Timidez é genética?
Talvez seja. De acordo com pesquisas recentes, pelo menos 20% dos casos podem ter origem genética
ILUSTRA André Toma
Pode ser – pesquisadores acreditam que a genética é responsável por pelo menos 20% dos casos. Nos outros 80%, a causa é ambiental (veja abaixo). Mas a timidez não é considerada doença ou defeito. Ela só se torna um problema quando foge do controle e compromete a qualidade de vida do tímido. Por exemplo: quando o sujeito se recusa a comparecer a uma entrevista de emprego por medo, inibição ou vergonha. Nesses casos, ela passa a ser chamada de fobia social ou transtorno de ansiedade social. Tanto para a timidez de origem genética quanto para a de origem ambiental há tratamento. O mais indicado é a terapia comportamental, que consiste em treinar habilidades sociais específicas, como falar em público, puxar conversa com estranhos ou olhar nos olhos do interlocutor. No caso da fobia social, o médico também costuma prescrever antidepressivos.Tudo tem conserto: 70% das crianças tímidas tendem a se tornar mais expansivas até os 7 anos
TIMIDEZ DE CAUSA GENÉTICA
Um estudo da Universidade de Maryland mostra que o problema pode vir de uma mutação no gene 5-HTT, que transporta serotonina de um neurônio para o outro. Já outra pesquisa, da Universidade de Vanderbilt, mostra que o cérebro dos acanhados tem alterações em duas áreas: a amígdala e o hipocampo. Segundo um psicólogo de Harvard, a timidez genética se manifesta já nos primeiros dias de vida
TIMIDEZ DE CAUSA AMBIENTAL
A timidez pode ser fruto da convivência com pais rigorosos, que cobram muito dos filhos, ou negligentes, que raramente os elogiam. Com baixa autoestima, as crianças ficam suscetíveis a críticas, se sentem incapazes de conquistar algo sozinhas e têm pavor de rejeição. Situações estressantes, como a separação dos pais, ou traumáticas, como abuso sexual, também podem desencadear um perfil retraído
VOCÊ É TÍMIDO?
Se você tiver três ou mais destes sintomas e eles o incomodarem, considere procurar ajuda
– Quando está em público, sente a boca seca, rubor ou palidez, falta de ar e taquicardia ou transpira muito
– Sente insegurança e vergonha
– Tem medo de rejeição
– Tem baixa autoestima
– Gesticula pouco ou quase nada
– Evita olhar nos olhos
– Fala mais baixo que o habitual
– Sai pouco de casa e pratica poucas atividades
– Demora para se enturmar com grupos
PERGUNTA Matheus Santo Barreto, Casimiro de Abreu, RJ
CONSULTORIA Bernardo J. Carducci, diretor do Instituto de Pesquisa sobre Timidez da Universidade de Indiana; Jerome Kagan, professor de psicologia da Universidade de Harvard; Antônio Egídio Nardi, professor de psiquiatria do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro; e Leda Vasconcellos, fonoaudióloga e diretora da Clínica da Timidez e da Fobia Social