Como funciona o Shoelace, a nova rede social do Google
Com sugestões de passeios e eventos entre pessoas com gostos em comum, a ideia dessa plataforma ultra-millennial é incentivar encontros offline.
Apesar da onipresença em nossas vidas digitais, o Google não tem um bom histórico quando o assunto é rede social. O Google Plus, lançado em 2011, viveu oito longos anos sem muita relevância até ser descontinuado em abril de 2019. O Orkut até teve sucesso no Brasil, mas foi subjugado pelo Facebook e extinto em 2014.
O passado de inglórias parece não abalar a empresa de tecnologia, que lançou recentemente o Shoelace, uma rede social voltada para fortalecer encontros fora da tela do celular. Como? Pois é. Vamos entender como ela funciona.
A proposta do aplicativo, que é definido como uma “rede social hiper-local”, é fazer com que o usuário se conecte com pessoas que possuem interesses similares para ir a lugares próximos e passeios que ambos curtam, como um show ou uma partida de futebol. O nome “Shoelace” tenta passar essa ideia: é a palavra em inglês para “cadarço”. A rede social, então, serviria para “amarrar” as pessoas de acordo com seus gostos em comum.
Seguindo a ideia do cadarço, o Shoelace possui uma funcionalidade chamada “Loops”, que, em português, dá para traduzir como “laços” (como os de um tênis). Na prática, é uma lista de eventos que o app monta com base em sua localização e no que você gosta de fazer – segundo um perfil que começa a ser montado com as informações que você preenche ao criar uma nova conta. Também dá para montar o próprio evento e convidar pessoas, estejam elas no Shoelace ou não.
Aliás, é bem provável que elas não estejam. Por ora, só é possível usar o Shoelace se você receber um convite. Além disso, o serviço está disponível apenas na cidade de Nova York. O motivo da restrição, segundo a empresa, é para que se entenda o que funciona (e o que não) antes de expandir o app para outros lugares.
Quem está por trás do Shoelace é a Área 120, uma divisão de trabalho do Google voltada a projetos experimentais. Ela funciona como uma incubadora interna de startups: funcionários inscrevem o seu projeto pessoal e, se aprovado, eles saem da posição que ocupavam antes para desenvolver a ideia com todo o apoio intelectual e, claro, financeiro da companhia.
Criada há três anos, a Área 120 criou projetos como o Grasshopper, um aplicativo que ensina programação por meio de tutoriais simples e interativos. A divisão (e o seu nome) vêm de uma piada sarcástica dos próprios funcionários do Google em cima de uma das premissas da empresa – a de quem trabalha lá poderia usar 20% do tempo para desenvolver projetos e planos pessoais. Segundo a revista Fast Company, a ideia, apesar de boa na teoria, nunca se aplicou a rotina exaustiva de trabalho dos empregados da companhia. Conclusão: esses 20% só poderiam ser atingidos se a jornada do funcionário fosse de 120% de tempo (sim, é impossível, daí a piada).
Ainda é cedo para saber se o Shoelace vai vingar – o Google já começou a procurar novos lugares para aumentar a área de atuação do aplicativo. Fazer um serviço que incentive as relações offline em pleno 2019 é um esforço louvável. E a julgar pelos materiais de divulgação da plataforma, já dá para sacar qual será o público alvo apenas olhando os exemplos de uso que eles imaginaram para o Shoelace. Um evento para praticar yoga no parque? Um encontro em um lounge bar para jogar pingue-pongue? É quase uma esquete de humor sobre a geração millennial.