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Música e barulho: A bela e a fera

Qual a diferença entre música e barulho? A resposta está na cabeça de cada um.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h35 - Publicado em 31 jul 1998, 22h00

Lívia Lisbôa

O som que encanta

O filósofo grego Aristóteles já admitia, no século V antes de Cristo, a dificuldade de se determinar o que é a música. O escritor inglês Samuel Johnson (1709-1784) a definiu como “o menos desagradável dos barulhos”. No início do século XX, predominava a idéia de que a diferença entre a música e os demais ruídos reside na regularidade das vibrações sonoras – tonalidades e ritmos arrumados de uma maneira uniforme. Essa definição ainda vale para a música convencional, mas é insuficiente diante das obras de vanguarda, que rompem com os padrões tradicionais de ritmo e incorporam o próprio “barulho” como um ingrediente na composição. E o que dizer de um CD do Sepultura? A imensa variedade cultural do planeta é outro complicador. O que é um som celestial para um esquimó pode ser insuportável para você – e vice-versa. Parece piada, mas a maioria dos musicólogos, hoje em dia, reduz essa definição a algo absolutamente simples: música é tudo aquilo que você disser que é música.

 

O som que perturba

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Uma antiga adivinhação perguntava: O que é, o que é, vem de carroça, vai de carroça, não serve de nada para a carroça e a carroça não pode andar sem ele? Resposta: barulho. Do ponto de vista científico, o barulho é apenas um som indesejável. O volume nem precisa ser muito alto. Uma torneira pingando no meio da noite pode ser um verdadeiro suplício. Mais de uma vez, o cantor João Gilberto já interrompeu seu show porque o tilintar de copos na platéia, ou o zumbido do ar condicionado, quebrou a sua concentração. Nas grandes cidades, a poluição sonora deixou de ser apenas um incômodo para se tornar um problema de saúde pública. Ela provoca estresse e, em casos mais graves, diminuição da audição. “O ouvido não foi criado para enfrentar os barulhos da civilização moderna”, afirma o otorrino Ricardo Bento, professor da Universidade de São Paulo. “Nos ambientes ruidosos, as células morrem mais cedo do que deveriam.”

A ciência da melodia

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As freqüências sonoras definem as notas.

Aqui, ao lado, estão os tons da oitava média de um piano, com as suas freqüências em hertz, a unidade que mede o número de vezes que uma onda sonora se repete no intervalo de um segundo. Uma oitava é o intervalo entre dois tons, um dos quais é exatamente o dobro da freqüência do outro, como entre o Dó que está lá embaixo, na ilustração, e o Dó acima dele. O intervalo é dividido em notas brancas, que são as notas da escala do Dó maior, e notas pretas, que são os tons intermediários, chamados sustenidos e bemóis. O sustenido (#) está meio grau acima de uma nota branca e o bemol (b), meio grau abaixo.

Uma questão de decibéis

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Os sons envolvem você o tempo todo. O silêncio absoluto só existe em câmaras especiais, nos laboratórios de acústica. O volume do som é medido em decibéis (dB), uma escala logarítmica, não linear. A diferença entre 50dB (o ruído em um restaurante tranqüilo) e 100 dB (uma britadeira) é muito maior do que o dobro. O ouvido humano só começa a detectar algum ruído a partir de 10 decibéis, a respiração normal. Sons acima de 120 dB (a decolagem de um jato) podem causar surdez permanente. Os médicos do trabalho recomendam o uso de protetores de ouvidos para os operários que ficam expostos a ruídos de mais de 80 dB (um aspirador de pó). Também o som nas discotecas não respeita o limite do suportável. Por isso, a deterioração da audição é bastante comum entre os jovens.

Quem sabe é super

Foi o monge italiano Guido D·Arezzo, na Idade Média, que criou a escala musical com as sete notas, de Dó a Si, num hino de louvor a São João. O “Si” é uma abreviação de Sancti Ioannes, o nome do santo, em latim.

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