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Um barulho misterioso e persistente está deixando uma cidade canadense maluca

Faz oito anos que Windsor lida com uma vibração sem solução – que balança janelas, assusta animais e está causando problemas psicológicos nos moradores

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
20 fev 2018, 18h56

Faz mais de oito anos que Windsor, uma cidade canadense colada na fronteira com os EUA, vibra. É um som grave e ritmado, descrito pelos moradores como o do motor de um caminhão em ponto morto, ou o baque no peito quando cai um trovão em um lugar distante. O som vem sem aviso prévio. Faz as janelas vibrarem, assusta os animais e não tem duração nem intensidade definida – pode vir alto ou baixo, durar minutos ou dias.

O assunto está em pauta faz tempo. “Não dá para fugir”, afirmou um morador ao Guardian em 2016. “Você sai para cortar a grama do jardim, ou para tomar um pouco de sol, e o barulho está sempre lá”. Neste ano, uma mulher que estava considerando mudar de cidade por causa do som inexplicável deixou um depoimento no Facebook:  “Já pensou deixar de vez tudo que você conhece e ama só para não ter nada vibrando no seu ouvido por horas a fio?”

A origem do ruído de 35 Hz – mais grave que a nota mais grave de um baixo elétrico – ainda é um mistério. Foi criado um grupo de Facebook, hoje com 1,4 mil membros, para facilitar a interação dos cidadãos com duas universidades e um órgão do governo federal, que ainda não chegaram a conclusões definitivas. Algumas pessoas têm medo de que o som afete os alicerces de suas casas. Outras sentem enjoos recorrentes.

Windsor fica às margens do rio Detroit. Do outro lado, já em território americano, fica a cidade que ele batiza: Detroit, que foi, por muito tempo, o mais próspero polo da indústria automotiva nos EUA. Em um estudo de 2013, a equipe de Colin Novak, da Universidade de Windsor, conseguiu rastrear a origem da vibração à ilha de Zug – uma pequena massa de terra no rio entre os dois países, que é propriedade da siderúrgica U.S. Steel. Um estudo anterior, de 2011, e um posterior, de 2014, reforçam a associação entre a vibração e as atividades da empresa.

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A ilha de Zug, oficialmente, pertence a River Rouge, uma cidade industrial na periferia de Detroit com apenas 8 mil habitantes. Ou seja: para as autoridades de Windsor conseguirem resolver o problema, elas precisam primeiro passar por negociações diplomáticas com o governo americano, para só então convencer a siderúrgica a verificar se há algo de errado com seu equipamento e providenciar os reparos ou modernizações necessárias. A empresa é resistente: faz anos que não responde a pedidos de entrevista nem dá declarações sobre o assunto. O acesso físico à ilha é restrito.

Especialistas afirmam que restrições legais a poluição sonora produzida por indústrias geralmente se aplicam a ruídos muito altos, que podem causar dano físico à audição. Bem-estar e problemas psicológicos acabam não entrando na conta. Depois de campanhas de conscientização, grupos de Facebook, pesquisas científicas e contato com políticos influentes, as autoridades locais estão considerando oferecer imunidade legal à empresa caso ela se disponha a investigar a origem do ruído – em outras palavras, prometer não processá-los nem pedir indenizações em troca de providências. Uma esperança que pode fazer Windsor vibrar  – dessa vez, de felicidade. 

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