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Pensando em ir para o Threads? Relembre 4 desventuras de Musk no Twitter

Demissões em massa, emojis de cocô para jornalistas (inclusive da Super), o retorno de Trump, a venda de selinhos azuis... Fizemos uma retrospectiva dos tropeços do bilionário no comando da rede.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 14 mar 2024, 14h14 - Publicado em 7 jul 2023, 14h44

Cortes de funcionários causando bugs em massa

Musk assumiu o cargo de CEO em 27 de outubro de 2022. Em 4 de novembro, ele começou a fazer demissões em massa na empresa em uma tentativa de cortar custos estima-se que, dos 7,5 mil funcionários do Twitter pré-Elon, apenas metade sobreviveu a essa primeira onda.

Ainda em novembro, Musk soltou um ultimato para os empregados restantes: que se submetessem a uma rotina hardcore no Twitter 2.0, ou que simplesmente saíssem. Entre o amá-lo ou deixá-lo, muitos realmente meteram o pé, o que interrompeu trabalhos vitais para a manutenção da rede social.  

Então, vieram novas levas de demissão, com diversas equipes afetadas: RH, inteligência artificial, engenheiros de software…

Com tantos desfalques, a plataforma falhou pela primeira vez em 28 de dezembro do ano passado. Usuários relatavam problemas para logar no site, postar, compartilhar, curtir e ver tweets. Várias funções do app ficaram, para usar o eufemismo favorito das big techs, instáveis. Casos assim se repetiram várias vezes ao longo dos meses seguintes, com frequência crescente

O time de comunicações também ficou desfalcado; a imprensa ficou semanas sem obter respostas sobre o caos em que a plataforma se encontrava. Então, Musk tomou uma iniciativa. Em sua conta, publicou: “press@twitter.com [o e-mail de atendimento à imprensa do Twitter] agora responde automaticamente com 💩”.

Ainda é assim, nós testamos nesta quinta (7). Olha o print aí embaixo:

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Print de troca de e-mails da Superinteressante com o atendimento à imprensa do Twitter. A resposta automática da rede social é um emoji de cocô.
(Leonardo Caparroz/Superinteressante)

Banido, desbanido

Com menos de um mês no cargo, Musk usou seu poder para restaurar a conta de diversos personagens polêmicos sob o pretexto da liberdade de expressão. O mais conhecido foi o caso da conta de Donald Trump, que havia sido suspensa após a invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021.

Segundo a administração do Twitter da época, as postagens do ex-presidente americano violavam as regras que proíbem glorificação da violência. Musk conduziu uma enquete em seu perfil para tomar a decisão, em que 52% votaram para que a conta fosse reativada. “A voz do povo é a voz de Deus”, tuitou o bilionário em seguida. Desde que foi readmitido, Trump não fez nenhuma publicação.

Quando comprou a rede, Musk afirmou que seu comprometimento com a liberdade de expressão se estendia até às contas que ele não gostava, como a que fiscalizava as desventuras de seu jatinho particular. 

Sim, seu jatinho. A conta @ElonJet tinha mais de 500 mil seguidores e usava informações públicas para rastrear e informar os aeroportos em que o avião privado de Musk parava. Jack Sweeney, o jovem programador americano por trás da conta, também acompanhava os jatos de Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e de várias agências governamentais.

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Os verbos estão no passado porque a misericórdia democrática de Musk com Sweeney teve vida curta. Um mês depois da primeira declaração, todas as contas de Sweeney foram banidas incluindo sua conta pessoal. Segundo as novas diretrizes do Twitter, publicadas 24 horas antes do banimento, fica proibido compartilhar a localização atual de alguém.

O tal Twitter Blue

Talvez a maior polêmica da gerência do bilionário seja a implementação do Twitter Blue ou melhor, a reforma desastrada do serviço. O Twitter Blue já existia antes de Musk, mas os benefícios eram diferentes: os assinantes tinham vantagens como organizar itens salvos em pastas, a habilidade de revisar um tweet antes de postá-lo e um modo de leitura para threads (os “fios”) muito longas.

Agora, pagar a taxa mensal de R$ 42,00 confere ao usuário a possibilidade de editar seus tweets, fazer publicações de até 25 mil caracteres, postar vídeos mais longos e em melhor qualidade, te dá menos anúncios, prioridade nas conversas e buscas e, o principal, um selo azul ao lado do nome.

