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História em Livros e Filmes

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Atualizado em 31 out 2016, 18h24 - Publicado em 12 mar 2011, 22h00

De espião a presidente
O russo Alexander Litvinenko foi uma pessoa de carne e osso, mas a história de sua vida renderia um romance eletrizante bem no estilão James Bond. Só que com final trágico. Em 1998, ele e alguns colegas do FSB, o serviço secreto russo, acusaram os superiores de tentativa de assassinato do oligarca Boris Berezovsky (isso, aquele mesmo, cuja empresa, a MSI, firmou uma parceria com o Corinthians em 2004 e foi acusada de lavagem de dinheiro). Depois, morando na Inglaterra, Litvinenko passou a apostar numa teoria ainda mais conspiratória: a de que os atentados a prédios residenciais em Moscou em 1999, atribuídos a terrorista chechenos, foram na verdade produzidos pelo FSB, criando um pretexto para declarar uma guerra contra a Chechênia (uma guerra disparatada, como o autor defende no trecho abaixo). Em 2006, um dia antes de morrer envenenado, Litvinenko acusou, enquanto agonizava no hospital, o então presidente Vladimir Putin (ex-agente do FSB) de ser o responsável pelo envenenamento. A Explosão da Rússia é o último livro de Litvinenko a obra foi terminada pelo historiador Yuri Felshtinsky. Acreditando ou não nas teorias conspiratórias dos autores, o livro mostra bem do que o serviço secreto russo, ainda hoje, é capaz.

A Explosão da Rússia, Alexander Litvinenko e Yuri Felshtinsky, Record, 2007

Trecho

“Só um louco completo poderia pretender arrastar a Rússia a qualquer tipo de guerra, e mais ainda uma guerra no norte do Cáucaso. Como se [a guerra contra] o Afeganistão nunca tivesse acontecido. Como se não estivesse claro antecipadamente o rumo que tal guerra poderia tomar, ou os possíveis resultados e consequências de uma guerra declarada por um Estado multinacional contra um povo orgulhoso, vingativo e guerreiro. Como pôde a Rússia envolver-se numa de suas guerras mais vergonhosas, exatamente no período de seu desenvolvimento, que se mostrava mais democrático na forma e mais liberal no espírito?”

Espionagem pura e clássica
O Espião que Veio do Frio é um dos romances de espionagem mais clássicos e importantes da história, se não for o número 1. Aliás, foi eleito o melhor de todos os tempos desse gênero pela revista americana Publishers Weekly, em 2006. A trama tem os elementos fundamentais para os clássicos da espionagem: agentes secretos (o britânico Leamas), tensão política (a Guerra Fria) e missões perigosas. O segredo do realismo do livro, ao mostrar os meandros da espionagem, é que Carré atuou no MI6, a agência de inteligência britânica, entre 1960 e 1964.

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O Espião que Saiu do Fri, John Le Carré, Record, 1963

Vendedor de mentirinhas
Graham Greene é outro espião da MI6 que virou escritor. O protagonista de Nosso Homem em Havana, James Wormold, foi inspirado em um agente real, conhecido como “Garbo”. Durante a 2ª Guerra, Garbo dava informações falsas aos nazistas para confundi-los e ganhar dinheiro – uma prática comum na história da espionagem (veja, na próxima resenha, que a CIA caía muito nessa armadilha). Mas o personagem central do livro vive longe da Europa. É um inglês vendedor de aspirador de pó que mora em Havana. Abandonado pela esposa, tem de criar sozinho a filha de 17 anos. De bolsos vazios, acaba fazendo frilas para o serviço secreto britânico na ilha de Fidel (que na época era a ilha de Fulgêncio Batista). As histórias que o vendedor-espião inventa abre os olhos dos agentes britânicos, fazendo o livro ter passagens bem engraçadinhas.

