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Vaca geneticamente modificada produz proteínas da insulina humana em seu leite

O avanço na produção de insulina através de vacas transgênicas pode ser uma solução para resolver problemas globais de abastecimento do hormônio

Por Caio César Pereira
Atualizado em 18 mar 2024, 18h40 - Publicado em 18 mar 2024, 17h59

Uma equipe internacional de pesquisadores brasileiros e norte-americanos desenvolveu pela primeira vez uma vaca transgênica com a capacidade de produzir insulina humana em seu leite. Os pesquisadores ainda estão cautelosos, mas acreditam que o sucesso desse experimento pode representar a solução para os problemas de abastecimento da insulina no mundo.

De acordo com dados da Federação Internacional de Diabetes, pelo menos 537 milhões de pessoas no mundo inteiro vivem com diabetes. Mas esse número pode aumentar ainda mais. Uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet revelou que esse número pode chegar a 1,3 bilhão até 2050.

A falta da produção da insulina no próprio corpo faz com que o paciente precise tomar esse hormônio via externa para controlar o nível de glicemia no sangue. Ele foi descoberto em 1921, com os diabéticos utilizando o hormônio do pâncreas de porcos ou de gado bovino.

Mesmo salvando várias vidas, a insulina proveniente de porcos ou bois podia causar reações alérgicas nos pacientes. Assim, décadas depois, em 1978, pesquisadores conseguiram desenvolver a primeira insulina sintética, com bactérias Escherichia coli produzindo o hormônio.

Hoje, pessoas com diabetes podem escolher o tipo de insulina que precisam utilizar, com algumas de sendo ação rápida ou até mais prolongada. Mesmo com opções, a obtenção da insulina ainda pode ser algo difícil devido às lacunas para a obtenção da insulina globalmente. 

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Dessa forma, a produção de insulina pelo leite da vaca pode ser a chave para resolver esse problema. O estudo foi liderado pelo pesquisador da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, Matt Wheeler. Ele e sua equipe inseriram um segmento específico de DNA humano que codifica a proteína pró-insulina no núcleo de 10 embriões bovinos.

Esses embriões foram então inseridos no útero de vacas normais, onde apenas um resultou em uma gravidez de sucesso. O bezerro transgênico cresceu, e após chegar à maturidade, os pesquisadores induziram hormonalmente o animal à lactação.

 

 

Os pesquisadores esperavam encontrar leite com a proteína da pró-insulina, mas o resultado mostrou que, apesar do animal não ter produzido tanto leite quanto teria produzido durante a gravidez, o leite continha não só a pró-insulina, mas como a própria insulina já convertida.

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“Nosso objetivo era fazer pró-insulina, purificá-la para insulina e seguir em frente. Mas a vaca basicamente processou por si só. Ela produz cerca de três para um de insulina biologicamente ativa para pró-insulina”, conta Wheeler em comunicado à imprensa.

Os pesquisadores tentaram engravidar a vaquinha através de inseminação artificial, fertilização in vitro ou até mesmo no modo clássico. Nenhuma delas obteve sucesso, mas eles acreditam que deve ter mais a ver com a forma como o embrião foi feito do que ele ser geneticamente modificado.

Wheeler e os outros pesquisadores estão confiantes de que com instalações especializadas, vacas transgênicas como essa poderiam ajudar a produzir grandes quantidades de insulina.

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“Eu poderia ver um futuro onde um rebanho de 100 cabeças poderia produzir toda a insulina necessária para o país. E um rebanho maior? Você poderia fazer o suprimento mundial inteiro em um ano.”

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