Um homem que está há três anos paralisado dos ombros para baixo conseguiu ter sensações físicas após passar por estímulos elétricos enviados por um implante no cérebro.
Devido a uma lesão na medula espinhal, o paciente perdeu não apenas o movimento nos membros, mas qualquer sensação física. Depois do implante, porém, os cientistas conseguiram produzir sensações idênticas a de beliscões e apertões no braço.
O implante de eletrodos permitiu que os cientistas, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), estimulassem individualmente alguns neurônios do paciente. Eram células do córtex somatosensorial, a região que coordena as sensações de movimento corporal, assim como a sensibilidade da pele, que é capaz de detectar pressão e vibração, por exemplo.
Uma vez que o implante foi colocado em contato direto com essa região, os pesquisadores conseguiam controlar o envio de estímulos para os neurônios, na forma de choques elétricos bem fraquinhos. Com isso, a sensação percebida pelo paciente era muito similar à natural, mesmo que ele soubesse que ninguém estava tocando seu braço.
Infelizmente, esse tipo de pesquisa está longe de trazer de volta a capacidade do braço do paciente de sentir, sozinho, qualquer estímulo externo. Mas os objetivos são outros.
Em primeiro lugar, os cientistas e o paciente pretendem criar um “Dicionário de Estímulos Elétricos”. Esse método já permite diferentes intensidades e tipos de estímulo, em diferentes regiões do braço. Mas, atualmente, os estímulos são aleatórias e ninguém sabe prever se o paciente vai sentir um puxão no braço ou um toque leve.
O dicionário, portanto, seria um registro que mostra que, se o pulso elétrico X estimular a área Y do neurônio Z, o paciente tem a sensação W. Com isso, fica muito mais fácil reproduzir o experimento com outras pessoas.
A longo prazo, o alvo dos pesquisadores é contribuir para o desenvolvimento de membros prostéticos inteligentes. Atualmente, próteses controladas pelo cérebro já estão sendo estudadas em várias partes do mundo. Mas, na maior parte do tempo, elas se conectam apenas à região do cérebro que coordena a intenção de movimento. Ou seja, se o paciente pensa em esticar o braço para segurar um copo, a prótese se estica sozinha.
O problema é que fica faltando o feedback que a pele é responsável por dar ao cérebro. Sem a resposta do tato, o paciente não consegue saber, por exemplo, com que força deve segurar o copo. Se o “Dicionário dos Estímulos Elétricos” se tornar realidade, vai ser possível associar esse implante às interfaces de próteses inteligentes – que não só serão melhores em segurar copos, mas permitirão aos pacientes voltar a viver sensações como um abraço ou carinho.