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O CERN, maior laboratório de partículas do mundo, era ponto de encontro de cientistas durante a Guerra Fria

No século 20, o laboratório em Genebra reunia físicos americanos, europeus e soviéticos. Agora, o conflito entre Rússia e Ucrânia obriga pesquisadores a repensar quem deve continuar no CERN.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 28 mar 2024, 13h21 - Publicado em 7 mar 2022, 17h51

“Ciência para a paz”. Essa é uma das frases que estampa o site do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN, na sigla em francês), o maior laboratório de física de partículas do mundo. O lema faz referência ao seu contexto de criação: em 1950, cinco anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo já vivia um cenário polarizado entre o bloco capitalista no ocidente e o bloco socialista no oriente. 

A proposta de um centro internacional de pesquisas em física de partículas nasceu na mesma onda de outras organizações que tentavam solucionar conflitos internacionais, como a ONU. A ideia era promover um espaço de pesquisa para que cientistas do ocidente e oriente pudessem trabalhar juntos. Não à toa, o CERN foi construído em Genebra, na Suíça, graças ao histórico de neutralidade do país.

Nos últimos 70 anos, a colaboração internacional no CERN rendeu inúmeras pesquisas – sendo três delas vencedoras do Nobel. A World Wide Web (a famosa Internet), por exemplo, nasceu por lá inicialmente como um sistema de comunicação entre computadores. Também é no CERN que fica o maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC), responsável por confirmar experimentalmente a existência do bóson de Higgs.

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Apesar do histórico de paz, é inegável que a colaboração internacional no laboratório estremeceu nas últimas semanas. Físicos ucranianos estão pedindo que a Rússia seja expulsa do laboratório. Na última terça-feita (8), representantes das 23 nações que compõem o conselho do CERN decidiram suspender as colaborações com a Rússia. Mais de mil pesquisadores da Rússia estão no CERN, o que equivale a quase 8% dos 12 mil colaboradores. 

Em entrevista à Science, o físico teórico John Ellis, que trabalha no CERN há mais de 40 anos, disse que o laboratório não expulsou cientistas russos quando a União Soviética invadiu a Tchecoslováquia em 1968, ou o Afeganistão em 1979. O mesmo vale para as intervenções dos Estados Unidos em outros países.

Em 1989, o CERN acolheu pesquisadores e estudantes chineses após os protestos estudantis e o massacre que ocorreu na Praça Tiananmen, em Pequim. O físico Christoph Rembser, que trabalhava no laboratório na época, disse à Science que o CERN serviu como uma espécie de abrigo temporário para pesquisadores e estudantes que estavam saindo da China.

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Algo semelhante está acontecendo com a Ucrânia. O site do CERN informa que o setor de recursos humanos entrou em contato com pesquisadores ucranianos do laboratório para oferecer recursos materiais e ajuda psicológica se necessária. Há também uma arrecadação de fundos que será enviada à Cruz Vermelha na Ucrânia.

Esse não é o primeiro impasse que os pesquisadores russos enfrentam. Na última quinta-feira (3), a Roscosmos, agência espacial russa, informou que não irá mais colaborar com a Alemanha na Estação Espacial Internacional. Atualmente existem quatro astronautas americanos, dois russos e um alemão vivendo no laboratório orbital.

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