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Hale-Bopp, o cometa do século. Será?

Se tudo continuar como agora, ele vai aparecer no céu, em 1997, tão brilhante quanto o planeta Vênus.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h40 - Publicado em 29 fev 1996, 22h00

Augusto Damineli Neto

A partir deste mês já é possível ver o cometa Hale-Bopp por meio de pequenos instrumentos. Ele aparece pouco antes do amanhecer, perto da constelação de Sagitário (veja o quadro ao lado). Por enquanto, o prometido cometa do século não passa de um algodãozinho luminoso. Mas, quando se aproximar mais do Sol, em março de 1997, poderá superar todos os espetáculos do passado. Inclusive a magnífica passagem do Halley em 1910. Veja, no quadro abaixo, como você poderá acompanhar o cometa ao longo de sua viagem nas vizinhanças da Terra. Nos próximos meses, nossa coluna De Olho no Céu vai mostrar exatamente onde ele estará a cada momento.

O Hale-Bopp tem tudo para dar um grande espetáculo: vai voar bem perto da Terra e, principalmente, seu núcleo deve ejetar grande quantidade de material. É condição básica para formar uma cauda gran-de. No dia 31 de março, ele chega ao periélio, o ponto mais próximo do Sol, a cerca de 140 milhões de quilômetros. Nesse ponto, o cometa al-cança brilho máximo. Um pouco antes disso, no dia 23 de março, o Hale-Bopp desfila ao lado da Terra – passa a 194 milhões de quilômetros. O que mais anima os astrônomos é que o núcleo de gelo deve evaporar rapidamente. E quanto mais rápido evaporar, maior serão a cauda e a coma (que é uma massa de gás e poeira em torno do núcleo). Nesse caso, o brilho pode ser incrível.

Quando foi descoberto, em 23 de julho de 1995, o Hale-Bopp já era 250 vezes mais brilhante que o Halley à mesma distância. Normalmente, a quantidade de poeira e gases aumenta à medida que o cometa se aproxima. Se tudo correr de acordo com os cálculos, seu brilho no periélio vai se equiparar ao da estrela Sirius, a mais luminosa do céu. Mas é impossível ter certeza de que essa pirotecnia cósmica vai mesmo acontecer.

Nos anos 70, o cometa Kohouteck prometia um belo espetáculo quando estava longe da Terra. Acabou dando um fiasco quando se aproximou do Sol. Da mesma maneira, o Hale-Bopp pode não aparecer mais do que a Intrometida, a estrelinha que fica entre os braços do Cruzeiro do Sul. Tudo depende da taxa de evaporação. E é um desafio prever seu valor por causa da coma, que esconde o núcleo e não deixa ver o gelo e a poeira escapando. A única forma de ter certeza seria levando uma nave espacial até lá. Na falta, o melhor que temos é o Telescópio Espacial Hubble. As fotos que ele já tirou mostram um núcleo de 40 quilômetros de diâmetro, quatro vezes maior que o Halley e 64 vezes mais pesado (veja o infográfico abaixo).

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Uma das metas dos atrônomos é descobrir a composição exata do núcleo. Como em todos os outros cometas, a bola de gelo sujo tem uma temperatura que encosta no zero absoluto, 273 graus negativos. Dessa massa glacial, a poeira e os gases são ejetados na forma de geisers ou minivulcões.

A grande distância do Sol, o principal gás expulso é o CO, ou monóxido de carbono (o mesmo que sai do escapamento dos automóveis). Aos poucos, mais aquecido pelo Sol, o núcleo começa a soltar água. Se a quantidade de água for maior que a de CO, a coma do Hale-Bopp vai crescer (no momento da descoberta ela tinha 1 milhão de quilômetros de diâmetro). Mas pode não mudar muito, se houver mais monóxido do que água.

A posição do cometa pode ser calculada com precisão admirável, indicando que sua órbita é uma elipse com um eixo de 3,5 bilhões de quilômetros (isso é 23 vezes mais do que a distância da Terra ao Sol).

Daí se deduz que o Hale-Bopp leva 3 000 anos para dar uma única volta no sistema solar. Quer dizer também que ele saiu há muito tempo do grande ninho dos cometas: a Nuvem de Oort, que fica muito além de todos os planetas. Portanto, o Hale-Bopp deve ter passado dezenas de vezes pela região dos planetas sem jamais ter sido visto. Ele não tinha ainda uma órbita regular, centrada no Sol. Se essa idéia for verdadeira, o Hale-Bopp não é um cometa novo e deve ter uma evaporação abundante.

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Para saber mais:

Na Internet: https://www.skypub.com/comets/halebopp.html

https://newproducts.jpl.nasa.gov/comet

https://www.eso.org/comet-hale-bopp/comet-hale-bopp.html

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Augusto Damineli Neto é doutor em Astrofísica pelo Instituto Astronômico e Geofísico da Universidade de São Paulo

O que você vai ver

Até 23 de abril de 1997, o Hale-Bopp se aproxima da Terra. Depois, começa a ir embora.

1996

Março a julho: Visível por meio de binóculos e pequenos telescópios pouco antes de amanhecer.

Agosto: Observadores experientes podem localizá-lo a olho nu na primeira metade da noite.

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Setembro a novembro: Observadores menos experientes, bem instruídos, podem vê-lo a olho nu no início da noite.

Dezembro a janeiro: O brilho aumenta muito, só que o cometa está perto do Sol. Ou seja, fica no céu de dia, o que dificulta a visão.

1997

Fevereiro à metade de março: As chances de observação aumentam, antes do amanhecer.

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Metade de março a metade de abril: Está com brilho máximo, mas é difícil de ser visto no hemisfério sul. Maiores chances para os estados brasileiros da região Norte, ao amanhecer.

Metade de abril a julho: A proximidade do Sol e o brilho da Lua dificultam a observação, ao amanhecer.

Julho a setembro: Visível a olho nu a partir do hemisfério Sul, ao amanhecer.

Outubro a dezembro: O cometa se afasta e só é visível por binóculos, ao amanhecer.

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