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Covid-19: Cientistas da NASA desenvolvem ventilador em 37 dias

O equipamento é feito com menos peças do que os ventiladores tradicionais, sua manutenção é mais simples e ele pode ser instalado em hospitais de campanha.

Por Carolina Fioratti
28 abr 2020, 18h02

Nem só de construir foguetes vivem os engenheiros da NASA. A agência espacial redirecionou o foco de parte dos engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, no sul da Califórnia, para projetar ventiladores mecânicos, usados no tratamento de vítimas do novo coronavírus. 

O resultado foi batizado com a sigla Vital (ventilator intervention technology accessible locally, em português, “tecnologia de intervenção de ventilador acessível localmente”). Obviamente o vocabulário não precisaria ser tão complicada, mas aí as palavras não formariam um acrônimo da palavra “vital”. 

A Vital foi testada na Escola de Medicina Icahn do hospital Monte Sinai, em Nova York, e se saiu muito bem. Agora, os cientistas pediram à agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país uma autorização de uso emergencial para que os aparelhos comecem a ser utilizados em outros hospitais, que estão sofrendo com a superlotação. 

SI_Ventilador_Nasa_1
(NASA/JPL-Caltech/Divulgação)

A equipe trabalhou sem folga durante 37 dias para chegar no resultado final. O protótipo funciona da mesma forma que os ventiladores convencionais: o paciente é sedado e então uma mangueira de oxigênio é colocada em suas vias aéreas..

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A diferença entre os aparelhos está, principalmente, na montagem. O Vital pode ser construído de forma mais rápida e com menos peças, todas disponíveis no mercado atualmente. Também conta com design flexível que permite levar o aparelho para qualquer lugar em que o tratamento esteja sendo feito, como em hospitais de campanha construídos em estádios, quadras, escolas etc. 

Além disso, diferente dos ventiladores tradicionais, que são usados para vários tipos de emergência, o Vital é pensado especificamente para as vítimas da Covid-19, oferecendo oxigênio a pressões mais altas que o comum.

A ideia é usá-la em pacientes que já estão sintomas graves, mas que ainda não chegaram ao estágio mais avançado da doença, liberando os ventiladores convencionais para quem corre risco de morrer. Um Vital dura, em média, quatro meses, enquanto os respiradores que já existem no mercado têm vida útil de anos. Ou seja: ele é uma solução de emergência.

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“Somos especializados em naves espaciais, não na fabricação de dispositivos médicos”, disse em comunicado o diretor do JPL, Michael Watkins. “Mas, engenharia excelente, testes rigorosos e prototipagem rápida são algumas de nossas especialidades. Quando as pessoas da JPL perceberam que poderiam apoiar a comunidade médica e a comunidade em geral, eles sentiram que era seu dever compartilhar sua engenhosidade, experiência e motivação.”

Não pense que a NASA é a única nessa caminhada. Diversas universidades ao redor do mundo estão se mobilizando para ajudar no desenvolvimento de equipamentos durante a pandemia. Até mesmo a Mercedes (sim, a fabricante de carros) entrou na corrida, como já escrevemos aqui.

Na última semana, um ventilador pulmonar emergencial desenvolvido pela Escola Politécnica da USP também foi aprovado para uso. O equipamento chamado Inspire pode ser produzido em até duas horas e custa 15 vezes menos do que os aparelhos convencionais disponíveis no mercado. O próximo passo é a obtenção de autorização pela Anvisa para que possam ser utilizados no Brasil. Em breve, o mundo todo poderá respirar aliviado. 

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