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A câmera inteligente, o olho

Ele faz o foco sozinho, regula a luz que entra e dispensa o flash. Não, não é uma máquina fotográfica digital. É o seu olho.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h38 - Publicado em 1 jun 1998, 22h00

Claudio Angelo

Uma bola de 24 milímetros de diâmetro com um buraquinho no meio e uma camada de pigmento no fundo. O olho humano é basicamente isso, por mais que os poetas digam o contrário. Seu funcionamento obedece aos mesmos princípios da Física que regem as máquinas fotográficas. Raios de luz emitidos pelos objetos entram pelo buraquinho, atravessam a bola e se cruzam, gravando uma imagem invertida na camada de pigmento.

Mesmo com uma estrutura tão simples, o olho ainda supera qualquer câmera. Ele capta as mais sutis variações de luz e cor, foca imagens com rapidez surpreendente e – coisa que as máquinas ainda estão bem longe de fazer – enxerga em três dimensões.

Enquanto você descansa lendo esta revista, seu olho realiza um trabalho frenético: três pares de músculos estão o tempo todo em ação sem que você perceba, movimentando os globos oculares cerca de 40 vezes por segundo. Enquanto isso, as glândulas lacrimais produzem um líquido que evita o secamento do olho, e as pálpebras piscam 24 vezes a cada minuto, espalhando as lágrimas pela sua superfície.

A luz que atravessa o olho tem um destino certo, lá no fundo do globo ocular: a retina, uma rede de células nervosas sensíveis à luz, chamadas bastonetes e cones. A retina está para o olho como o filme para a câmera. Os cones, responsáveis pela visão de cores, concentram-se num lugar da retina chamado centro visual. Para fazer com que a luz se concentre nesse minúsculo espaço, entram em ação as lentes do olho: a córnea, na superfície, e o cristalino, logo atrás. A córnea é rígida e o cristalino, flexível. A imagem chega invertida à retina, estimula os cones e os bastonetes e é despachada para a revelação, que será feita no córtex occipital, o laboratório do cérebro.

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Menininha esperta

A pupila – bonequinha, em latim – regula a quantidade de luz que atinge a retina. Quando você está na praia num dia de sol, sua pupila se contrai e fica com 1,5 milímetro de diâmetro. No escuro, ela é sete vezes maior. A pupila também é chamada de menina dos olhos porque reflete uma imagem reduzida da pessoa para a qual se está olhando.

O olho por dentro

O itinerário da luz no globo ocular.
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1. JANELA TRANSPARENTE

A luz chega aos olhos pela córnea, uma membrana transparente que recobre a parte externa do olho. Devido a sua curvatura, a córnea funciona como uma lente poderosa, fazendo a luz convergir para dentro do olho.

2. PRESSÃO TOTAL

Para manter a curvatura da córnea, o olho produz um líquido muito parecido com o plasma sangüíneo, chamado humor aquoso. O líquido também age como filtro, limitando o efeito nocivo dos raios infravermelhos e ultravioletas emitidos pelo sol.

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3. BONITA E FUNCIONAL

A íris não está lá só pelas suas belas cores. Ela funciona como uma persiana, regulando a quantidade de iluminação que entra. Suas fibras musculares se contraem ou relaxam de acordo com a quantidade de luz no ambiente.

4. ONDE SE FAZ O FOCO

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Após passar pela pupila, a luz atinge o cristalino, a chamada lente do olho. Ele permite que você veja objetos próximos ou distantes sem perder o foco.

5. O FILME DA MÁQUINA

Depois de atravessar o cristalino, o impulso luminoso chega invertido à retina, a camada sensível à luz que fica no fundo do olho. Essa pequena rede de células nervosas cobre dois terços do globo ocular.

6. O ALVO DA IMAGEM

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As imagens se formam em toda a retina, mas é na mácula, o centro de visão, que está o maior número de cones. As imagens que se formam nela são mais nítidas.

7. O CAMINHO DO LABORATÓRIO

Os axônios (uma parte das células nervosas) da retina juntam-se num feixe que conduz os sinais luminosos ao cérebro, codificados na forma de impulsos elétricos. É o nervo ótico.

Um tapete para a luz

Toda a luz que bate na retina atinge as células receptoras – os cones e os bastonetes. Essas células contêm pigmentos que reagem quando atingidos pela luz. Há, em média, 125 milhões de bastonetes em cada olho, espalhados pela periferia da retina. Essas células, em forma de espaguete, são cegas para cores e trabalham quando você está no escuro. Os cones são bem mais raros: só há 7 milhões deles, quase todos concentrados na mácula. Cada um dos três tipos de cones contém um pigmento sensível ao azul, vermelho ou verde.

Quem sabe é super

Um adulto pisca, em média, 24 vezes por minuto. Considerando que o tempo médio de uma piscada é de 50 milésimos de segundo, a cada ano você passa cerca de sete horas sem enxergar devido às piscadelas.

O tubarão possui uma camada de células refletoras no fundo do olho. Essa estrutura dobra a capacidade desse peixe de enxergar no escuro

A mosca tem milhares de olhos minúsculos espalhados pelo corpo, que lhe dão uma visão de 360 graus. Mas só enxerga claro e escuro

A águia tem dois centros de visão em cada olho, além de uma percepção de cores maior que a nossa. Ela pode olhar para a frente e para o chão ao mesmo tempo

Como os bichos vêem

Há espécies com superpoderes nos olhos.

O sistema visual dos humanos é fantástico, mas alguns animais possuem poderes de dar inveja ao Super-homem. Nosso ângulo de visão é restrito e somos incapazes de ver muito longe. Mas há alguns pontos em que o homem leva vantagem. Sua visão em três dimensões é maior do que a de qualquer outra espécie. Sua acuidade visual, a capacidade de distinguir dois pontos muito próximos um do outro, também é a mais desenvolvida. Na imagem acima, você percebe os pontos separados, enquanto um cachorro provavelmente veria apenas um olho.

A melhor lente do mundo

Do tamanho de uma ervilha, o cristalino é a lente de foco mais preciso que já se criou. Feito de fibras de células fortemente unidas, ele é cercado de um anel de músculos que o comprimem, arredondando-o, quando se olha alguma coisa de perto. Quando você vê de longe, os músculos se relaxam, deixando o cristalino esticado. No desenho, ele está em posição intermediária

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