Segredos de um pontinho luminoso
A estrela Vega gira tão depressa que se torna uma esfera deformada, mais quente nos pólos do que no equador.
Thereza Venturoli
Quer ver quanta coisa interessante o céu esconde, disfarçada em pontinhos brilhantes? Peguemos um desses pontos, a estrela Vega, alfa da Constelação da Lira. Imagine você que ela já foi a estrela polar. Há 14 000 anos, o pólo norte celeste (que corresponde ao pólo norte terrestre) era marcado por Vega. Hoje o pólo está bem onde brilha uma outra estrela, a Polaris. Mas, daqui a 12 000 anos, Vega reassumirá a posição. E assim por diante. As duas estrelas vão se revezando, a cada 26 000 anos. Esse ponto imaginário muda de lugar ao longo do tempo porque o eixo de rotação da Terra faz um tipo de bamboleio. Vega também é uma séria candidata a mãe de um sistema solar. Em torno dela existe um disco de poeira do qual podem nascer planetas semelhantes à Terra e seus vizinhos. Ela seria um sol um tanto ou quanto diferente do nosso. Para começar, é três vezes mais pesada e maior. Sua temperatura também é bem mais alta. E a rotação é muito mais rápida. Enquanto o Sol leva, em média, 27 dias para dar uma volta completa em torno de si mesmo, Vega precisa de apenas 11 horas.
Esquisitíssima, ela tem seus pólos mais quentes do que o equador. É que seu giro acelerado faz com que a matéria escape dos pólos e se acumule no equador. Assim, os pólos se achatam e ficam mais perto do centro – o coração da fornalha nuclear. É claro que, a uma distância de 25 anos-luz, você não consegue ver nada disso (lembre-se que 1 ano-luz mede 9,5 trilhões de quilômetros). Mas não é curioso saber desses detalhes quando olhar para aquele pontinho brilhante sobre o horizonte norte?
Um trio brilhante
Vega forma com outras duas estrelas, Altair e Deneb, um conjunto que é chamado de Triângulo do Verão.