Comprimido-baiacu: cápsula fica 100 vezes maior dentro da barriga
Conversamos com o inventor da novidade, feita para tratar gastrite – e, quem sabe, substituir os balões gástricos de emagrecimento no futuro.
O que você pensa quando vê um baiacu? Xuanhe Zhao, engenheiro mecânico do MIT, teve uma epifania. Especialista em hidrogel, ele criou uma cápsula capaz de monitorar a saúde do estômago por longos períodos, sem ser destruída pelos ácidos estomacais nem causar desconforto ao paciente.
O que motivou você a desenvolver a cápsula-baiacu?
Existe uma demanda na medicina para criar dispositivos ingeríveis melhores. Quando estamos falando em um comprimido que precise passar muito tempo no estômago, liberando remédios ou monitorando temperatura ou acidez, o que você geralmente tem são eletrônicos feitos de materiais rígidos como plástico, ou cerâmica, que incomodam ao passar pelo trato gastrointestinal, e podem até machucar a mucosa. Eu trabalho com hidrogel – e sempre achei que seria uma boa alternativa. O problema é que hidrogéis naturais, como a gelatina, são facilmente digeríveis pelo organismo.
Como foi que o peixe se tornou inspiração?
Vimos, no YouTube, um baiacu expandir muitas vezes o seu tamanho, sem que a sua pele perdesse elasticidade ou resistência. Nos inspiramos nisso para desenvolver um material que suportasse o ambiente gástrico cáustrico, cheio de movimentos cíclicos e contrações, e que também conseguisse se expandir para permanecer no estômago sem ser expelido.
Como vai funcionar o uso do comprimido?
Quando chega ao estômago, a interação da cápsula com o ácido estomacal faz com que ele aumente cem vezes de tamanho em 15 minutos. Lá, imaginamos que ele possa liberar medimentos ou até agir como balão gástrico, para passar a sensação de saciedade e promover emagrecimento. Quando não for mais necessário, o comprimido pode ser expelido. O paciente só precisa beber uma solução concentrada de cálcio, que não faz mal ao organismo, e o aparelho volta ao tamanho original.