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Solteiros têm risco de depressão 80% maior que casados, segundo estudo

O estudo não foi pequeno: analisou 106 mil pessoas, com amostras representativas de sete países.

Por Eduardo Lima
10 nov 2024, 10h00

É senso comum: não é fácil ser solteiro. Pelo jeito, a ciência concorda. Uma pesquisa que avaliou a associação entre estado civil e depressão mostrou que os solteiros correm um risco 80% maior de apresentar sintomas do transtorno mental do que pessoas casadas.

O estudo, publicado no periódico Nature Human Behaviour, analisou cerca de 106 mil pessoas de sete países diferentes: China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Indonésia, Irlanda, México e Reino Unido. Os dados são representativos da demografia de cada país e não focam só em nações ocidentais, como estudos prévios fizeram. Os cientistas dizem que os números representam, ao todo, 541 milhões de adultos.

Estudos prévios, como este no Reino Unido, também mostraram uma correlação entre viver em casal e menor incidência de depressão, além de risco diminuído para câncer, diabetes e problemas cardiovasculares.

20 mil desses participantes foram acompanhados durante períodos de quatro a 18 anos. As pessoas que apareciam com o maior risco de depressão entravam na categoria de não casadas, que engloba pessoas solteiras, namorando, divorciadas, separadas e viúvas. Quando se fala especificamente de pessoas divorciadas ou separadas, o risco aumenta para 99%, quase o dobro de pessoas casadas.

Nem todos os solteiros são iguais

Alguns fatores foram considerados além da solteirice, para resultados mais detalhados. Sexo, educação, país de origem e consumo de álcool e tabaco foram analisados. Assim, os pesquisadores perceberam que o risco identificado era maior entre pessoas do sexo masculino, com alto nível educacional e em países ocidentais.

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O tabagismo e o alcoolismo apareceram relacionados a um maior risco de depressão nos dados da China, da Coreia do Sul e do México. Os casais também tendem a apresentar uma taxa menor de consumo de álcool e tabaco.

A depressão é uma doença complexa, que se apresenta como um desbalanço químico no corpo, mas pode ser causada e agravada por fatores sociais e emocionais diversos. A hipótese dos pesquisadores para o risco menor de depressão entre casados é que eles, no geral, se oferecem suporte emocional, mais recursos financeiros e uma qualidade de vida melhor.

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Os cientistas apresentam algumas hipóteses de possíveis explicações para os dados. O risco maior entre pessoas separadas e divorciadas poderia ser explicado pelas normas culturais que envolvem o casamento, como a pressão para fazer a união durar “para sempre”. E essas diferenças culturais mudam de um país para o outro, o que se reflete nos dados.

A possível explicação para os homens terem mais risco de depressão que as mulheres na mesma situação é que elas teriam redes de apoio social mais amplas e sólidas – ou seja, mais amigas para ajudar a passar pelos momentos difíceis.

Essas correlações não são causas definitivas da depressão. Fiquem tranquilos, solteiros: as coisas não são tão pretas e brancas assim. O estudo só é uma tentativa de apontar fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de depressão, e chamar atenção para a importância do contexto cultural, econômico e social ao estudar essa doença. 

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