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Desmatamento de áreas tropicais desacelerou no mundo em 2023 – graças ao Brasil (e à Colômbia)

Apesar da redução de 36% no Brasil, a perda de florestas mundo afora continua em ritmo preocupante, revelou um novo estudo.

Por Bruno Carbinatto
9 abr 2024, 16h00

Boa notícia: o ritmo do desmatamento de florestas tropicais no mundo todo desacelerou em 2023, revelou um novo estudo. Má notícia: a queda foi pequena – e o nível de destruição das áreas verdes no planeta ainda é extremamente alarmante, a ponto de que os países caminham para não cumprir suas metas ambientais. 

A conclusão é de um relatório divulgado no começo de abril pela World Resources Institute, uma organização não governamental ambientalista com sede em Washington, nos EUA. O estudo foi feito por meio de análises de imagens de satélite da ferramenta Global Forest Watch, que monitora a cobertura florestal do globo. A Universidade de Maryland também participou da pesquisa.

No ano passado, as áreas tropicais perderam 3,7 milhões de hectares de florestas primárias (as chamadas “matas virgens”, ou seja, florestas onde o impacto humano é nulo ou mínimo). Isso equivale a destruir o equivalente a dez campos de futebol por minuto. Mas, pelo menos, é uma melhoria em relação a 2022 – uma queda de 9% na área total desmatada, para ser mais exato. 

Mesmo assim, o resultado de 2023 é semelhante ao registrado ao de 2019 e 2021, então não dá para dizer que foi uma super evolução.

Entre os destaques positivos, o relatório cita o Brasil como um dos principais pontos que levou à queda no desmatamento. Por aqui, a perda de florestas tropicais caiu 36% no ano em relação a 2022. Só perdemos para a Colômbia, que viu uma redução de impressionantes 49% no desmatamento.

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Por outro lado, o aumento do desmatamento em países como Laos, Nicarágua, Bolívia e República Democrática do Congo “compensou” a redução vista no Brasil e na Colômbia, fazendo com que o saldo final do mundo fosse uma tímida redução de 9%.

O relatório cita que a queda no desmatamento no Brasil e também na Colômbia é fruto da mudança de regime político em ambos os países – com o início do governo Lula em 2023 por aqui, enquanto o atual líder colombiano, Gustavo Petro, assumiu em meados de 2022.

“Durante o mandato de Bolsonaro, o governo corroeu as proteções ambientais e enfraqueceu as agências de fiscalização. Em contraste, Lula comprometeu-se a acabar com o desmatamento na Amazônia e em utros biomas até 2030, e já tinha um histórico comprovado nesta questão desde seus mandatos anteriores”, diz o relatório.

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A equipe argumenta que medidas políticas parecem estar tendo impacto na redução do desmatamento, especialmente na Amazônia, onde a perda de floresta primária diminuiu 39% em 2023 em relação a 2022. Em outros biomas, os resultados não são tão animadores: no Cerrado, o desmatamento subiu 6%, revelou o relatório; no Pantanal, o problema também aumentou.

No caso da Colômbia, a equipe também elenca que medidas governamentais ajudaram na drástica redução do desmatamento.

A pesquisa focou nas florestas tropicais porque elas são as mais importantes quando o assunto é biodiversidade global e mudanças climáticas, por exemplo. Quando a métrica inclui todas as florestas, inclusive as boreais, 2023 registrou um aumento de 24% na perda de território florestado – e a explicação é uma só: o Canadá. No ano passado, o gélido país da América do Norte passou por uma temporada de incêndios florestais totalmente anormal, a maior já registrada. Se tirar os dados canadenses da jogada, o desmatamento global de todas as florestas cairia 4% no ano.

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Voltando para as florestas tropicais, o documento destaca que as notícias do Brasil e da Colômbia são muito positivas e trazem esperança – mas, com a piora do desmatamento em outras regiões, o mundo ainda está longe de cumprir sua meta de eliminar o problema até 2030. 145 países concordaram que, até o final da década, o desmatamento deverá chegar a zero. No ritmo atual, caminhamos para um enorme fracasso.

Não dá para jogar a toalha, porém. O relatório destaca os casos brasileiro e colombiano justamente como exemplos de que dá sim para mudar. “Os dados de 2023 demonstram que os países podem reduzir as taxas de perda de florestas tropicais se reunirem vontade política para o fazer, e os países que conseguiram fazer isso podem fornecer lições para outros”, destaca o estudo.

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