Brasil cai para lanterna em ranking de “Valorização do Professor”
Em um levantamento de uma organização internacional que considerou 35 países, aparecemos como a nação em que os docentes têm menor prestígio
Só 1 em cada 5 brasileiros recomendaria a carreira de professor a um filho, e apenas 9% acha que os estudantes respeitam seus mestres em sala de aula.
É por essas e outras que não surpreende muito descobrir que o Brasil ficou com a última posição em um ranking que avalia o status de profissionais da educação, chamado de Índice Global de Status de Professores 2018. Elaborado pela Varkey Foundation, entidade focada na melhoria da educação infantil, o relatório teve seus resultados divulgados na última quarta-feira (7). Em cada país, foram entrevistadas mil pessoas, de 16 a 64 anos, e mais de 5,5 mil docentes.
De uma lista de 35 países, somos a nação que menos valoriza seus professores. Éramos os penúltimos. Nossa posição foi piorada em comparação ao levantamento anterior: em 2013, o Brasil era o número 20 de um total de 21 países. Com o novo estudo, que considerou um número de nações quase duas vezes maior, passamos a amargar a lanterna.
O resultado brasileiro conseguiu ser pior do que o de todos os outros vizinhos de continente considerados na pesquisa. São eles, em ordem decrescente, a Argentina (31°), Colômbia (26°), Peru (25°), Chile (22) e o melhor do grupo, o Panamá (15°).
Apenas 8% dos brasileiros entrevistados disse que a profissão de professores tem prestígio semelhante a de um médico. Entre 14 profissões diferentes, incluindo cargos como médicos, enfermeiros, bibliotecários e assistentes sociais, brasileiros avaliaram professores de ensino fundamental em último lugar.
Melhor arrumar as malas e partir para a Ásia. Em países como China, Malásia e Taiwan, quem ensina tem maior prestígio. Coreia do Sul e Cingapura aparecem bem ranqueados, no top 6 dos que mais sinalizam respeito aos mestres – logo após a Rússia, quarto lugar. Na China, 81% das pessoas acreditam que os alunos respeitam seus professores. A média mundial é de 36%.
Na maioria dos países analisados, costuma-se subestimar a jornada diária e a carga de trabalho dos professores. As duas exceções para essa regra, curiosamente, correspondem a duas nações que sempre costumam figurar entre as principais referências mundiais em educação, Canadá e Finlândia.
No Brasil, entrevistados estimaram que professores trabalham, em média, por 39.2 horas por semana. Segundo o indicador, a realidade costuma ser, normalmente, de 47.7 horas semanais trabalhadas.
Em uma escala de zero a 10, a nota média do sistema educacional do país foi 4.2. Só o Egito deu uma nota menor para seus mestres, 3.8.
O chute feito pelos entrevistados brasileiros, nesse caso, passou bem perto da realidade. No ranking PISA, uma das principais avaliações de desempenho escolar do mundo, o Brasil é superado por 28 dos trinta países. Da lista, estamos na frente apenas o Peru. Todas essas considerações fazem parte da seção do relatório que trata especificamente da realidade brasileira.
“Esse levantamento finalmente é uma prova acadêmica de algo que sempre soubemos, meio instintivamente: a relação entre o respeito de um professor em dada sociedade e o desempenho das crianças na escola”, disse Sunny Varkey, fundador da instituição responsável pelo estudo, em entrevista à BBC. “Podemos, agora, afirmar sem dúvida alguma que respeitar os professores não é importante apenas como obrigação moral, é essencial para os resultados educacionais de um país”.
Você pode ler o relatório completo, e ter outras informações sobre o status de professores pelo mundo, clicando neste link.