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Turquia proíbe ensino da Teoria da Evolução

A medida virá acompanhada de uma reforma curricular que aumenta tempo semanal dedicado a aulas de ensino religioso

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
28 jun 2017, 18h18
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  • Alpaslan Durmuş, ministro da Educação turco, proibiu o ensino da Teoria da Evolução nos colégios do país. “Nós acreditamos que esses assuntos estão além da compreensão dos estudantes”, afirmou em um vídeo publicado no site do órgão governamental. O ensino de Charles Darwin é polêmico no país, cuja vida política flutua entre um polo islâmico e um secularista – contrário à influência de crenças religiosas em decisões governamentais.

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    Segundo a CNN turca e o jornal britânico The Guardian, a medida é só a ponta de um iceberg de mudanças no currículo escolar do ensino médio. Em 14 de julho, as autoridades anunciaram que a partir do segundo semestre de 2017 o tempo semanal dedicado a aulas de biologia será reduzido de três para duas horas, a mesma duração dos cursos de física e química. As aulas de cultura religiosa e educação moral, por sua vez, ganharão uma hora semanal extra no cronograma, e aulas de gramática e literatura serão unidas sob uma única disciplina, que terá o tempo reduzido. 

    Para a parcela do governo favorável à separação entre Igreja e Estado, a medida corrompe o espírito da república fundada por Mustafa Kemal Atatürk em 1923. O revolucionário, de inspiração iluminista, pôs fim ao Império Otomano após a 1º Guerra Mundial e fundou o regime que, apesar de pontuado por ditaduras militares ao longo do século 20, vigora até hoje. Nas aulas de filosofia e história, a apresentação do Ataturkismo, ideologia por trás do movimento republicano, foi adiada para o 12º ano – equivalente, no Brasil, ao terceiro ano do ensino médio.

    Até onde se sabe, o ensino de Darwin não será proibido nas universidades. Graduado em Teologia, Durmuş também é doutor em administração escolar e foi consultor pedagógico por mais de dez anos antes de assumir cargos no governo.

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    As medidas seguem a linha de atuação preferida pelo presidente Recep Tayyip Erdoğan desde a convulsão política do ano passado, quando as forças armadas turcas tentaram um golpe de Estado. O ato desencadeou uma resposta autoritária, com demissões, prisões e suspensões em massa de opositores no setor público e no exército. Em geral, os partidários de seu governo, de orientação religiosa, se opõem às camadas mais privilegiadas da sociedade turca, que têm grande influência da cultura e ciência ocidentais, e afirmam que o novo currículo pretende dar mais valor a intelectuais turcos.

    Quando assumiu o cargo de primeiro-ministro, em 2003, Erdoğan era visto pela União Europeia como símbolo de tolerância religiosa e avanço na Turquia. Agora na presidência, é acusado pela oposição de associações com grupos que apoiam a implantação de um Estado muçulmano no país.

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    Em 29 de janeiro, Numan Kurtulmus, atual primeiro-ministro adjunto, afirmou em entrevista à CNN turca que não considera o pensamento de Darwin válido no mundo contemporâneo. “Cientificamente, a Teoria da Evolução já é arcaica e contestada. Não há uma regra que nos obrigue a ensiná-la. Talvez ela deva entrar no currículo como uma de várias teorias.”

    “Toda a mudança curricular está afastando o sistema de educação do pensamento científico e transformando-a em um sistema religioso dogmático”, afirmou à imprensa Ebru Yigit, política, ativista e defensora do ensino de ciência. “A eliminação da unidade sobre evolução das aulas é o exemplo mais concreto disso.”

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