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Resquícios de cigarro em roupas e móveis prejudica saúde de ratos

Um novo estudo testou como os roedores reagem aos resíduos. Os resultados foram danos no fígado e cérebro, além de aumento no risco de diabetes

Por Guilherme Eler
15 set 2017, 14h57

Mesmo quem não fuma pode ser afetado diretamente pelo vício dos outros. Basta que algum amigo ou parente próximo seja fumante para que, por tabela, a fumaça fique no ambiente e seja inalada de forma passiva por alguém que nada tinha a ver com a história. Porém, o que muita gente não considera é que os resíduos do cigarro permanecem no local mesmo depois que o cheiro vai embora. Carpetes, cortinas, móveis e roupas, caso não sejam bem higienizados regularmente, podem ser verdadeiros depósitos desses fragmentos invisíveis – fazendo com que pelo menos um restinho das toxinas presentes no cigarro continuem por ali.

Um estudo desenvolvido na Universidade da Califórnia provou em ratos que essa transmissão de fato acontece, e, sobretudo, pode ser bastante nociva. Durante seis meses, pesquisadores expuseram as cobaias a objetos como estofamentos, cortinas e carpetes previamente batizados com resíduos de cigarro. Para que o experimento fosse preciso, a quantidade de toxinas nesses materiais era próxima a que foi encontrada em casas de fumantes pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA).

Enquanto o teste acontecia, os roedores tinham seu cérebro, fígado e níveis de sangue analisados regularmente – e passavam por uma bateria de exames que indicava o estado de sua saúde. Com um mês em contato com os materiais, seu sangue já tinha 50% mais moléculas que causam inflamação, em comparação aos ratos que não estavam em contato com os móveis contaminados. Dois meses depois, o grupo apresentou danos nas células do fígado e no cérebro.

O quadro se agravou com a marca de quatro meses de experimento. Nessa época, os níveis de cortisol estavam 45% mais elevados, e as taxas de insulina no sangue, 30% maiores. Esses dois fatores indicam um organismo mais fragilizado e mais sujeito a diabetes. O cenário só piorou ao final dos seis meses de estudo, quando os índices estavam ainda mais altos.

“Esse tipo de toxina é traiçoeira, e age como um assassino silencioso”, disse Manuela Martins-Green, uma das autoras do estudo, em comunicado. “Esses resíduos podem ser absorvidos através da pele e da respiração. Ainda que nossa pesquisa não tenha sido feita com humanos, as pessoas também devem ter em mente que quartos de hotel, carros e casas que são ocupados por fumantes, muito provavelmente, podem estar contaminados com tais resíduos.”

O estudo foi publicado no jornal Clinical Science.

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