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Para que serve o apêndice (além de causar apendicite)?

Muita gente quase morre por causa de um pedacinho de intestino que parece não fazer nada. Talvez só pareça

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h32 - Publicado em 31 Maio 2008, 22h00

Texto Giovana Girardi

É bem difícil ver alguma função na pequena extensão do intestino grosso conhecida como apêndice. Ela pode inflamar com relativa facilidade, causando uma dor de arrepiar os cabelos. E, quando isso acontece, o único tratamento é sua retirada cirúrgica.

Como sem o apêndice as pessoas vivem muito bem, obrigado, imaginou-se por muito tempo que ele era mesmo inútil – seria apenas algo que foi importante para nossos ancestrais, mas que perdeu a função ao longo da evolução, como o dente do siso. Não passaria de uma sobra da época em que éramos herbívoros e precisávamos de um intestino maior. Estudos mais recentes têm mostrado, no entanto, que o apêndice se mantém bastante funcional. De acordo com um trabalho da Universidade Duke, nos EUA, o apêndice é uma espécie de abrigo para bactérias que auxiliam no funcionamento do sistema digestivo. Em artigo na revista científica Journal of Theoretical Biology, os pesquisadores da Duke sugeriram que a estrutura promove a proliferação de bactérias da flora intestinal (o “jardim” de microrganismos que vivem no nosso trato digestivo), ajudando a repovoar o órgão após a ocorrência de uma infecção.

Bonzinhos

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Esses micróbios “do bem” costumam viver em harmonia com nosso corpo. De um lado, ajudam a “quebrar” a comida que ingerimos em moléculas menores, que o nosso organismo é capaz de absorver. A presença dos micróbios ali acaba também não deixando espaço para a fixação de patógenos (microorganismos causadores de doenças) invasores. Seguindo a máxima “uma mão lava a outra”, o intestino paga oferecendo às bactérias da flora intestinal coisas como alimento e segurança.

Ocorre que durante algumas doenças, como disenteria e cólera, o intestino é afetado, gerando efeitos como as diarréias. Nos casos mais severos, vai embora tudo o que se encontra no intestino, inclusive os micróbios e as células de defesa do organismo que protegem o órgão (como você vê na ilustração acima, em que as bactérias boazinhas, de verde, são expulsas pelas malvadas, que aparecem em roxo).

Segundo William Parker, um dos líderes da pesquisa feita na Duke, é aí que entra em ação o apêndice: “É um local onde as boas bactérias podem viver de modo seguro e sem perturbações até que elas sejam necessárias [para o corpo]”, explicou em comunicado à imprensa no ano passado.

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Antes de essas descobertas virem à tona, cientistas já haviam observado a presença de um tecido no apêndice com grande quantidade de linfócitos (um dos tipos de células de defesa), lançando a idéia de que a estrutura poderia auxiliar de algum modo contra invasores do organismo, talvez reconhecendo substâncias estranhas ingeridas junto com determinados alimentos.

No novo trabalho, Parker propôs que os linfócitos estão ali, na verdade, para proteger as bactérias do bem. “Uma vez que o conteúdo do intestino deixa o corpo, as boas bactérias escondidas no apêndice podem emergir e repovoar o intestino antes que mais micróbios prejudiciais estabeleçam residência”, explica Parker.

Sendo assim, uma pessoa sem apêndice não ficaria vulnerável a uma infecção? Levando-se em conta que até hoje ninguém verificou efeitos ruins na retirada do apêndice, a resposta provavelmente é não – a medicina moderna já se encarregou de recompor a flora intestinal. Mas a estrutura continuará tendo função enquanto houver por aí sociedades carentes de saneamento básico e atendimento médico.

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Fezes que acabam virando um tumor estão entre as principais causas de apendicite. Sem tratamento, a pessoa morre.

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