Se fosse no Brasil, já teria gente rabugenta dizendo que brasileiro é assim mesmo, tudo se quebra logo. Mas, como goza da bênção de ser obra dos Estados Unidos – e, sejamos justos, uma verdadeira obra-prima da tecnologia espacial –, o telescópio Hubble mereceu grandes e elogiosas manchetes por ocasião da sua segunda entrada na oficina, em fevereiro passado. A missão, com onze dias de duração, levou sete astronautas a bordo do ônibus espacial Discovery para reparar partes do supertelescópio, desgastadas pelo uso. Além disso, trocou alguns equipamentos por novos, mais potentes. Um deles, chamado espectógrafo de imagem, decompõe a luz captada pelo telescópio e analisa a composição, a temperatura e o movimento do corpo observado. O aparelho vai aumentar em trinta vezes a capacidade do Hubble de identificar buracos negros, analisar a distribuição de matéria escura do Universo e assistir à formação de estrelas. Mas a vedete da missão são as três novas câmeras de infravermelho. Apelidado de NICMOS, o aparelho é ferramenta fundamental para vasculhar os confins do Cosmo e estudar temas polêmicos, como a expansão e a idade do Universo.
Cenas do cotidiano espacial
Entre o o peso da responsabilidade e a leveza da falta de gravidade, o pessoal desfrutou de uma bela vista, a 600 quilômetros acima da Terra.
No quarto dia, Steven Smith substituiu o antigo espectrógrafo por outro, mais potente. Lá em cima tudo é leve. Mas, no nível do mar, a caixa pesaria 347 quilos.
No quinto dia, o furacão Josie é flagrado ao sul da Ilha de Madagáscar, com rajadas de vento de até 200 quilômetros por hora. Visto de longe o furacão é decorativo.
E ainda deu para posar com a Terra ao fundo. No sexto dia, o astronauta Joseph Tanner tirou a foto que deve ter virado um poster em casa. Ou alguém duvida?
Para instalar os novos equipamentos e fazer os reparos no Hubble, os astronautas tiveram de caminhar em espaço aberto.