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As palavras e expressões que marcaram 2017

De aposentadoria às fake news, passando pelo menino do Acre e o “gemidão do zap”. Pode ser que você nem se lembre, mas, provavelmente, falou sobre isso tudo em algum momento do ano

Por Guilherme Eler
Atualizado em 11 mar 2024, 17h50 - Publicado em 22 dez 2017, 20h09

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Fake news

Foi na parte final da corrida presidencial norte-americana, ainda em 2016, que Donald Trump começou a adotar a expressão de forma mais convicta. Os termos “fake news” e “fake”, segundo um levantamento, apareceram 167 vezes no Twitter do milionário até que ele se sentasse na cadeira de presidente. Os alvos? Matérias que o atacavam pelos mais variados motivos, julgadas por Trump como 100% oportunistas e falaciosas.

A eleição de Trump para a Casa Branca serviu para consolidar o termo, que passou a ser adotado pelos próprios veículos de mídia e também por quem consome informação. Falar de material fabricado para prejudicar a imagem de alguém, hoje, significa falar de fake news. Em 2017, as menções ao termo aumentaram 365%, um dos motivos que levaram o dicionário da editora britânica Collins a escolher as “notícias falsas” como a expressão que sintetiza o atual ano.

Pelo menos até 2018, a tendência é que o termo permaneça em alta. Isso porque experiências anteriores (como a dos EUA, sobretudo) mostram que a polarização dos discursos no meio online pode influir diretamente no resultado eleitoral. Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que, na eleição presidencial brasileira de 2014, mais de 10% das interações nas redes sociais foram feitas por contas automatizadas. Colocar esses robôs para interagir com notícias políticas que não falam a verdade pode ser significativo para o apoio a um candidato e a perda da relevância de seu adversário, por tabela.

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Menino do Acre

Bruno Borges era um rapaz quieto. Morador de Rio Branco, capital do Acre, o estudante de psicologia de 25 anos gostava muito de ler e passava a maior parte do tempo na reclusão do próprio quarto. O que fazia lá por tanto tempo, reza a lenda, nem os pais sabiam. Sua vida secreta, porém, veio à tona para o Brasil inteiro no dia 27 de março. Foi nessa data que Bruno simplesmente desapareceu, deixando para trás uma infinidade de códigos escritos na parede, 14 livros manuscritos e uma estátua em tamanho real de Giordano Bruno, seu filósofo preferido que você pode conhecer melhor clicando aqui.

O hype em cima do sumiço misterioso foi absurdo. Enquanto Bruno não voltava para a casa dos pais, muita gente se debruçou na tarefa de tentar descriptografar o conteúdo de seus livros e entender qual era a real mensagem que o menino do Acre queria passar ao mundo. A espera de uma confirmação durou uns bons meses, já que o rapaz só voltou para casa em 11 de agosto. “Lapidei a pedra filosofal”, comentou o jovem, em entrevista à VEJA, quando questionado sobre sua fuga ou jornada de autoconhecimento, como preferiu definir. Sua primeira obra, intitulada TAC: Teoria de Absorção do Conhecimento, fez história, chegando a alcançar o 20º lugar na lista de livros de não-ficção mais vendidos do país este ano.

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Aposentadoria

O medo de que o tempo de carteira assinada não seja suficiente para obter o direito ao benefício passou a assombrar os brasileiros em 2017. Tudo por conta da temida Reforma da Previdência, sugerida pelo governo, e que tramita agora na Câmara dos Deputados. Caso consiga os 308 votos favoráveis por lá (correspondentes a 3/5 dos deputados) o texto seguirá para o Senado e, aprovado, daí sim, entrará em vigor.

A principal diferença do novo modelo em relação ao atual será quanto ao tempo de contribuição. Para pendurar as chuteiras em definitivo, um trabalhador precisará ter obrigatoriamente 62 anos de idade, no caso das mulheres, e 65 anos de idade, caso dos homens — além de, pelo menos, 15 anos pagando regularmente o INSS. A idade mínima só seria diferente para professores (60 anos) e para policiais (55 anos), sem distinção de gênero.

