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Primeiro estudo analisa os efeitos do tapa na cara profissional

Pesquisadores assistiram a 333 videos de tapas e concluíram: não faça isso em casa

Por Maria Clara Rossini
21 set 2024, 19h00

Tapa na cara é coisa séria. Tão séria que virou esporte: existem competições e ligas de tapa na cara profissionais. Alguns exemplos são o Slap Fighting Championship e o Power Slap – esse último, inclusive, foi fundado em 2022 pelo CEO do Ultimate Fighting Championship (UFC), Dana White. 

As regras são simples. Dois competidores ficam frente a frente, separados por uma mesa da altura da cintura. Quem dá o primeiro tapa é decidido numa rolagem de cara ou coroa. A partir daí, o participante tem 60 segundos para descer a mão aberta na cara do adversário. O centro do tapa deve estar abaixo do olho e acima do queixo. Quem recebe a mãozada não pode recuar, levantar os ombros ou contrair o rosto antes do tapa.

O participante tem 60 segundos para se recuperar da bofetada, voltar à posição de combate e revidar o tapa. Os adversários se alternam nesta dinâmica e vão acumulando pontos. O knockout ocorre quando um deles cai no chão e não consegue se recompor em 10 segundos. 

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Não precisa ser um expert para saber que a prática pode causar problemas de saúde sérios. Se você quer um reforço da ciência, aqui vai: um estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, verificou sinais visíveis de concussão nos praticantes do tapa na cara.

Essa é a primeira pesquisa revisada por pares a quantificar os riscos associados à atividade. Revisores treinados assistiram a vídeos de competição, como o mostrado acima, e analisaram 333 tapas. Eles registraram sinais claros de concussão, como redução da percepção sobre o ambiente ao redor – e até a perda total de consciência.

Mais da metade das sequências de tapas terminaram em concussão, segundo a análise. Os participantes exibiram baixa coordenação motora em 40% das partidas; em 33% delas, os lutadores terminaram com um olhar vago e inexpressivo; e em 25% das vezes eles tiveram dificuldade para levantar após o nocaute. No total, 80% dos participantes demonstraram sinais visíveis de concussão pelo menos uma vez na série de partidas.

“Nosso objetivo é tornar todo esporte profissional seguro para a saúde neurológica dos atletas”, diz Raj Swaroop Lavadi, pesquisador do departamento de neurocirurgia da universidade e primeiro autor do estudo, em comunicado. “É muito difícil banir um esporte, mas é possível alertar para os riscos associados a ele”.

Os danos cerebrais podem ter efeitos de médio e longo prazo, variando de acordo com a frequência e intensidade do trauma. Em estudos seguintes, os pesquisadores pretendem medir e analisar o impacto físico de um tapa enquanto o participante usa um protetor bucal.

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