Namorados: Revista em casa a partir de 9,90

Cientistas testam “curativo inteligente” para monitorar e cicatrizar feridas

Ele pode liberar remédios e dar pequenos estímulos elétricos – tudo controlado à distância. Entenda como esse protótipo funciona.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 29 mar 2023, 19h40 - Publicado em 29 mar 2023, 19h39

Quando você se machuca com uma faca cortando cebola, dói – mas o ferimento, caso não seja muito profundo, cicatriza rapidinho.

Mas não é sempre assim. As chamadas feridas crônicas demoram muito a cicatrizar – às vezes, sem o tratamento adequado, mal cicatrizam. É o caso de feridas cirúrgicas, queimaduras graves e úlceras, como as causadas por diabetes. No Brasil, estima-se que cinco milhões de pessoas vivam com feridas crônicas.

Recentemente, um grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) desenvolveu um equipamento que pode, no futuro, ajudar a resolver esse problema. Trata-se do protótipo de um “curativo inteligente”: um sistema bioeletrônico que monitora continuamente as condiçõs da ferida e realiza tratamentos não invasivos para ajudar na cicatrização.

“As feridas crônicas que não cicatrizam são uma das principais complicações clínicas de rápido crescimento em todo o mundo”, escrevem os cientistas em seu artigo, publicado na revista Science Advances. “As terapias atuais costumam requerer intervenções cirúrgicas emergentes, enquanto o abuso e a aplicação incorreta de drogas terapêuticas geralmente levam a um aumento da taxa de morbidade e mortalidade.”

Como funciona o curativo?

O dispositivo tem duas partes: uma placa de circuito flexível reutilizável e um adesivo descartável. Esse adesivo contém biossensores, eletrodos e hidrogéis com medicamentos.

Continua após a publicidade

Os biossensores monitoram características da ferida, como a temperatura, pH e níveis de glicose, ácido úrico e lactato. É importante analisar esses fatores para saber se há infecção e qual o nível de inflamação.

O dispositivo também permite a aplicação de estímulos elétricos. Essa técnica, que geralmente precisa de grandes equipamentos, pode acelerar a cicatrização. O curativo consegue ainda fazer a liberação controlada de anti-inflamatórios e antibióticos. “Todos os sinais podem ser enviados sem fio de um computador ou celular”, diz Wei Gao, co-autor do estudo.

Zoom no patch mostrando que é do tamanho da ponta do dedo.
O curativo é composto de um circuito e uma parte descartável, que contém mecanismos necessários para realizar tratamentos remotamente. (Caltech/Divulgação)
Continua após a publicidade

O estudo – e os próximos passos

A equipe testou os curativos em machucados de camundongos e ratos diabéticos antes e depois da infecção. Os dispositivos se mostraram eficazes em detectar características como temperatura, níveis de glicose e pH do fluido da ferida.

As cobaias que receberam os medicamentos e estímulos elétricos apresentaram taxas mais altas feridas fechadas e menos cicatrizes do que camundongos que não tiveram esse tratamento.

Os custos de produção da parte eletrônica reutilizável do dispositivo seriam de dezenas de dólares, e menos ainda para o adesivo descartável, segundo os pesquisadores. O curativo poderia ser usado por uma a duas semanas.

Continua após a publicidade

Segundo os pesquisadores, o curativo custaria não mais do que “algumas dezenas de dólares”, e que ele poderia durar de uma a duas semanas. Mas é claro: ainda será necessário mais trabalho, incluindo aí testes em humanos. A expectativa dos cientistas é que os dispositivos sejam usados em clínicas na próxima década.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA RELÂMPAGO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.