Nosso Homem em Havana, Graham Greene, L&PM, 1958

Agência de desinteligência
O jornalista do The New York Times pesquisou mais de 50 mil documentos da CIA, da Casa Branca e do Departamento de Estado e mais de 2 mil depoimentos para contar a história do serviço secreto do país mais poderoso do mundo. Também entrevistou cerca de 300 oficiais da CIA, incluindo alguns diretores. Sua conclusão? A agência de inteligência americana não tinha nada de inteligente. A maior parte de suas ações resultou em tropeços e tragédias, como a invasão da baía dos Porcos, em Cuba, 1961, massacrada num instante por Fidel Castro. Para Weiner, a CIA gastou dinheiro demais comprando informações falsas, fazendo diversos informantes picaretas enriquecerem. Até mesmo histórias plantadas pela KGB foram compradas por agentes da CIA e levadas a sério em relatórios dos seus superiores. A CIA ainda ajudou a erguer tiranos da América Central à Ásia (que nem sempre apoiaram os EUA) e ainda sacrificou agentes, mandando-os, despreparados e desprotegidos, se infiltrar em governos inimigos.

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Legado de Cinzas, Tim Weiner, Record, 2007

O 007 número 001Estamos ficando repetitivos, mas não é que Ian Fleming também foi uma espécie de espião? Durante a 2ª Guerra, ele trabalhou no serviço de inteligência da Marinha britânica. Cassino Royale, que virou filme em 1967 e 2006, é o primeiro dos 15 romances centrados em James Bond. A saga de 007 ficou bons 8 anos sem fazer barulho: só virou bestseller em 1961, depois que o presidente John F. Kennedy incluiu livros de Fleming em sua lista de obras preferidas, publicada pela revista Time. Os dois acabaram ficando amigos JFK, baseado em sua experiência na diplomacia internacional, dava sugestões de tramas para os próximos livros de seu ídolo.

Cassino Royale, Ian Fleming, Record, 1953

Filmes

A hora da vingança
O filme de Steven Spielberg mostra como Israel retaliou o ataque sanguinário aos atletas do país durante as Olimpíadas de Munique, em 1972, por terroristas palestinos do grupo Setembro Negro. O roteiro foi baseado no livro Vengeance (“Vingança”), de George Jonas, publicado em 1984, baseado no relato de Yuval Aviv, que se diz ex-agente do Mossad. Depois da tragédia nos Jogos Olímpicos, a então primeira-ministra de Israel, Golda Meir, elabora um plano de vingança. Ordena que uma equipe de elite do Mossad, liderada por Avner Kaufman (Eric Bana), mate 11 homens envolvidos nos assassinatos dos 11 atletas . O livro conseguiu desagradar a gregos e troianos, ou melhor, árabes e judeus, ex-agentes do Mossad e integrantes do Setembro Negro. O filme não foi menos polêmico. O cônsul de Israel em Los Angeles classificou a produção de “pretensiosa” e “superficial”, além de “moralmente incorreta”, por igualar os agentes do Mossad aos terroristas. Spielberg afirmou, na época do lançamento, que se sentia confortável usando o livro como fonte e que fez uma extensa pesquisa para fundamentar o filme. Mas, talvez para apaziguar as críticas dos israelenses, também disse que o filme não era um documentário, mas uma “ficção histórica”: em vez de contar fatos verídicos, ficou aberto à imaginação. Também declarou que não tinha a intenção de atacar Israel, e sim provocar reflexão sobre o motivo pelo qual um país opta por combater a violência com mais violência.

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Munique, EUA, 2005, Direção: Steven Spielberg

Terror alemão, de novo
Gerd Wiesler é um agente da Stasi incumbido de instalar escutas e vigiar, dia e noite, o diretor de teatro Georg Dreyman. No começo metódico, frio e sério, o espião passa a se comover com a vida criativa e apaixonada do diretor e sua amante, passando a ocultar os “crimes políticos” que eles praticam contra o comunismo. Uma reconstituição histórica comovente, o filme mostra os interrogatórios torturantes da Stasi, a troca de empregos e benefícios por sexo, e as ameaças sofridas por cidadãos para dedurar até mesmo vizinhos e cônjuges. Não tem jeito: depois de terminar esta revista, corra para ver o filme.

