7 aves que cantam nos centros urbanos – e podem te acordar de manhã
Setembro é o mês em que o sabiá laranjeira começa a cantar de madrugada. Conheça esse e outros pássaros que vivem nas cidades brasileiras.
O Brasil é o país com a terceira maior biodiversidade de aves do mundo, atrás apenas da Colômbia e do Peru. Por isso, mesmo nas cidades grandes e pouco arborizadas, ainda é possível ver e ouvir vários pássaros.
Um estudo recente da UNESP mostrou que as pessoas tendem a subestimar a fauna de aves das cidades. Mas não é por que você não consegue vê-los que eles não estejam lá.
Há quem goste e há quem se irrite, por exemplo, com o canto da madrugada do sabiá laranjeira (Turdus rufiventris), a ave símbolo do país. Sua temporada de reprodução começa por volta de setembro, quando a espécie passa a cantar mais (e mais cedo) para atrair a atenção de possíveis parceiros.
A espécie é encontrada em todas as regiões brasileiras – até mesmo em São Paulo, onde o canto semelhante a uma flautinha do sabiá laranjeira soa por cima dos sons dos ônibus e das máquinas.
Conheça outras espécies de aves que habitam centros urbanos do Brasil.
1. Maritaca ou periquitão-maracanã
Maritaca é o nome dado à muitas espécies diferentes no Brasil. Aqui, estamos falando de uma que também é conhecida como periquitão-maracanã, o Psittacara leucophthalmus.
Essa espécie parece um papagaio, só que menor. A maior parte do corpo é verde e alguns detalhes internos das asas são amarelos e vermelhos. Elas se alimentam de frutos e sementes, e gostam de ficar penduradas em árvores, calhas e muros, às vezes de cabeça para baixo.
Como outras aves da mesma família Psittacidae, as maritacas são extremamente sociais, e passam o dia em grandes grupos. As aves voam em bando no começo da manhã e no fim da tarde, com vocalizações altas e estridentes bem características.
2. Pitiguari
O Cyclarhis gujanensis, ou pitiguari, é encontrado especialmente no Sul, Sudeste e Nordeste do país, ocupando áreas urbanas e rurais.
Existem 22 subespécies em toda a América do Sul, das quais três vivem no Brasil. A aparência de cada subespécie varia um pouco, mas, em geral, elas têm cerca de 16 centímetros, o ventre branco, uma faixa amarelada próximo ao pescoço, uma mancha acinzentada próximo aos olhos e o topo da cabeça marrom avermelhado. Machos e fêmeas são quase idênticos, mas o macho é um pouco maior.
Apesar de ser difícil de avistar, é facilmente reconhecido pelo canto alto e variado, que inclui assobios semelhantes aos humanos. Alimenta-se de frutos, insetos e pequenos animais, como filhotes de aves e lagartos.
3. Bem-te-vi
Uma das aves mais populares do país, o bem-te-vi não é muito exigente na hora de escolher onde morar – ele habita zonas rurais, florestas e áreas urbanas densas. É comum em toda a América Latina, mas também pode ser encontrado na América do Norte.
Uma curiosidade é que não foi só no Brasil que o Pitangus sulphuratus recebeu um nome onomatopeico, que remete ao som do seu canto. Em inglês, a ave é chamada de kiskadee. Na Guiana Francesa, é tyran quiquivi. Em espanhol, pode ser chamado benteveo, wichiji ou güichiji.
Tem as costas marrons e a barriga amarela. A cabeça é branca e preta, com uma listra preta que acompanha os olhos como um delineado charmoso. Os bem-te-vis são malandros e se alimentam de praticamente qualquer coisinha pequena que encontram: insetos, frutas, peixes, ovos, filhotes de outras aves e até pequenos anfíbios e mamíferos.
4. Sabiá-do-Campo
O sabiá-do-campo (Mimus saturninus), também conhecido como sabiá-levanta-rabo, é uma ave de quase 30 cm, reconhecida pela longa cauda que levanta ao caminhar pelo chão. Suas quatro subespécies estão espalhadas pelo Brasil e se adaptam muito bem a ambientes urbanos.
Em geral, têm entre 23,5 e 26 cm e são cinzas nas costas, na cabeça, nas asas e na cauda, enquanto a barriga é clara. Na cabeça, têm um delineado escuro e esfumado nos olhos, com uma faixa mais clara logo acima. A sua cauda longa tem pontas brancas.
Para acompanhar as aves, os cientistas precisam capturá-las temporariamente e colocar uma anilha em uma de suas pernas. Apesar de não sentirem muito medo da proximidade de humanos, esses pássaros são difíceis de serem estudados, porque são muito sensíveis: o estresse da captura e do anilhamento leva muitos à morte.
Na época reprodutiva, de julho a dezembro, os sabiás do campo usam sua habilidade mais especial para atrair possíveis parceiros: são capazes de imitar os cantos de outras espécies. Eles vivem em pequenos grupos, são sociais e colaborativos e se alimentam principalmente de frutos e invertebrados. Em alguns lugares, são chamados de papa-sebo, pois comem gordura do charque estendido ao Sol.
5. João-de-barro
Esses pequenos arquitetos são as aves símbolo da Argentina, e são comuns nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Os Furnarius rufus são famosos pela construção de seus ninhos em formato de forno, no alto de árvores e postes.
Eles não utilizam o mesmo ninho em duas estações seguidas, mas revezam entre duas e três outras construções. De tempos em tempos, reparam os ninhos antigos que já estão destruídos. Se não houver mais espaço para a construção de novos ninhos, eles criam verdadeiros complexos residenciais ao lado ou em cima dos antigos.
As aves medem entre 18 e 20 cm, com plumagem marrom-avermelhada e barriga clara. O joão-de-barro passa boa parte do tempo no chão, caminhando e correndo em busca de alimentos como formigas, cupins e outros insetos. Ele também aproveita restos de comida humana espalhados nas cidades, o que facilita sua adaptação a ambientes urbanos. Machos e fêmeas costumam cantar juntos na entrada do ninho, e há quem diga que o seu canto soa como uma gargalhada.
6. Cambacica
A cambacica é uma ave parecida com o bem-te-vi, mas menor e mais redondinha. Comum no Brasil todo, inclusive na região Norte, é conhecida por uma variedade de nomes. Segundo o site “Wikiaves”, alguns dos nomes populares do Coereba flaveola são: papa-mel, chupa-lima, vaga-súbito na Paraíba; sebinho e papa-banana no Rio Grande do Sul; sebito e guriatã-de-coqueiro em Pernambuco; caga-sebo e cabeça-de-vaca em São Paulo; saí e tem-tem-coroado no Pará.
Talvez você ache que nunca viu a cambacica, mas provavelmente já ouviu o seu canto. É um som insistente, agudo, forte e monótono.
Apesar de sua natureza briguenta, eles podem ser vistos sozinhos, em pares ou em pequenos grupos, movendo-se agilmente entre galhos e flores para alcançar o alimento, muitas vezes de cabeça para baixo. Seu bico curvado é ideal para se alimentar de néctar, frutas e insetos, sendo comum encontrá-la em bebedouros de beija-flores em quintais.