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Pesquisadores do Reino Unido vão infectar voluntários com o novo coronavírus

O objetivo é estudar o comportamento do Sars-CoV-2 e do sistema imunológico em ambiente controlado – o que ajudará no desenvolvimento de vacinas e tratamentos para a Covid-19.

Por Carolina Fioratti
17 fev 2021, 16h15

Nesta quarta-feira (17), o governo britânico anunciou que o Reino Unido recebeu aprovação do órgão de ética de ensaios clínicos do país para conduzir o primeiro estudo de desafio humano (human challenge study) para a Covid-19. Nesse tipo de estudo, voluntários saudáveis são infectados com um vírus para que os pesquisadores possam estudar a doença de perto e também testar o funcionamento de possíveis vacinas e tratamentos contra ela. 

Nos ensaios, conduzidos pela Imperial College London em parceria com outras instituições, participarão 90 voluntários com idades entre 18 e 30 anos. Todos deverão passar por exames para comprovar que estão saudáveis e que não tiveram contato com o novo coronavírus anteriormente. A data de início dos testes ainda não foi divulgada, mas está programada para acontecer em algum momento do próximo mês. 

Os pesquisadores irão pulverizar o vírus no nariz dos voluntários, que ficarão no hospital sendo monitorados de perto por uma equipe médica durante 14 dias. Nesse primeiro momento, será utilizado o vírus que circula no Reino Unido desde março de 2020.
As variantes do Sars-CoV-2 ainda não serão incluídas nos testes.

O objetivo dos pesquisadores é determinar qual a menor quantidade de coronavírus necessária para causar a infecção, além de avaliar como o sistema imunológico reage a ela. Compreender a doença ajudará os cientistas no desenvolvimento de novas vacinas e tratamentos para a Covid-19. Mais para frente, é possível que um pequeno grupo de voluntários receba uma vacina e depois seja exposto às novas variantes do vírus. Dessa forma, os cientistas poderão avaliar quais imunizantes funcionam para o maior número de casos. Essa segunda fase de testes, no entanto, ainda não foi aprovada pelo órgão de ética. 

Você pode estar se perguntando: “Se já temos vacinas eficazes contra a Covid-19, por que fazer os testes de desafio humano agora?”. Acompanhar o vírus em ambiente controlado mostrará coisas que não seriam vistas no mundo real. Os cientistas querem entender qual é a quantidade necessária de vírus para causar infecção, como o sistema imunológico arma sua primeira resposta e também se podemos falar com antecedência quais pessoas irão desenvolver sintomas ou não.

Além disso, o vírus está evoluindo e novas vacinas estão sendo testadas. Daqui a um tempo, com parte da população vacinada, será difícil para os pesquisadores conduzir ensaios clínicos de larga escala devido ao alto número de pessoas já imunes. Os testes de desafio humano, mesmo com um número pequeno de voluntários, poderão mostrar se as vacinas já liberadas protegem contra as novas variantes e também compará-las com outras que estão sendo produzidas.

Apesar de ser a primeira vez em que testes de desafio humano são aplicados para a Covid-19, vale a lembrança de que estudos do tipo já foram conduzidos para testar vacinas contra malária, febre tifóide, cólera, entre outras doenças.

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