Relâmpago: Revista em casa a partir de 10,99

A feijoada foi mesmo criada pelos escravos?

Há variações do prato em vários países – ou seja, é provável que a preparação não tenha sido originada nos tempos do Brasil Colônia

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 set 2018, 16h40 - Publicado em 18 mar 2011, 22h00

A história do Brasil está cheia de passagens mal contadas. Nem a origem da feijoada escapa. Reza a lenda que, nos tempos coloniais, os escravos criaram o prato aproveitando as sobras de comida da casa-grande, que incluíam partes descartadas do porco, como pés, orelhas e rabo. Uma explicação bem novelesca, com jeitão de Escrava Isaura, mas completamente falsa.

“Naquele tempo, essas partes do animal nem eram consideradas menos nobres. Cabeças, rabos e patas eram disputados como iguarias, até porque a carne não era alimento comum nem na mesa dos senhores”, diz Paula Pinto e Silva, autora do livro Farinha, Feijão e Carne-Seca – Um Tripé Culinário no Brasil Colônia.

Bem mais provável é que a feijoada seja uma adaptação local do cozido português – na Europa da época, surgiram outros pratos juntando carnes variadas e feijão (só que branco), como também é o caso do cassoulet, originário da França. “Em diversos países, encontram-se variações da receita em que vários ingredientes são cozidos na mesma panela. Os séculos 16 a 18 foram marcados pela escassez de alimentos: não podia haver desperdício”, diz Paula. Os acompanhamentos da feijoada servidos hoje – arroz branco, farofa, couve refogada e laranja – só foram incorporados muito mais tarde, provavelmente no século 19.

A bem da verdade, a dieta dos escravos nem era tão diferente da dos senhores. A alimentação no Brasil colonial era muito pobre, em razão da agricultura e do transporte bastante deficientes e do alto preço dos produtos vindos de Portugal. E os donos do poder não podiam deixar os escravos à míngua, ou eles não teriam forças para trabalhar. Assim, ricos e pobres comiam basicamente a mesma coisa: um angu feito de farinha de mandioca e água, carne-seca, feijão, milho e algumas frutas, como coco e banana.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.