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É possível prever (e evitar) acidentes como o de Capitólio?

Desabamento de parte de cânion foi considerado uma “tragédia que poderia ter sido evitada”. Entenda como os estudos de risco geológico são feitos e quem é responsável por eles.

Por Luisa Costa
11 jan 2022, 18h06

No último sábado (8), o desabamento de um grande bloco de pedra sobre lanchas no Lago de Furnas, em Capitólio (MG), deixou ao menos dez mortos e 32 pessoas feridas. A Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) afirmou em comunicado oficial que o acidente que gerou comoção pelo país foi uma “tragédia que poderia ter sido evitada”. Então fica a pergunta: como prever (e evitar) acidentes como o de Capitólio?

O acidente

Primeiro, é importante entender como e por que o desabamento aconteceu. As chuvas intensas que atingiram o estado de Minas Gerais nos últimos dias são apontadas como um dos estopins para o deslizamento de parte do cânion.

O local já é suscetível a tombamentos por conta da presença de um tipo de rocha chamado quartzito. Ela apresenta rachaduras derivadas de processos naturais de desgaste que ocorrem ao longo de milhares de anos.

Existe um padrão de fraturas verticais e horizontais, e, conforme elas evoluem e se encontram, as rochas ficam mais suscetíveis a qualquer força de externa, como explica Estefânia dos Santos, professora de hidrogeologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) à Super

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O acidente aconteceu no momento em que uma cabeça d’água (uma forte onda causada por chuva intensa e localizada) atingiu uma cachoeira lateral ao paredão. Segundo a pesquisadora, a vibração causada pelo volume de água – que escoa através das fraturas – facilitou o descolamento do bloco de rocha.

Mapeamento e monitoramento de riscos

Para prevenir que desastres como este aconteçam, é importante que sejam feitos estudos de risco geológico. Segundo o prefeito de Capitólio, as análises de risco estavam em falta na região que é um dos principais pontos turísticos mineiros (recebendo até 30.000 visitantes em feriados).

Estudos de risco geológico são feitos onde eventos naturais oferecem algum risco socioeconômico – ou seja, onde tem gente. Eles são feitos por engenheiros capacitados em identificar áreas de risco. Isso é feito a partir da observação das características de um terreno, de indícios de instabilidade de encostas e da vulnerabilidade de construções, por exemplo.

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Não é possível prever quando um desastre desses pode acontecer, mas dá para classificar terrenos de acordo com o risco geológico que apresentam – e aí definir limitações de seu uso e ocupação.

Estefânia diz que o instrumento legal referente ao processo de monitoramento de riscos é a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (PNPDEC), instituída pela Lei nº 12.608/12. A execução da PNPDEC cabe aos estados e municípios, que devem realizar os estudos de risco geológico, além de mapear e fiscalizar as áreas que apresentam perigo – a partir da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros ou de vínculos com empresas.

No caso de Capitólio, por enquanto a discussão sobre a responsabilidade da prevenção e fiscalização continua em aberto. A Defesa Civil Nacional afirmou que monitorar riscos é responsabilidade municipal, e a Marinha vai abrir inquérito para investigar o acidente com as embarcações.

Segundo a SBG, na última década o Brasil foi o quinto país do mundo com maior número de vítimas de desastres naturais (como inundações e desabamentos), com mais de 41 milhões de pessoas afetadas.

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