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Não usar máscara durante a pandemia é um erro, alertam cientistas chineses

No Ocidente, o uso de máscaras está sendo indicado apenas para pacientes sintomáticos. Mas, como a transmissão pode ser assintomática, a estratégia pode não ser a melhor.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 13 mar 2024, 08h57 - Publicado em 30 mar 2020, 20h18

Desde que a pandemia de Covid-19 começou a se espalhar pelo mundo, uma pergunta não para de aparecer: eu devo usar máscaras? Mas a resposta não é tão simples assim. Embora seja uma visão comumente relacionada com pandemias, o uso de máscara não é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), nem pelo Ministério da Saúde do Brasil nem pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Mas especialistas em saúde pública da China discordam.

Em entrevista à revista Science, George Gao, diretor-geral do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, diz que o maior erro do Ocidente na batalha contra a Covid-19 é não incentivar o uso de máscaras de proteção em massa. O posicionamento é defendido por outros cientistas consultados pela revista, tanto na Ásia como em outros lugares do mundo.

Como já explicamos na SUPER, a lógica do uso de máscara não é impedir que você contraia a doença. A Covid-19 se espalha através de gotículas expelidas por uma pessoa infectada através de espirros, tosses ou mesmo na fala. Essas gotículas acabam sendo levadas à boca, ao nariz ou aos olhos de pessoas saudáveis através mãos (tocamos nosso rosto 23 vezes por hora, em média). A partir daí, o vírus entra no corpo e inicia o processo de infecção.

Sabe-se que o SARS-CoV-2 até pode ficar no ar em forma de aerosol (gotículas flutuantes), mas contrair a doença apenas respirando essas partículas é algo raro, pelo menos ao que tudo indica até agora. O que parece trazer a doença mesmo é o contato direito com as gotículas. Por isso as medidas mais eficazes para conter o vírus são a higienização constante das mãos, evitar tocar o rosto e manter o distanciamento social. 

E também por isso que a OMS, o CDC americano e o Ministério da Saúde recomendam que apenas pessoas com sintomas da doença devam usar máscara – o intuito é evitar sair espalhando gotículas infectadas por aí. A máscara seria, então, uma maneira de proteger os outros, e não a si próprio.

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O problema é que, ao contrário do que se pensava no início da pandemia, agora já temos evidências suficientes para afirmar que a Covid-19, diferentemente de outras doenças causadas por outros coronavírus, como a SARS e a MERS, consegue ser transmitida mesmo quando o paciente está assintomático. Ou seja, uma pessoa pode nem saber que está infectada e já estar contaminando outras pessoas. O uso de máscara generalizado, então, impediria que essas pessoas saíssem por aí espalhando gotículas cheias de vírus. 

É por isso que muitos países da Ásia encorajaram o uso de máscaras durante a pandemia. Em Wuhan, por exemplo, o uso se tornou obrigatório no auge da crise. Outros países, como Irã e República Tcheca, adotaram recentemente a mesma medida. Antes mesmo do novo coronavírus, aliás, o uso de máscaras era algo comum em países asiáticos, exatamente pelo senso de não sair espalhar gripes e resfriados. No Ocidente, porém, o uso de máscara sempre foi incomum.

Mas também há boa uma razão para que autoridades de saúde ocidentais tem sido cautelosas sobre o uso de máscaras: a demanda. Desde o início da pandemia, a busca por máscaras em farmácias aumentou em todo o mundo, e houve falta do produto até em países asiáticos, onde a produção é muito maior do que no Ocidente, dados os hábitos culturais. A China mesmo teve que mais que quintuplicar sua produção diária de máscaras – a capacidade foi de 20 milhões para 110 milhões em fevereiro.

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Por aqui, a preocupação  é que a busca exagerada gere escassez do equipamento de proteção para quem mais precisa: profissionais da área de saúde que estão a todos os momentos em contato com doentes. E já há mais de 4 mil denúncias de falta de máscaras em serviços de saúde pelo Brasil, segundo apurou uma reportagem do Fantástico.

Por isso, muitas pessoas estão optando por utilizar máscaras improvidas, feitas em sua maior parte de tecido. Elas não são tão protetivas como as profissionais, mas já ajudam a evitar espalhar o vírus por aí.

É esse inclusive o posicionamento oficial do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Essa questão de máscaras, se temos poucas, vamos deixar para os enfermeiros, médicos. Se for para sair e ir até a unidade de saúde para confirmar, usa uma máscara de pano, confecciona a sua máscara”, disse, em coletiva no dia 19 de março. “Poupe o material de saúde para os enfermeiros e médicos”.

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