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E se ninguém ficasse bêbado?

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h31 - Publicado em 21 jun 2011, 22h00

Bruna Maia e Rodrigo Rocha

Beber, cair e, sim, levantar. Porque a ressaca estaria demitida de nossa vida. O dia seguinte à bebedeira não teria sobe e desce no estômago, cabeça latejando nem aquele sono de dar vergonha na firma. Só restaria uma secura na boca, porque álcool acaba com a hidratação do corpo. E, com o tempo, algumas marcas no fígado, que seguiria suscetível aos efeitos da birita. Mas isso para quem continuasse a consumir álcool. “As bebidas alcoólicas atraem as pessoas principalmente pelo relaxamento e pela extroversão que proporcionam”, diz Paul Roman, pesquisador do departamento de sociologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, e especialista no estudo do alcoolismo. Sem o efeito do pilequinho, o álcool competiria de igual para igual com sucos, refrigerantes e outras bebidas em quesitos como gosto e refrescância. E você talvez preferisse trocar a vodca por água de coco no boteco. “A vinicultura, por exemplo, só se desenvolveu porque a bebida levava a um estado de consciência que permitia às pessoas se soltar, debater ideias. Não pelo aroma ou pelo gosto”, diz a enóloga Alexandra Corvo. Com todo mundo eternamente sóbrio, happy hours não prejudicariam nem a imagem nem o desempenho de ninguém. Hoje o consumo de álcool afeta a concentração de 15% dos trabalhadores nos EUA, seja porque esse pessoal aparece bêbado na firma, chega de ressaca ou toma aquele drinque social no almoço. A concentração dos motoristas também ficaria intacta, o que poderia preservar a vida de até 15 mil pessoas todo ano no Brasil. Poderia, mas não chegaria a tanto. O uso de outras drogas possivelmente aumentaria, já que elas se tornariam um recurso para quem quisesse os efeitos hoje proporcionados pela birita.

Aí eu me afogo num copo de suquinho
Os bares estariam cheios de imitações da água que passarinho não bebe.

DORGAS, MANO
Nem todo mundo que bebe adotaria drogas. Mas a oferta delas cresceria, pois garantiriam um pileque. O número de viciados poderia chegar a 12% dos brasileiros, total hoje dependente de álcool.

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MOMENTO RELAX
Calmantes seriam procurados por quem quisesse esquecer problemas ou dores de amor. A porcentagem de brasileiros que compram os remédios sem prescrição – hoje de 5,6% – provavelmente cresceria.

DOSE DE CORAGEM
Tímidos confiam no álcool para se desinibir – um em cada _ pacientes de fobia social recorre à bebida. Sem ela, buscaríamos de teatro a personal paquera para enfrentar desafios.

AMARELOU GERAL
Os que apreciassem o gosto do álcool e bebessem desenfreadamente sentiriam os efeitos no fígado. O consumo em excesso causa hepatite alcoólica, que compromete o órgão e deixa a pele amarelada.

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MAIS AÇÚCAR NA CACHAÇA
Bebidas alcoólicas respondem por 30% da receita de casas noturnas e bares no Brasil, em média. Para ganhar dinheiro, essas empresas poderiam investir em drinques docinhos, que competissem com sucos e refrigerantes no paladar

Fontes Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes da Unifesp; Faculdade de Medicina da USP; Ministério da Saúde; IML de São Paulo; Associação Brasileira de Bares e Restaurantes; OMS; Alexandra Corvo, enóloga; Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Unifesp; Laboratório de Tecnologia Farmacêutica Professor Delby Fernandes de Medeiros, da Universidade Federal da Paraíba; Paul Roman, professor da Universidade da Geórgia; Prevalence and Distribution of Alcohol Use and Impairment in the Workplace, Michael Frone; Social Anxiety Disorder and Alcohol Use, Sarah W. Book e Carrie L. Randall.

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