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9 perguntas e respostas sobre fertilidade

Entenda quais fatores ajudam ou atrapalham quem deseja ampliar a família

Por Luiza Guerim e Sílvia Lisboa, de Saúde
1 nov 2017, 20h34

 

A ciência assina embaixo: existem hábitos e atitudes que aumentam a fertilidade. Por isso, respondemos as principais dúvidas que pairam na cabeça dos casais quando pinta a vontade de ter filhos. Olha só:

1. Há momento e frequência certos para fazer o bebê?

Sim. É o que afirma um documento recém-publicado pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, que traz conselhos para elevar as chances de sucesso da concepção. A entidade recomenda respeitar a janela fértil e ter uma relação sexual por dia ou a cada dois nessa fase.

A janela fértil é o período de seis dias que se inicia, em média, duas semanas após a menstruação. Nele, ocorre um aumento do muco cervical, que funciona como substrato energético para o espermatozoide – incentivo e tanto para marcar o gol.

“No cenário ideal, a relação sexual deve ocorrer 24 a 36 horas antes da ovulação. Assim, quando a mulher ovular, o espermatozoide já está na trompa à espera do óvulo”, explica o ginecologista Alvaro Petracco, diretor do Fertilitat – Centro de Medicina Reprodutiva, em Porto Alegre.

2. A idade importa só para a mulher?

Não é por aí. Novos estudos começam a mudar a percepção de que o avanço dos anos pesa mais para elas. Uma pesquisa recente da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, indica que mulheres de 35 a 40 anos que tentam engravidar com homens da mesma idade obtêm êxito em 54% dos casos. Mas, quando os parceiros são mais novos, na casa dos 30 anos, as chances sobem para 70%.

Com o tempo, tanto a quantidade quanto a qualidade do esperma sofrem alterações. A mobilidade das células sexuais pode cair até 37% em homens de 50 anos. Hoje, a orientação é que o casal procure um especialista após seis meses de tentativas frustradas quando as velinhas da mulher somarem 40. A dica é não perder tempo. Com acompanhamento, aumentamos a taxa de sucesso.

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3. Testes para o período fértil valem a pena?

Sim. O mais certeiro mesmo é o exame de ultrassom. Existem, no entanto, métodos realizados em casa que também funcionam. Um deles mensura o hormônio luteinizante (LH). Por meio da urina, a mulher pode identificar um aumento do LH, que ocorre de 24 a 48 horas antes da ovulação – é o momento-chave para a fecundação.

Observar o muco cervical é outra possibilidade. No pico de fertilidade, a secreção fica mais volumosa, com tom claro e textura escorregadia. Há evidências de que as chances de concepção aumentam quase 30% nos dias em que se percebe esse tipo de líquido.

4. Lubrificantes vaginais não são indicados?

Melhor deixá-los na gaveta se a ideia é ter bebês. Já há um consenso de que eles não devem ser usados nessa fase. “Isso porque são tóxicos para o espermatozoide”, explica o ginecologista João Pedro Junqueira Caetano, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH). Um trabalho da Universidade do Texas, em solo americano, concluiu que lubrificantes à base de água inibiram de 60 a 100% a movimentação de espermatozoides no laboratório.

Géis, óleos especiais e saliva prejudicaram em 6,25%. Só o óleo mineral não causou danos. A recomendação é que casais com problemas de fertilidade não devem utilizar esses produtos.

5. Excesso de peso diminui as chances mesmo?

Sim. Ter uma boa fertilidade depende de um trabalho afinado da nossa orquestra hormonal. E a obesidade desregula essa sinfonia, além de criar um cenário inflamatório péssimo para os nossos gametas. São mudanças que afetam pra valer a ovulação e a quantidade e a qualidade do sêmen.

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“Homens com IMC acima de 35 têm uma probabilidade muito maior de ficar sem nenhum espermatozoide”, afirma Edson Borges, chefe do Departamento de Infertilidade da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Já as mulheres sofrem com menstruação irregular e maior risco de aborto espontâneo. Motivos extras para perder peso, não?

6. Atividade física ajuda pra valer?

Se for regular e moderada, sim. Além de reduzir o peso, suar a camisa aprimora a circulação, a oxigenação das células e o aproveitamento de glicose. Ponto para os óvulos e espermatozoides. Um experimento australiano com 67 mulheres obesas em tratamento para engravidar identificou que aquelas que passaram por um programa de seis meses de exercícios e reeducação alimentar apresentaram taxa de sucesso superior.

