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Gripes e Resfriados

Conhecendo melhor a gripe e o resfriado.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h30 - Publicado em 31 ago 1989, 22h00

Artur Beltrame Ribeiro

Está sempre rondando todos nós. Chega pelo ar e muitas vezes, faz tantas vítimas que se constitui em uma epidemia. Estamos falando de uma moléstia comum, reincidente, chata: a gripe ou resfriado. Na linguagem médica, os termos se equivalem. Mas o uso consagrou o nome gripe para designar a doença mais intensa. Mas a pergunta que aflige a todos é: como podemos nos defender? O resfriado é uma infecção respiratória aguda causada por vírus específico. Na sua forma clássica pode ser provocado por três tipos diferentes de vírus: A, B, C. As infecções pelo vírus A ocorrem, em geral, em surtos e podem causar epidemias, Uma peculiaridade desse vírus é sua capacidade de modificar a própria estrutura química. Após cada modificação surge um novo vírus tipo A.

As infecções pelo vírus B tendem a ser menos freqüentes e mais brandas. Enfim, aquelas causadas por vírus do tipo C são muito raras. Normalmente, não se identifica se um resfriado é provocado por um ou outro tipo de vírus. Na verdade, não se determina a característica viral de uma infecção a não ser por exclusão. Isto é, não sendo bacteriana, a infecção deve ser viral. Assim, outras infecções são comumente rotuladas de resfriado, como as caudadas por rinovírus (o vírus que causa rinite) ou por vírus da parainfluenza (que acarretam laringotraqueobronquite). Em suma, muitos vírus convergem para nos resfriar.

O contágio é feito de pessoa para pessoa. Gotículas de saliva carregam os vírus. Evidentemente, o contágio será maior quanto maior for a proximidade física com a pessoa doente. No inverno, as pessoas ficam mais próximos em ambientes fechados, o que facilita a transmissão. Não se sabe bem por que o frio deixa mais vulneráveis ai vírus as mucosas do nariz, traquéias e brônquios. Por isso, tomar sorvete, por exemplo, pode fazer mal, sim. Após a entrada do vírus, a cadeia de eventos é bem conhecida. Por um ou dois dias não sentimos nada. É o período de incubação: o vírus está no organismo, mas ainda não se manifestou. Então começam os sintomas gerais: corpo febril, dor de cabeça, dores musculares, perda de apetite e um cansaço que pode chegar à prostração. Às vezes, as juntas também doem.

Os sintomas no sistema respiratório logo aparecem: tosse seca e nariz escorrendo. Ou obstrução nasal e dor de garganta. A febre, os problemas nasais e a dor de garganta duram, em geral, de três a quatro dias. Já a tosse e o cansaço podem persistir por uma ou duas semanas, mesmo tendo desaparecido outros sintomas. A grande maioria doa casos evolui bem, não causando maiores complicações. Mas estas podem acontecer. A mais comum é a pneumonia, causada pelo próprio vírus ou provocada por uma infecção bacteriana.

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A pneumonia bacteriana é mais comum em pacientes idosos e vai requerer antibióticos no tratamento. Mas, se a gripe é provocada por vírus desconhecidos, por questão podemos nos livrar dela com uma vacina? O problema é que os vírus que causam a gripe passam por variações constantes na sua estrutura, fazendo com que uma vacina perca o efeito protetor. Além disso, outros vírus que não os da gripe clássica causam sintomas muito semelhantes e também não seriam neutralizados pela vacina. Como fazer então para evitar as tão temidas e repetitivas gripes?

Manter a boa forma alimentar-se adequadamente e hábitos higiênicos apropriados ajudam bastante. Mas ainda não são tudo. É que, muitas vezes, o fato de o vírus nos atingir vai depender de sua maior ocorrência na população e não de fatores relacionados à nossa resistência. Mas não desanime. Se a gripe chegar, lembre-se de que não há medicamentos efetivos contra ela. Recorra ao repouso (santo remédio), muito liquido e aspirina. Se os sintomas forem demasiado intensos, o melhor é procurar o médico, que irá avaliar a necessidade de tomar outras medidas.

Artur Beltrame Ribeiro é livre-docente em Medicina da Escola Paulista de Medicina

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