauros. O lugar está enterrado e só aparece em mapas que rastreiam o campo magnético, como a imagem acima