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Marte: planeta azul?

Uma série de descobertas recentes está revelando os indícios de que o planeta, hoje desértico e pedregoso, tinha uma atmosfera parecida com a da Terra, cortado por corredeiras.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h34 - Publicado em 30 jun 2001, 22h00

Xavier Bartaburu

Marte pode, um dia, ter sido como a Terra, com mares, rios e – por que não? – vida. É o que uma série de descobertas recentes está revelando. De uns tempos para cá, os pesquisadores da Nasa têm surpreendido o mundo com indícios cada vez mais fortes de que o nosso vizinho mais próximo, hoje desértico e pedregoso, tinha uma atmosfera parecida com a da Terra e era cortado por corredeiras que não fariam feio perto dos veios d’água daqui. Apareceu até quem afirmasse ter achado em meteoritos provenientes de Marte provas incontestáveis de que já houve bactérias por lá – pré-requisito para formas de vida mais sofisticadas. Não é à toa que o mundo científico aguarda com ansiedade o pouso da sonda Mars Odyssey em solo marciano, em outubro deste ano. A nave da Nasa vai cavar buracos no planeta vermelho para procurar reservas subterrâneas de água.

Dos nove planetas do sistema solar, Marte é o mais parecido com a Terra. O resto ou é quente demais, absurdamente frio ou muito gasoso. Mesmo assim, desde que nossos telescópios tornaram-se poderosos o suficiente para enxergar detalhes na superfície avermelhada, ficou difícil levar a sério a idéia de que existam marcianos. Isso começou a mudar no último ano, quando a sonda Mars Global Surveyor, lançada em 1997 pela Nasa, revelou ao mundo paisagens que nem a ficção científica pôde imaginar: canais que se parecem com leitos secos de rios, bacias sedimentares que lembram antigos oceanos, pólos cobertos de gelo, cânions, vulcões que podem ainda estar ativos. Tudo isso parece indicar que Marte era muito mais dinâmico e seu clima mais quente e úmido há alguns bilhões de anos, mais ou menos na época em que a vida dava seus primeiros passos aqui na Terra.

Sabe-se que atualmente não há água líquida na superfície marciana – e, se houvesse, ela congelaria imediatamente, por causa do frio, que gira em torno de 20 graus negativos. A esperança dos cientistas, animados com as descobertas recentes, é que ainda exista água sob o solo. Quem sabe, esse mundo subterrâneo tenha se tornado o último refúgio da vida, expulsa da superfície pela inclemência do clima? É o que a Mars Odissey vai finalmente revelar.

Por enquanto, não há provas seguras de que o vizinho já tenha sido parecido com a Terra. Muitos cientistas contestam as teorias mais otimistas e afirmam que é cedo para abandonar a idéia corrente de que o planeta vermelho sempre foi e continua sendo um pedregulho sem vida (veja os argumentos pró e contra no quadro ao lado). O pouso da Mars Odyssey certamente vai trazer dados importantes. Mas, para encontrar vida, só mesmo indo lá e vendo: a Nasa tem planos para enviar uma missão tripulada daqui a dez anos. Só então poderemos saber qual é o grau de semelhança que temos com o planeta ao lado e descobrir que raios aconteceu com Marte para que ele se tornasse tão árido. E, quem sabe, responder à pergunta mais assustadora de todas: se Marte já foi como a Terra, será que a Terra um dia será como Marte?

Disputa planetária

Uns cientistas dizem que Marte foi como a Terra. Outros afirmam o contrário. Conheça seus argumentos

Marte já foi azul…

Os primeiros sinais de vida em Marte foram detectados em 1996, num meteorito marciano que caiu na Antártida. Não, ele não trazia homenzinhos verdes fossilizados. Mas continha cristais de magnetita parecidos com os produzidos por bactérias terrestres. Em janeiro de 2001, os cientistas provaram que a magnetita tem origem orgânica.

Uma das imagens mais intrigantes recolhidas pela sonda Mars Global Surveyor é a de sulcos, idênticos a um leito de rio seco. Eles aparecem nas encostas e escorrem pela montanha. Uma das teses da Nasa sustenta que haja água líquida em uma camada subterrânea de Marte. Em certos pontos onde essa camada está exposta, a água brotaria na superfície num jato rápido demais para congelar e formaria os sulcos.

Ao detectar rochas magnetizadas na superfície do planeta no final do ano passado, a sonda provou que Marte já teve um campo magnético como o da Terra. Esse campo serve de escudo para a atmosfera, protegendo-a da radiação solar. Isso indica que a atmosfera marciana pode ter sido densa como a terrestre, condição para a vida.

É sabido que Marte teve uma intensa atividade vulcânica no seu primeiro bilhão de anos. Agora, os cientistas descobriram redes de canais ao redor dos vulcões e bacias sedimentares enormes parecidas com antigos oceanos. A combinação de calor e água líquida gerou a vida na Terra. O mesmo pode ter acontecido no planeta vermelho.

…Ou não

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Cientistas do mundo inteiro insistem em afirmar que isso não é prova suficiente para assegurar que há vida em Marte. A bactéria pode muito bem ser daqui da Terra e ter entrado no meteorito por alguma fenda. Uma única cadeia de cristais é pouco para tirar uma conclusão definitiva.

Pesquisadores da Universidade do Arizona, Estados Unidos, publicaram em abril a tese de que os sulcos marcianos foram cavados por gás carbônico. Em temperaturas muito baixas, a pressão faz com que o gás carbônico da atmosfera esfrie e se transforme em neve, que desce pela encosta. Outra hipótese sugere que eles podem ter sido formados por um fluxo de cinzas, gás e cascalho expelido pelas erupções vulcânicas.

Ninguém duvida que Marte realmente teve um campo magnético. Mas ainda não há estudos que comprovem que papel ele desempenhou na evolução do planeta e no possível surgimento de vida. Não existem sequer provas de que tenha havido lá uma atmosfera parecida com a nossa. Por enquanto, é tudo especulação.

Um estudo publicado há dois meses na revista inglesa Nature defende a idéia de que os canais e as bacias tenham sido criados por montanhas sendo erguidas e não por oceanos. Segundo essa teoria, foi a pressão exercida pelas montanhas que fez a superfície ao redor se comprimir e gerar um solo enrugado, como o dos mares.

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