Se a humanidade desaparecesse, qual espécie dominaria o mundo?
Não há consenso científico. Se estamos falando da quantidade de indivíduos, então os humanos perdem feio
ILUSTRA Eduardo Ferigato
Não há consenso científico. Não apenas porque é difícil imaginar um mundo sem a influência humana mas também porque o próprio conceito de “dominância” é subjetivo. Se estamos falando da quantidade de indivíduos, então os humanos perdem feio: somos superados em número por bactérias, protozoários e insetos, entre outros seres. Se o conceito diz respeito à presença no globo, também não somos tão dominantes assim, pois não estamos presentes em muitas regiões, como os polos e as profundezas do mar. E alguns animais possuem sistema de linguagem, estrutura social e inteligência muito sofisticado, capaz de colocar em xeque a nossa autoproclamada soberania.
DEMOCRACIA JÁ
Para a professora de zoologia do Instituto de Biologia da USP Alessandra Bizerra, se a humanidade desaparecesse, não haveria uma única espécie dominante. “Ocupamos diferentes ambientes e, com nichos vagos, é bem provável que eles fossem ocupados por diferentes espécies”, argumenta. Assim, cada animal seria soberano em seu habitat, vivendo em equilíbrio com os demais
ASCENSÃO DOS SÍMIOS
Usando argumentos científicos, Alan Weisman, autor do livro O Mundo sem Nós, defende que os babuínos são quem tem mais chance de nos substituir. O crânio desses primatas só perde em tamanho para o nosso, e o seu potencial intelectual ainda não é totalmente conhecido
MACACOS UNIDOS
Alguns primatas vivem em sociedades complexas, que admitem até níveis hierárquicos. Na nossa ausência, é possível que o potencial mental dos babuínos permita que eles comecem a usar ferramentas e tecnologias humanas. Experimentos em laboratório já demonstraram que eles são capazes de fazer operações matemáticas, jogar videogame e operar celulares
APOCALIPSE DAS MÁQUINAS
Para o diretor de engenharia do Google Ray Kurzweil, são as inteligências artificiais que vão substituir o ser humano. Segundo ele, a rápida evolução tecnológica permitirá que, num determinado momento, a inteligência de uma máquina seja superior à do homem. Essa ideia, chamada de teoria da singularidade, tem diversas datas previstas para virar realidade, como 2019, 2030 e 2045
DONOS DO PEDAÇO
Embora não se tornassem dominantes, algumas espécies iriam proliferar com a ausência humana. Árvores conseguiriam romper o asfalto do chão das grandes cidades e tomariam conta de todos os espaços. As aves e os insetos, por sua vez, seriam os grandes candidatos a invadir e ocupar os centros urbanos abandonados. Nossos gatos de estimação também se dariam bem, como exímios caçadores
HOMEM 2.0
As teorias de Kurzweil também apontam para um cenário em que a convivência entre humanos e máquinas possa ser pacífica. O aperfeiçoamento das nanotecnologias e dos órgãos artificiais poderá até mesmo elevar drasticamente a expectativa de vida do homem. Segundo ele, o futuro reserva possibilidades como a criação de próteses cerebrais com interfaces computadorizadasCuriosidade: Outros animais domesticados, como bois, porcos e vacas, seriam alvo fácil de predadores, e os piolhos, que dependem de nós para sobreviver, seriam extintos
PERGUNTA Jefferson Samagaia, Brusque, SC
CONSULTORIA Alessandra Bizerra, professora de zoologia do IB-USP
FONTES Sites Scientific American Brasil, MSN, LiveScience, American Thinker, G1, The Guardian