Só não pode se matar na academia! “Mulheres muito magras, anoréxicas ou maratonistas não têm muita gordura corporal. Só que os hormônios precisam dessa reserva. Sem ela, algumas até param de ovular”, diz o especialista em reprodução Marcio Coslovsky, da Clínica Primórdia, no Rio de Janeiro.

7. Anabolizante deixa os homens menos férteis?

Sim, senhor! E mulheres que fazem uso também sofrem consequências. Ao recorrer a anabolizantes à base de testosterona, os mais comuns, o corpo entende que há hormônio além da conta e cessa a produção natural. Os testículos param de fabricá-lo e, em ritmo de greve, deixam de gerar também os espermatozoides – atrofiam literalmente.

“Eles podem voltar ao normal, mas tudo vai depender das doses e do tempo de utilização”, esclarece Valter Javaroni, chefe do Departamento de Medicina Sexual e Infertilidade da SBU no Rio. E a ala feminina? “Na mulher, essas substâncias causam irregularidades no ciclo menstrual”, avisa.

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8. As DSTs se intrometem nessa história?

Com certeza. As principais vilãs são a clamídia, a gonorreia e a sífilis. As bactérias por trás dessas doenças sexualmente transmissíveis desgovernam a produção, o armazenamento e a trajetória dos gametas.

Na mulher, podem atacar as trompas, enquanto no homem inflamam o epidídimo, tubo localizado atrás do testículo que armazena e transporta os espermatozoides, ou o próprio testículo. A clamídia é uma das mais preocupantes, por não apresentar tantos sintomas. Daí a importância de um checkup anual a fim de flagrar e tratar as infecções a tempo de elas não afetarem a fertilidade do casal.

9. Há alimentos bons para a fertilidade?

Ingredientes específicos para ajudar a engravidar não passam de mito, segundo a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva. “Tem gente que diz que o vinho ajuda a engravidar, mas, na verdade, ele só desinibe as pessoas a ter mais atividade sexual”, exemplifica Caetano.

O que faria diferença é manter uma dieta equilibrada. A boa alimentação auxilia a evitar o estresse oxidativo, que causa danos às células. E o conselho é o mesmo dado para zelar pela saúde em geral: evite os produtos ultraprocessados e invista mais em frutas, verduras, grãos integrais e carnes magras. Até a próxima geração irá agradecer.

 

O que sabota a fertilidade pra valer

Abuso de álcool
Quem bebe demais vê a ameaça de infertilidade crescer 60%.

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Obesidade
Dobra o tempo para a mulher conseguir engravidar.

Muita cafeína
Exagerar no café e em energéticos reduz a fecundidade em 45%.

Cigarro
Aumenta a propensão à infertilidade em cerca de 60%.

Agentes tóxicos
Solventes e outros materiais agravam o problema em 40%.

Drogas
Substâncias ilícitas elevam o risco de dificuldades em 70%.

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As principais causas de infertilidade

Nas mulheres
Inflamação da pelve: consequência de infecções bacterianas, como a clamídia, chega a comprometer os órgãos reprodutivos.
Endometriose: o extravasamento do tecido do útero pode levar a bloqueios na trompa, impedindo a fecundação.
Problemas de ovulação: distúrbios hormonais, envelhecimento e estilo de vida desequilibrado estão por trás deles.

Nos homens
Varicocele: doença, que provoca dilatação das veias dos testículos, afeta com frequência a qualidade do sêmen.
Infecções: podem interferir com a produção e a passagem do esperma. As principais são a gonorreia e a clamídia.
Azoospermia: refere-se à ausência de espermatozoides no sêmen. Atinge cerca de 20% dos homens inférteis.

Quando o médico entra em cena

Estimulação ovariana
Remédios induzem a mulher a liberar mais de um óvulo em um ciclo menstrual, o que facilita a concepção.

Inseminação artificial
Espermatozoides são implantados já no útero para abreviar a viagem até o óvulo e aumentar a taxa de sucesso.

Fertilização in vitro
Óvulos são fecundados pelos espermatozoides em laboratório. Daí o embrião pode ser implantado no útero.

Injeção intracito-plasmática
Usada quando há poucas células sexuais. Em laboratório, o espermatozoide é injetado direto no óvulo.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Saúde

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