Envelhecimento saudável: é possível?
Ou nos educamos para envelhecer com saúde, ou não teremos recursos para atender às demandas de uma crescente população de idosos.
Perdemos muito tempo, na evolução do saber humano, tentando evitar ou reverter o processo de envelhecimento, em detrimento de desvendar suas muitas nuances biológicas, psíquicas e sociais. Em parte, isso se explica por um temor secular de que esta é a fase que antecede a morte – sem atentar que isso só acontecia, no passado, numa minoria dos casos. Na maior parte das vezes, os nascidos vivos morriam ainda crianças ou jovens, o que lhes privava de envelhecer.
Foi na metade do século 20 que essa condição começou a mudar. A queda dos índices de mortalidade infantil e, consequentemente, dos de fertilidade e natalidade, propiciaram um progressivo aumento da expectativa média de vida e, consequentemente, a maior probabilidade de envelhecer. Resumindo, enquanto a ínfima minoria dos nossos ancestrais conseguiu superar a sexta década de vida (60+), a enorme maioria dos atuais recém-natos superará a oitava (80+).
Decorre dessa transição epidemiológica um desafio tão complexo e impactante quanto o enfrentamento das mudanças climáticas previstas e já verificadas neste século 21: modificar este modelo atual de envelhecimento, permeado de multimorbidades crônicas e sua decorrente polifarmácia. Sem o correto e premente enfrentamento de ambos, a saúde planetária humana será insustentável.
Ou nos educamos, o mais rápido possível, para envelhecer com saúde ou não teremos recursos, mesmo em países desenvolvidos, para atender às demandas de uma crescente população de idosos com limitações funcionais precoces e irreversíveis.
Se não aderirmos a um estilo de vida que minimize os fatores de risco das doenças crônicas ou das suas agudizações, participarmos efetivamente das estratégias de rastreio das moléstias ainda assintomáticas e compartilharmos da responsabilidade de diagnosticar e tratar as enfermidades de forma eficaz, estaremos nos condenando a uma longevidade complicada por muitas disfunções por um período longo e sofrido.
Ninguém merece uma punição como essa.
Podemos viver bem, por muito tempo, mas isso é uma tarefa para a vida toda, que requer uma constante educação, desde a infância, de agregar valores positivos à saúde que trarão benefícios no presente e no futuro, enquanto os maus hábitos determinarão sequelas que não tardarão a se manifestar.
Portanto, envelhecer com saúde não é apenas possível, é imprescindível!
Wilson Jacob Filho é geriatra, professor da Faculdade de Medicina da USP, diretor da Unidade de Cardiogeriatria do Incor e membro do conselho de administração do Hospital Sírio Libanês.
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