Um HD no DNA
Esqueça os discos rígidos, os DVDs e Blu-rays. Agora existe uma maneira muito melhor de armazenar arquivos digitais: o seu código genético
Rodrigo Rezende
Chegou o maior lançamento literário do ano. É o livro Regenesis, do geneticista George Church. Não que um livro técnico de biologia vá virar o novo 50 Tons de Cinza. A graça aqui é que ele foi escrito em moléculas de DNA.
Que o código da vida pode ser usado para armazenar dados, a ciência já sabia. Mas o que George Church fez com o conjunto de letrinhas ACGT – velho conhecido das aulas de biologia e que forma o título do filme Gattaca (1997) – é inédito. Ao codificar 53 mil palavras, 11 imagens e mais um aplicativo de internet, num total de 5,7 megabytes, ele superou em mais de mil vezes a quantidade de informação já armazenada em DNA. E, se você se pergunta “Por que usar DNA em vez de memória flash ou DVD?”, há uma razão bem convincente para isso: é possível armazenar 5,5 milhões de gigabytes em um cubinho de um milímetro cheio de DNA. Apesar de ainda não ser comercialmente viável, é o método de armazenamento mais poderoso conhecido pelo homem – apenas 4 gramas de DNA poderiam guardar toda a informação produzida pela humanidade em um ano. Sem contar que também é o mais resistente e durável. Como diz Church: “Você poderia jogar um chip feito com DNA no deserto ou no seu quintal e ele estaria lá, intacto, 400 mil anos depois”.