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Copa na África

E outro na Ásia, na América e na Europa. Conheça as incríveis histórias da diversidade cultural na Copa.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h13 - Publicado em 31 dez 2005, 22h00

Marcelo Orozco

Copa de 1974. O Zaire, primeiro país da África negra a disputar o Mundial, enfrenta o Brasil. Aos 32 minutos do 2º tempo, uma falta perto da área zairense. O árbitro arruma a barreira do time de camisa verde que estampa uma cabeça de leopardo enorme no peito. Quando ele apita, o zagueiro Ilunga Mwepu sai correndo da barreira, se adianta a Rivellino, enche o pé e manda a bola longe para espantar o perigo. Mwepu acreditava ser um herói. Pouco depois, a realidade: como cobrança de falta não é questão de quem saca mais rápido, o zairense recebeu o cartão amarelo.

O lance tornou-se símbolo das diferenças culturais que se manifestaram nas copas, competição com países de diferentes níveis de desenvolvimento. Diferenças, é verdade, cada vez menores com a globalização e o intercâmbio futebolístico. Em 1974, porém, quando o primeiro mundo da bola se resumia à Europa e à América do Sul, africanos e asiáticos eram coadjuvantes exóticos.

Um jogo antes da lambança contra o Brasil, Mwepu também demonstrou desconhecer que não podia chutar… a perna do árbitro! Na derrota de 9 a 0 para a Iugoslávia, desferiu um pontapé contra o juiz que, confuso, expulsou outro jogador, Ndaye. Desinformado, porém honesto, Mwepu protestou: “Não foi ele, fui eu.” Não adiantou.

O Zaire, nome que a atual República Democrática do Congo teve entre 1971 e 1997, durante a ditadura de Mobutu Sese Seko, também contribuiu para o folclore com uma visita de feiticeiros enviados para “fechar o corpo” da seleção e pela peculiar maneira de financiamento do esporte: um imposto que pagaria a viagem da seleção à Alemanha – com coletores pilhando a população pobre e, claro, não repassando nada para o time. Já na copa, os enviados da ditadura embolsaram a verba da Fifa para os jogadores. O time descobriu a trapaça antes do tal jogo com a Iugoslávia e ameaçou uma greve. Acabou indo a campo apenas para tomar a goleada e receber uma sutil ameaça de Mobutu: se perdesse de mais de 4 a 0 para o Brasil, seu retorno e sua integridade física não estariam garantidos. A equipe perdeu só por 3 a 0. E pôde voltar ao Zaire com vida.

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Clínica de reabilitação

Nem suspensão nem tratamento. A ditadura de Jean-Claude “Baby Doc” Duvalier no Haiti tinha idéias diferentes da Fifa para punir o doping. Assim que foi provado que Ernest Jean-Joseph jogou sob efeito de efedrina em 1974 (o primeiro doping oficial de todas as copas), os capangas do ditador seqüestraram o infrator na concentração e deram-lhe uma surra. Levado de avião para o Haiti, Jean-Joseph ficou preso por dois anos, apenas por manchar o nome do país no exterior.

Política da má vizinhança

Esqueça Brasil x Argentina. A rivalidade mais beligerante do futebol é entre Holanda e Alemanha. A rixa, motivada pela lembrança da invasão nazista à Holanda na Segunda Guerra e pela suposta arrogância dos jogadores alemães, chegou ao auge nas quartas-de-final da copa de 1990. Um bate-boca culminou com 3 cusparadas do quase sempre calmo Rijkaard no rosto do alemão Völler. Pouco, perto dos conflitos abertos entre cidadãos na fronteira dos dois países, antes e depois da partida.

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Que rojão, que nada

Batucadas, cornetas, rojões. O técnico brasileiro Jorge Vieira poderia esperar qualquer tipo de comemoração quando classificou o Iraque para a copa de 1986. Só não esperava uma festa à moda de Saddam Hussein. O ditador levou Vieira para saudar o povo na sacada do palácio presidencial. Lá, Saddam sacou seu rifle de estimação e deu tiros para o ar. Coincidência ou não, Jorge Vieira deixou o cargo e não foi à copa.

Seleção pé no chão

Premiada com a desistência de todos os inscritos para as eliminatórias asiáticas da copa de 1950, a Índia abriu mão da vaga por causa dos hábitos de seus jogadores: além de disputar partidas com menos de 90 minutos, eles iam a campo descalços ou, no máximo, com bandagens nos pés. Como a Fifa exigiu o uso de chuteiras (coisa que não precisaram fazer na Olimpíada de 1948), os indianos desistiram do Mundial. Nos anos seguintes, se adaptariam às regras. Mas, calçados, nunca se classificaram a copa.

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Frase

“Comunismo x Alcoolismo”

Faixa exposta pela beberrona torcida da Escócia para ressaltar sua divergência filosófica com a União Soviética durante a partida entre os dois países na copa de 1982. Em campo, o duelo entre política e boêmia acabou em empate: 2 a 2.

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