Existem mais notas de R$1 do que de R$200 em circulação
A nota mais recente representa apenas 1,9% das cédulas do país. Entenda o motivo.
Pouca gente viu ao vivo, a maioria só ouviu falar. Já faz três anos que a nota de R$200 entrou em circulação, mas ela segue sendo a cédula mais rara do país – até mais que a de R$1, que parou de ser produzida em 2005. Segundo o Banco Central, em maio de 2024 há 148 milhões de notas de R$1 em circulação, e apenas 139 milhões de R$200.
Parece bastante, mas os papéis de R0 representam apenas 1,9% das 7,5 bilhões de cédulas circulantes. A maioria das notas do Brasil é de R0, que somam 1,9 bilhões de unidades.
A nota de R$200 já nasceu com um objetivo específico: facilitar o pagamento do auxílio emergencial de R$600 em 2020, durante a pandemia de covid-19. A cédula foi anunciada em junho daquele ano, e entrou em circulação em setembro. Uma nota de valor mais alto ajuda o governo a economizar com a impressão de cédulas: em vez de entregar seis cédulas de R$100, bastaria três de R$200 para pagar o auxílio.
Naquela época, com todas as incertezas sobre o futuro, boa parte da população estava guardando dinheiro em espécie em casa – prática conhecida como entesouramento. Isso diminui as cédulas em circulação nas ruas, aumentando ainda mais a demanda por elas.
Em resumo: a decisão do Conselho Monetário Nacional em lançar a nota de R0 naquele momento foi bastante influenciada pela pandemia. O Banco Central emitiu 450 milhões de cédulas em 2020, mas só 31% delas estão nas ruas. O restante continua retido pelo BC. Mas por quê?
O que aconteceu com as notas de R$200?
Um dos motivos para o sumiço é que as pessoas evitam usar a nota de R$200 no dia a dia. Por ser um valor alto, ela é alvo de falsificações e ainda dificulta o troco. Por isso, muitos comerciantes preferem não utilizá-la. A baixa demanda faz com que as instituições financeiras (como os bancos) não solicitem mais notas nesse valor.
Outro motivo é o crescimento do PIX, que se tornou a forma de pagamento mais popular do Brasil em 2023. Ele nasceu praticamente junto com a nota de R$200, sendo lançado oficialmente em novembro de 2020.
Mesmo assim, o número de notas estampadas com o lobo-guará vem crescendo a cada ano. Em setembro de 2020, havia 0,6 milhão de cédulas de R0 em circulação. Em dezembro do mesmo ano, já eram 53,4 milhões. Ao final de 2021, eram 93,3 milhões. Em 2022, 121,5 milhões. E em dezembro de 2023, 138,1 milhões de notas nas ruas.
Seguindo essa tendência de crescimento, a nova cédula deve ultrapassar as notas de R$1 em 2025. O Banco Central recolhe as notas de R$1 há quase 20 anos, mas elas continuam por aí.