Microfotografia : O documento do tamanho
Ângulos especiais de insetos, flores e folhas produzem fotografias com imagens surpreendentes e intrigantes.
As técnicas do close-up e da microfotografia proporcionam surpresas quando as lentes da objetiva enquadram a natureza. A plantas e animais, corretamente explorados por foles e mentes de aproximação, revelam imagens insólitas, criadas a partir do superdimensionamento do mundo que os cerca. Em geral observa-se o conjunto das plantas de um jardim como um viajante ao longo da estrada, que apenas percebe o desfile sucessivo da paisagem e raramente se debruça sobre a relva, procurando uma imagem diferente das habituais. E, muitas vezes, é ali que está escondido o exótico bicho ou a escultural semente a espera de serem ampliados por uma lente de aproximação.
Existem duas técnicas para captar imagens dos pequenos seres vivos: a microfotografia e a macrofotografia. Como o nome sugere, na microfotografia a imagem do objeto é ampliada através das lentes de um microscópio. São fotos que requerem o ambiente e o equipamento de um laboratório – microscópio, lâminas, lamínulas, e micrótomo, o aparelho que faz finíssimos cortes no espécime a ser estudado. A Câmara pode ser acoplada a ocular do microscópio, ou já estar adaptada a ele. A macrofotografia, por sua vez, busca um contato mais imediato com a natureza. O equipamento básico deve consistir em uma câmera monoreflex (SLR Single Lens Reflex, que permite observar a cena através da própria objetiva , facilitando a composição e o foco), uma lente macro com um anel de aproximação, um tripé e um pequeno flash.
O terreno baldio mais próximo ou mesmo um simples vaso de plantas dentro de casa deve fornecer material suficiente para as primeiras experiências. O fotógrafo precisa encontrar um ângulo, um detalhe intrigante, buscando com a câmera o enquadramento perfeito. Só então o tripé entra em ação. Com a Câmara no tripé, é possível ajustar milimétrica mente o foco, estudar a composição e optar por um anel de aproximação, que permite chegar mais perto dos detalhes. O flash não precisa ser muito sofisticado; basta ser independente da câmera, para variar um ângulo de iluminação.
Muitos objetos pedem uma iluminação frontal, direta. Outros serão realçados pela iluminação lateral, que acentua os relevos. Com o tempo e a prática o fotógrafo aprende a colocar o flash na melhor posição. As pequenas distâncias envolvidas na macrofotografia permitem que até mesmo os mais simples dos flashes fornece uma iluminação adequada.
A maioria das experiências nesse campo da fotografia é gratificante, principalmente se o modelo é estático. Algumas dificuldades começam a surgir quando, por exemplo, o fotógrafo se propõe a superdimensionar uma aranha, daquelas capazes de atacar o homem, ou, pior, quando se passa a considerar digna de registro a enigmática pupila vertical de uma jararaca. É aí que o macrofotógrafo se vê na necessidade de desenvolver técnicas fotográficas alternativas, para alcançar seus objetivos e sair ileso.
Obviamente, existem macetes para cada tipo de objetivo que se busca dentro do reino animal. Mas cada fotógrafo acaba descobrindo sua maneira de lidar com a natureza e seus próprios macetes. As cidades abrigam uma considerável população de animais não domesticados (anfíbios, répteis, aves, insetos, etc.), diariamente em contato com o homem, muitas vezes de maneira dissimulada. Eles estão espalhados, em maior ou menor concentração, ao longo dos parques, clubes e terrenos baldios. Essa forma urbana, quase desconhecida, oferece uma rica fonte de experiências fotográficas, por tabela, de conhecimentos biológicos.
Através dela se pode chegar a entender melhor a vida daqueles bichos mais distantes, em ambientes naturais pouco acessíveis, como o Pantanal e a Amazônia, no caso brasileiro. Afinal, a consideração pelos seres vivos que estão em lugares tão remoto muitas vezes deve começar por aqueles que, sem ser notado, estão nas proximidades.