Automobilismo:assim caminha a F-1
Depois vieram grandes sacadas de aero-dinâmica, motores estupidamente poderosos, componentes eletrônicos que quase dirigiam o carro sozinhos... Até tur-bina de avião na rabeta já rolou. Olha só.
Reportagem: Bruno Garatton
A maior categoria do automobilismo chega à 56ª temporada. E já viu de tudo. No começo, era um um volante, um motorzão e quase nada mais. Depois vieram grandes sacadas de aero-dinâmica, motores estupidamente poderosos, componentes eletrônicos que quase dirigiam o carro sozinhos… Até tur-bina de avião na rabeta já rolou. Olha só.
Alfa Romeo 158 (1950)
Um típico “charutão”, com um grande motor na frente e nenhuma segurança. Era muito potente, mas devorava gasolina, exigindo muitos pit stops. O carro, diz a lenda, ficou escondido numa fábrica de queijo durante a Segunda Guerra.
Motor – Alfa de 8 cilindros em linha, 1,5 litro, 350 cavalos.
Lotus Ford 49B (1968)
Inaugurou o uso do aerofólio. Esse aí pode parecer ridículo, mas o princípio é o mesmo de hoje: empurrar as rodas traseiras para baixo, “colando” os pneus no chão. Primeiro a ganhar um título mundial com o motor Cosworth DFV, que até hoje é o propulsor que mais venceu.
Motor – Cosworth V8, 3 litros, 420 cavalos.
Tyrrel P34 (1976)
Para conter a decadência, a Tyrrel projetou um carro com 6 rodas – 4 esterçáveis, na frente, e duas fixas, atrás. A vantagem? Melhor aerodinâmica, pois os pneus menores bloqueavam menos o ar, e mais aderência. Acabou proibido pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA).
Motor – Cosworth V8, 3 litros, 465 cavalos.
Renault RS11 (1979)
Primeira vitória de um motor turbo – um V6 que enfrentava com coragem o V12. Idéia simples, mas engenhosa: uma turbina joga ar nas câmaras de combustão. Quanto mais oxigênio, mais forte são as explosões do motor. E a potência aumenta.
Motor – Renault V6 turbo, 1,5 litro, 510 cavalos.
MC Laren MP4/4 (1988)
A FIA limitou a potência do turbo, mas a Honda driblou o regulamento e inventou um jeito de aumentar a velocidade do ar no motor – na prática ele conseguia andar com turbo no talo. Não deu outra – o MP4/4 ganhou 15 das 16 corridas, um recorde.
Motor – Honda V6 turbo, 1,5 litro, 850 cavalos.
Williams FW-14B (1992)
O motor Renault V10 e a gasolina superaditivada Elf, que seria proibida, eram imbatíveis. Mas o segredo do carro era outro: suspensão ativa, controle de tração e freios ABS. O FW–14B era tão bom que fez Alain Prost voltar da aposentadoria para buscar seu 4º título na Willians, em 93.
Motor – Renault V10 aspirado, 3,5 litros, 750 cavalos.
Renault R 26 (2006)
Para controlar os gastos com tecnologia, a FIA mandou baixar a potência dos motores em pelo menos 20%. A Renault respondeu com uma aerodinâmica revolucionária. O modelo tem 12 defletores laterais de ar, tudo para grudar o carro no chão e aproveitar cada grãozinho de potência dos novos V8.
Motor – Renault V8 aspirado, 2,4 litros, 650 a 700 cavalos.
Cooper Climax J51 (1959)
Primeiro carro de motor traseiro a ganhar o título mundial. Tinha pouca potência (40 cavalos menos que a Ferrari V6), mas o que perdia na reta, ganhava ao virar o volante: o motor atrás deixava o carro equilibrado, com ótima estabilidade na curva.
Motor – Climax de 4 cilindros, 2,5 litros, 240 cavalos.
Lotus 56 B (1971)
Engenheiro aeronáutico, Colin Chapman fez jus à sua formação acadêmica: colocou no carro uma turbina da Pratt & Whitney, que faz jatos de avião. O problema é que ele tinha de frear bem antes dos outros para entrar nas curvas. Foi um baita fiasco.
Motor – Turbina Pratt & Whitney de 500 cavalos.
Lotus 78 (1977)
Pioneiro do efeito-solo, com o assoalho que imita uma asa de cabeça para baixo. O carro faz o oposto do avião: em vez de decolar, prega no chão. Isso permitia aos pilotos fazer curvas em velocidades dignas de reta. O único problema: o carro tendia a decolar quando dava qualquer solavanco.
Motor – Cosworth V8, 3 litros, 470 cavalos.
Brabham B J 52 (1983)
Primeiro turbo da história a ser campeão, com o brasileiro Nelson Piquet. Construído pela BMW, o propulsor era incrivelmente potente: segundo Piquet, o motor de classificação, feito pra durar poucas voltas, chegava a “quase 1 000 cavalos”.
Motor – BMW 4 cilindros turbo, 1,5 litro, 640 cavalos.
Ferrari 640 (1989)
Estreou o câmbio semi-automático, em que a troca de marchas é feita no volante. Aerodinamicamente, também era ousado, com radiadores ovais que lhe renderam, na Itália, o carinhoso apelido de “pata”. Os resultados fizeram jus ao apelido.
Motor – Ferrari V12 aspirado, 3,5 litros, 715 cavalos.
Ferrari F2004 (2004)
Ápice do casamento entre Schumacher e Ferrari, marcou mais pontos do que a vice-campeã e a 3º colocada somadas. Entre os segredos, suspensão com amortecedores rotativos, que tinham uma “rodinha” para deslocar o óleo.
Motor – Ferrari V10 aspirado, 3 litros, 880 cavalos.