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Genética: A cara do pai ou da mãe?

Cada indivíduo que nasce é o resultado de uma mistura única dos genes do pai e da mãe. Ninguém é igual a ninguém.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 30 jun 1998, 22h00

Lívia Lisbôa

Todo o nascimento desperta as mesmas perguntas. “A quem o bebê puxou? Parece mais com o papai ou com a mamãe?” Mal o pequeno abre os olhinhos, e todo mundo já quer saber quais características foram herdadas de cada lado da família. Se os olhos têm a cor azul como os da avó, se o nariz é o da mãe ou se ficará careca como o pai, quando crescer.

“O que nós vamos passar para a próxima geração depende dos genes contidos em algum dos nossos gametas, ao sabor do acaso”, diz o geneticista Carlos Alberto Moreira Filho, da Universidade de São Paulo. “A variação genética é o resultado de um jogo.” O que torna cada ser humano um indivíduo único é a troca de material genético entre o espermatozóide do pai e o óvulo da mãe. Não existem espermatozóides ou óvulos iguais. A célula-ovo tem, no núcleo de cada uma de suas células, 23 pares de cromossomos. Lá estão guardados os genes responsáveis pela transmissão de características de uma geração à outra. Cromossomos e genes são feitos de ácido desoxirribonucléico, o DNA, uma dupla hélice enrolada de quatro substâncias – adenina, timina, citosina e guanina –capazes de infinitas combinações. Ali está o script para a formação e o desenvolvimento do recém-nascido, o mesmo bebê que crescerá e, um dia, tentará reconhecer seus traços nos filhos.

Quem sabe é super

Um mutirão de cientistas do mundo inteiro está empenhado em mapear, até o ano 2005, todos os 100 000 genes contidos em cada célula do corpo humano. Escrita por extenso, a seqüência de DNA ocuparia o espaço de 1 000 listas telefônicas de Nova York.

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Existe um gene “gay”?

O homossexualismo pode vir do berço.

Antropólogos registram a presença de homossexuais em praticamente todas as culturas. Na Grécia antiga, as relações sexuais entre homens eram comuns e aceitas pela sociedade. Como os genes existentes nos povos antigos e em tribos primitivas são basicamente os mesmos da sociedade moderna, pode-se supor que o homossexualismo tenha uma determinação genética. Uma pista surgiu em 1993, quando o geneticista norte-americano Dean Hamer localizou uma região do cromossomo X, chamada locus Xq28, onde moraria um gene relacionado com a orientação sexual. A presença desse gene tornaria o portador propenso a sentir atração sexual por indivíduos do mesmo sexo.

 

A loteria da hereditariedade

Você é o fruto de uma dupla influência, dos genes e do ambiente.

Apesar de o DNA do seu pai ter se unido ao DNA da sua mãe, você é mais do que uma combinação das características do casal. Em alguns casos, a herança paterna ou materna é evidente, como na cor dos olhos, no formato do rosto e no tipo sangüíneo. Mas nem sempre. Outros traços, embora também dependam bastante dos genes, sofrem forte influência das condições de vida do indivíduo. É o caso da estatura. Ao nascer, você tem um certo potencial para crescer, um teto máximo. Atingi-lo ou não, depende da alimentação. Quando se pensa em personalidade, inteligência e habilidades, a equação se complica. Não se conhecem genes específicos nesse terreno e a influência dos fatores externos é, aí, decisiva. Nada garante que o filho de um gênio será tão brilhante quanto o pai.

 

O que virá depois de Dolly

Clonagem humana já é uma possibilidade.

Em dezembro do ano passado, o norte-americano Richard Seed alarmou o mundo com uma promessa de produzir réplicas humanas dentro de um ano e meio. Especialista em reprodução artificial, Seed quer aplicar a um ser humano o que já se conseguiu com a ovelha Dolly : obter um clone a partir de uma célula de um mamífero adulto, sem a necessidade de espermatozóides. Em tese, se este tipo de reprodução deu certo com uma ovelha, pode dar certo com o homem. É uma questão de dar prosseguimento às pesquisas. Essa possibilidade tem provocado forte resistência de governantes, religiosos e filósofos, assustados com as implicações éticas da clonagem humana. O outro lado da moeda são os avanços que essa técnica pode trazer para a Medicina, em benefício da humanidade. Imagine descobrir como ligar um gene para fazer funcionar um músculo paralisado ou criar células sadias para regenerar um braço ou, ainda, substituir neurônios destruídos pelo Mal de Parkinson. Uma tentação para qualquer cientista.

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