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De acordo com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, “o Brasil inventou o Robin Hood às avessas, que tira dos pobres para dar aos mais ricos”. A aprovação da reforma da previdência, assim, serviria para acabar com privilégios. Michel Temer também endossou por diversas vezes a mesma opinião, dizendo que, caso a reforma da Previdência não seja aprovada, pode ocorrer quebra de controle sobre a economia. Essa situação, além de causar um eventual descrédito nacional e internacional, seria “péssima” para o país, nas palavras do presidente.

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Míssil

A ameaça de uma nova guerra nuclear não era tão latente desde a chamada “crise dos mísseis”. O embate aconteceu em 1962, quando os EUA descobriram que sua arqui-inimiga da época, URSS, instalava secretamente bases de lançamento de foguetes em Cuba, vizinha próxima.

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Os tempos mudaram, o inimigo agora é outro, mas o risco de mísseis cortando o céu norte-americano voltou à pauta das relações internacionais. Se a nação de Kim Jong-un realmente é capaz de fazer frente ao poderio bélico da principal potência do mundo, ninguém sabe ao certo. Provavelmente não. Mas quem colocaria a mão no fogo por isso? Nem eu, nem você, muito menos o Trump.

Isso não impediu que o milionário recém-chegado à Casa Branca desse suas alfinetadas no ditador norte-coreano. Primeiro, disparou elogios como “louco” e “homem-foguete”. Depois, Trump apelou para o bullying raiz e chamouKim Jong-un de “pequeno” e “gordo”. Quem fala o que quer, ouve o que não quer, claro. O troco veio na mesma moeda: o norte-coreano disse que o líder dos EUA era um “cachorro louco”, “ um velho lunático” e tinha “transtorno mental”, além de advertir que “pagaria caro” pelas ameaças feitas contra seu país na ONU. Até agora, porém, só testes e mais testes. É melhor que continue exatamente assim, aliás.

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Gemidão do zap

Em 2017, foi quase impossível usar o WhatsApp e passar ileso ao mesmo constrangimento: um gemido feminino ensurdecedor, que, no momento mais inoportuno possível, desatava a soar do celular de um desavisado. Normalmente, a brincadeira vinha através de um arquivo de vídeo que, quando executado, se revelava apenas uma imagem estática acompanhada do fatídico gemidão.

No ônibus, na fila do banco, na sala de aula é até mesmo no Senado Federal. Entrevistas com jogadores de futebol foram interrompidas (mais de uma vez, inclusive), programas ao vivo deixaram o áudio vazar em sua programação — nacional e internacional.

Depois de consolidada a moda, faltava descobrir a voz por trás de tudo isso. Pesquisas aprofundadas apontavam para um mesmo nome: Alexis Texas, estrela do universo pornô — e, agora, grande responsável por fazer o prazer feminino romper as barreiras da conveniência. Se hoje você tem o hábito de olhar para os dois lados antes de clicar em um link suspeito, é a ela que você deve agradecer.

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Bitcoin

A criptomoeda desvalorizou significativamente de ontem para hoje, é verdade. Mesmo assim, não dá para negar que 2017 foi o ano do bitcoin. Quem arriscou parte de seu patrimônio nessa forma de dinheiro no início do ano e guardou até o começo de dezembro viu o investimento aumentar assustadores 1800%. Isso permite eleger o bitcoin como a maior febre da história do dinheiro — como você, assinante da SUPER, pode entender melhor nesta matéria.

Apenas uma bolha econômica inacreditável? Uma nova maneira de fazer transações online que revolucionará em definitivo a forma como tratamos o dinheiro? Há quem defenda ferrenhamente as duas explicações. Quem sabe tenhamos mais respostas em 2018.

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