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Não: pegar chuva ou “friagem” não causa resfriado e gripe. Só o vírus faz isso

Embora o tão falado "choque térmico" possa facilitar a infecção, a culpa não é do frio.

Por Victor Bianchin
29 dez 2024, 16h00

“Quinta-feira de manhã fiz como Noé, abri a janela da arca e soltei um corvo. Mas o corvo não tornou, de onde inferi que as cataratas do céu e as fontes do abismo continuavam escancaradas. Então disse comigo: As águas hão de acabar algum dia.”

Machado de Assis

A citação acima veio de uma crônica que Machado escreveu em 1984 — a primeira de várias em que, abismado com as enchentes no Rio de Janeiro, ele transformava em palavras o caos que via na natureza. A chuva despencava lá fora.

Machado estava certo em ter medo de enchente, mas ele não precisava temer nenhuma infecção: ao contrário do que prediz a crença popular, tomar chuva não causa gripe. Andar descalço e “pegar friagem”, tampouco. Tratam-se de frases feitas repetidas ao longo do tempo, e recheadas de boas intenções, mas com quase nenhuma base na realidade.

Gripe e resfriado são doenças causadas por vírus — a primeira é resultado da infecção pelo influenza, por exemplo, enquanto o segundo é consequência da infecção por patógenos como o rinovírus.

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Mas existe sim uma associação entre essas viroses e a chuva: se você está com o corpo quente e toma chuva fria, a queda brusca de temperatura pode causar uma queda na imunidade das nossas mucosas, o que facilita a ação dos vírus. O mesmo princípio se aplica a “pegar friagem”, “tomar sereno”, andar descalço e afins.

“O ar condicionado gelado provoca isso também porque ele resseca o ar, e aí torna as vias respiratórias mais facilmente infectadas pelo vírus. Ou então provoca quadros alérgicos que são confundidos com gripe e resfriado. Muita gente abre uma geladeira, começa a tossir ou espirrar e diz ‘ah, peguei uma gripe porque abri a geladeira’. Pegou nada, na geladeira não havia vírus nenhum”, afirma o Dr. Dráuzio Varella em seu canal no TikTok.

E como pega-se gripe, então? Tendo contato com o vírus, que geralmente está nas gotículas de saliva expelidas pelas pessoas contaminadas ao falarem ou tossirem. É verdade que, durante o inverno, há maior incidência de gripes e resfriados.

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Mas isso acontece porque nós tendemos a passar mais tempo em locais fechados, com pouca ventilação. Se há algum patógeno no ar desse lugar, fica mais fácil ser infectado. Além disso, o tempo frio provoca melhores condições ambientais para a sobrevida do vírus, o que aumenta a taxa de infecções nessa época.

Os sintomas de resfriado e gripe, inclusive, são diferentes. O resfriado costuma ser mais leve, com sintomas como coriza, congestão nasal, espirros em série, coceira no nariz e irritação na garganta. Já a gripe produz febre, dores no corpo, cansaço e tosse.

É importante saber diferenciar e, caso os sintomas se compliquem, procurar atendimento médico. Também vale lembrar que a gripe não tem cura (ou seja, medicamentos que eliminem o vírus diretamente). Por isso, o tratamento é voltado principalmente para o alívio dos sintomas (com analgésicos e antitérmicos) e fortalecimento do corpo (com hidratação e boa alimentação) enquanto o sistema imunológico faz seu trabalho de combater a infecção.

Para evitar ficar gripado, valem as dicas que foram repetidas à exaustão durante a pandemia de covid-19: não tenha contato com pessoas infectadas, lave as mãos sempre que voltar da rua, evite aglomerações e previna o choque térmico agasalhando-se antes de sair no frio.

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