Adrenalina: Lutar ou amarelar
Em momentos de tensão, entra em cena um hormônio chamado adrenalina, que prepara o seu corpo para enfrentar o desafio ou cair fora.
Xavier Bartaburu
Você está andando pela rua, calmo e sossegado. De repente, aparece na sua frente um cão feroz, arreganhando os dentes em sua direção. Antes de você pensar no que fazer, seu cérebro já está preparando o corpo para reagir. Um suprimento de hormônios de emergência é descarregado no organismo. O mais importante deles é a adrenalina. Produzida pelas glândulas supra-renais, a adrenalina é lançada no sangue, provocando uma série de mudanças destinadas a deixar o corpo em condições de enfrentar o perigo ou fugir dele.
Quando o ser humano vivia em cavernas, precisava de um estímulo físico para caçar a própria comida – e correr para não virar comida das feras. A adrenalina tinha uma função vital. Hoje em dia, ela pode ser prejudicial. Os momentos de tensão, atualmente, ocorrem quando você está, por exemplo, no trabalho, diante do seu chefe. Como você não pode pular no pescoço dele nem sair correndo, toda a cadeia de reações bioquímicas iniciada para lidar com o “perigo” deixa de ser usada como deveria. É o estresse. “Em situações tensas, o aumento de adrenalina pode ser modesto, mas quando isso ocorre de forma continuada, é um problema”, alerta o endocrinologista Cláudio Elias Kater, professor da Universidade Federal de São Paulo.
Risco máximo
A produção de adrenalina sobe a níveis altíssimos em alguns esportes perigosos e muito competitivos, como o motociclismo (foto). Outro hormônio produzido pelas glândulas supra-renais, o cortisol, chega a aumentar vinte vezes nessas circunstâncias. Ele retira aminoácidos estocados nos músculos, permitindo a sua utilização pelo fígado na produção de glicose
Em guarda!
Veja o que acontece toda vez que o seu sangue recebe uma dose extra de adrenalina.
1. A pupila se dilata, aguçando a percepção visual.
2. Os vasos sangüíneos se contraem, tornando a pele mais pálida. No caso de ferimento, o corpo perde menos sangue.
3. Os músculos se tensionam, prontos para qualquer ação de emergência.
4. A transpiração aumenta, para que o corpo se mantenha frio.
5. A respiração se torna mais profunda e mais rápida, a fim de aumentar a captação do oxigênio necessário ao trabalho dos músculos.
6. O coração bate rápido e forte, para aumentar o fluxo de sangue aos órgãos vitais, em especial ao cérebro. A pressão arterial aumenta.
7. O ritmo da digestão diminui, pois o sangue utilizado por ela está sendo requisitado por outras partes do corpo.
Quem sabe é super
As glândulas supra-renais fabricam, entre outros hormônios, a noradrenalina, que aumenta a pressão arterial. Por isso, emoções muito fortes podem causar um infarto em pessoas propensas a ataques cardíacos.
Medo de araque
Por mais que você saiba que o risco de acidente é pequeno, não há como evitar o medo num carrinho de montanha-russa. O brinquedo simula uma situação de perigo, provocando uma descarga de adrenalina, o hormônio do alerta, na sua corrente sangüínea. Quando o cérebro percebe que não há motivo para se preocupar, o mecanismo de defesa já está em funcionamento. O coração disparou e você está suando frio. O que dá prazer numa montanha-russa é essa mistura entre o medo e o alívio de saber que não há motivo para sentir medo.
Como vai o seu estresse?
Para medir a quantidade de tensão na vida cotidiana, dois médicos norte-americanos da Washington School of Medicine criaram, em 1967, uma escala de valores numéricos relacionados com situações estressantes. Veja os principais itens da tabela, que vai de 0 a 100.
Morte do cônjuge
100
Divórcio
73
Morte de parente próximo
63
Acidente ou doença
53
Perda do emprego
47
Dificuldades sexuais
39
Morte de amigo próximo
37
Mudança de setor no trabalho
36
Brigas conjugais
36
Início ou conclusão de curso universitário
26
Mudança de casa
20
Mudança de escola
20
Mudança na dieta alimentar
15
Período de festas natalinas
12
Pequena infração à lei
11