A Vida dos Outros, Alemanha, 2006, Direção: Florian von Donnersmarck

A CIA no banco dos réus
JFK não é um filme de espionagem, e sim sobre a investigação da morte do presidente Kennedy. Mas uma presença silenciosa percorre todo o filme: a CIA. O promotor Jim Garrison (Kevin Costner) acusa a agência de ter planejado o assassinato do presidente. Garrison também processa o empresário Clay Shaw (Tommy Lee Jones) por envolvimento no crime, mas este acaba inocentado. O filme foi malhado pela imprensa dos EUA antes mesmos de ficar pronto, sendo classificado como “mentiroso” e “repugnante”, entre outros adjetivos nada lisonjeiros. Depois, ganhou respeito. E dois Oscar.

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JFK – A Pergunta que não quer calar, EUA, 1991, Direção: Oliver Stone

Espião por acaso
Serviço secreto é um assunto cheio de suspense e, neste gênero, não pode faltar um bom Hitchcock. O filme Intriga Internacional conta os percalços de um publicitário, Roger Thornhill (Cary Grant), que é confundido com um espião. Acaba sendo perseguido por agentes de uma organização secreta, que acreditam que ele detém informações valiosas. A cena em que um avião tenta atingir Thornhill, dando rasantes numa estrada tornou-se uma referência na história do cinema – em Moscou Contra 007 (1963), o segundo da série de James Bond, a cena se repete, desta vez com um helicóptero.

Intriga Internacional
, EUA, 1959, Direção: Alfred Hitchcock


Magnicídio
A produção de O Dia do Chacal chama o filme de um “quase documentário”, tamanho o realismo da obra. O Chacal do caso é um assassino contratado por paramilitares franceses para matar o presidente Charles de Gaulle. Achavam que o governo havia traído a pátria francesa, ao dar independência à Argélia. O filme começa reproduzindo um atentado real à vida de De Gaulle, cometido pelo engenheiro militar Jean-Marie Bastien-Thiry em agosto de 1962. A história do assassino Chacal, que se segue à tentativa frustrada de Bastien-Thiry, é fictícia. Mas nem tanto.

O Dia do Chacal, França e Grã-Bretanha, 1973, Direção: Fred Zinnemann

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No fundo da guerra fria
Enquanto o Muro de Berlim vinha baixo, subia às telas A Caçada ao Outubro Vermelho. A história era comum na época (e ainda hoje): um cidadão soviético querendo abandonar o comunismo e ter uma vidinha tranquila nos EUA. Não se trata de um cidadão qualquer, mas Marko Ramius (Sean Connery), capitão do submarino nuclear Outubro Vermelho. O oficial tenta se aproximar da costa dos EUA para se render, mas os americanos acham que o submarino vai atacá-los. Ramius fica sob fogo cruzado das duas potências nucleares. Um agente da CIA (Alec Baldwin) é o único que acredita na versão do capitão.

A Caçada ao Outubro Vermelho, EUA, 1989, Direção: John McTiernan

Década da paranoia
Se a ideia é entender o estado de paranoia que a Guerra Fria impingia aos americanos nos anos 60 e 70, Três Dias do Condor é a melhor pedida. Joseph Turner (Robert Redford) é um agente burocrático da CIA, que passa o tempo lendo jornais e livros. Um belo dia, ao voltar do almoço, encontra todos os colegas mortos. Desesperado, sequestra uma mulher e obriga-a a levá-lo para sua casa. Nos dias que se seguem ao massacre, Turner descobrirá (cuidado, spoiler!) que a própria CIA está envolvida nos assassinatos. A história se passa numa Nova York em que a grande novidade são as Torres Gêmeas.

Três dias do Condor, EUA, 1975, Direção: Sydney Pollack

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