Esse selinho antes era reservado apenas a pessoas notórias, um seleto grupo que o Twitter julgava importante manter na plataforma e, acima de tudo, manter identificável, para garantir que nenhuma conta fake se passasse por uma celebridade ou empresa famosa.

Agora, qualquer um que desembolsar a bagatela pode ter um selo. Até mesmo você.

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Isso já gerou confusões, como era de se esperar. Menos de um mês após a implementação, um usuário transformou sua conta em uma imitação da gigante farmacêutica Eli Lilly e fez a seguinte publicação: “Temos o prazer de anunciar que insulina agora é gratuita”.

Nos EUA, onde não há uma rede pública para fornecer o medicamento gratuitamente a todos os cidadãos, a Lilly vende cada frasco por, no mínimo, US$ 35,00 (mais de R$ 170). O tweet foi recebido com espanto, mas não era verdade.

A conta “verificada” usava o mesmo nome de usuário que a empresa, mas um das letras “L” minúsculas era substituída por uma letra “i” maiúscula. Na tipografia usada na época, as duas letras eram dificílimas de diferenciar, o que tornava a conta clonada indistinguível da original. 

Captura de tela mostrando tweet postado por uma conta
O tweet e a conta original foram apagados, mas o print sobrevive. Olhando bem, dá para perceber que os “ls” minúsculos em “Lilly” não são exatamente da mesma altura. (Twitter/Reprodução)

Demorou para o Twitter retirar a postagem do ar, e a farmacêutica teve que vir a público pedir desculpas pela confusão. Mas o estrago já estava feito. Com o mal-entendido, as ações da empresa despencaram 4,3% de um dia para o outro.

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Agora, mesmo as contas que pagam têm que obedecer a algumas diretrizes. Elas precisam registrar um número de celular, ter mais de 30 dias, perfil completo e não podem, é claro, serem fakes. Ações como mudar o nome da conta, o nome de usuário ou a foto de perfil fazem o usuário perder o selo temporariamente, até a empresa avaliar que a mudança não viola nenhuma regra.

Também surgiram algumas novas formas de verificação. Um selo dourado, que significa que se trata de uma conta de uma empresa, e um selo cinza para organizações governamentais.

Não bastassem as cores todas, a confusão se instalou de vez quando pessoas que não pagaram pelo Twitter Blue apareceram com o selo. É que Musk resolveu bancar o verificado de algumas pessoas pessoalmente.

Aconteceu com vários personagens influentes, como o jogador de basquete LeBron James e o escritor Stephen King, que admitiram publicamente que não pagariam pelo serviço. O perfil dessas personalidades passou a dizer que elas haviam assinado o serviço e, por consequência, apoiavam o projeto de Musk, o que não era verdade.

Até hoje permanece incerto como o sistema funciona. Após 20 de abril deste ano, algumas contas verificadas antigas começaram a perder o selo, mas outras mantiveram a identificação mesmo não pagando. Especula-se que, se você já tinha o selo antes e possui muitos seguidores, a tendência é que ele permaneça gratuitamente. 

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“Taxa limite excedida”

A mais nova controvérsia de Musk como síndico da casa do pássaro é a limitação da quantidade de tweets que um usuário pode ver por dia. Contraditório para uma rede social, que se beneficia do tempo que você passa rolando a timeline sem se dar conta da vida.

Segundo um tweet de Musk, contas assinantes do Twitter Blue poderiam ler “só” 6 mil posts por dia. Se você não paga o serviço, estaria restrito a um décimo disso: 600 por dia. E para contas novas, a metade: 300. Depois de receber críticas, os valores foram aumentados para 10 mil, mil e 500, respectivamente.

Segundo ele, os “limites temporários” buscam “lidar com os níveis extremos de extração de dados e manipulação do sistema”. Várias empresas de inteligência artificial que fazem softwares como o ChatGPT puxam posts do Twitter para alimentar seus bancos de linguagem, o que, segundo ele, atrapalhava o desempenho do app para usuários comuns.

É de se admitir que só usuários muito viciados bateriam essas cifras. Seja como for, a medida é inédita no mundo das redes sociais e pode atrapalhar funcionários de empresas que trabalham com mídias sociais e precisam consultar um caminhão de tweets como parte de sua rotina de trabalho.

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