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Esteroides diminuem mortalidade por Covid-19, indica pesquisa

Revisão de vários estudos internacionais mostra que medicamentos imunossupressores salvam vidas de pacientes em estado grave. OMS recomenda que todos os países adotem o protocolo.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 3 set 2020, 18h23 - Publicado em 3 set 2020, 17h56

Em um dos maiores avanços no combate à pandemia, um novo estudo comprovou que o uso de medicamentos corticoides baratos e comumente utilizados por médicos reduz a letalidade da Covid-19 em pacientes graves, o que abre um novo caminho para tratamentos da doença.

O artigo foi publicado nesta quarta-feira (2), na revista científica Journal of the American Medical Association. Ele reúne dados de sete pesquisas clínicas feitas em 12 países, incluindo o Brasil, conduzidas de fevereiro a junho desse ano. Nos testes, pesquisadores compararam os resultados de pacientes que eram tratados com corticosteroides comuns com pacientes que recebiam apenas placebo. Todos os envolvidos estavam em estado grave, e a divisão entre os grupos foi feita de forma aleatória.

No total, mais de 1.700 pacientes participaram das pesquisas, e três medicamentos foram usados: dexametasona, hidrocortisona e metilprednisolona. A revisão dos estudos concluiu que todos reduzem significativamente as chances de óbito em pacientes internados em estado grave. Entre os 678 pacientes tratados com esteroides, 32,7% morreram. Já entre 1.025 pacientes que receberam apenas o tratamento padrão mais o placebo, 41,5% não resistiram. Isso significa uma redução relativa de 20% no número de óbitos. Ou seja, a cada 100 pacientes doentes, 8 são salvos pelo tratamento.

Além do estudo em si, a revista JAMA publicou um editorial que comenta as descobertas, anunciadas como “um importante passo a frente no tratamento de pacientes com Covid-19″. Os especialistas defendem que as evidências são suficientes para introduzir os medicamentos no tratamento padrão de pacientes em estado grave em todo mundo, o que de fato parece estar acontecendo. Após a publicação do estudo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou novas diretrizes para o tratamento da doença, recomendando fortemente o uso dos esteroides nos casos descritos.

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Mas afinal, o que são esteroides?

Esteroides, mais especificamente os corticosteroides ou corticoides, são medicamentos conhecidos de longa data pela comunidade médica. Eles tem efeito anti-inflamatório e imunossupressor, ou seja, reduzem a atividade do sistema imunológico dos pacientes. Pode parecer contraditório suprimir a defesa do organismo, mas acontece que o sistema imunológico pode ser um inimigo para pacientes em estado grave. Isso porque, ao tentar combater o vírus, ele acaba destruindo tecidos saudáveis e causando inflamações graves nos pulmões dos paciente, dificultando a respiração.

Já no começo da pandemia médicos e pesquisadores sugeriram que, sabendo desse mecanismo da doença, os corticoides poderiam diminuir a inflamação e salvar a vida de pacientes graves. Mas seu uso deveria ser feito com muita cautela: afinal, suprimir o sistema imunológico de um paciente doente pode deixá-lo vulnerável a infecções secundárias. Por isso, seriam necessários estudos clínicos que mostrassem se esteroides poderiam ter efeitos benéficos para o tratamento de Covid-19 e, se sim, que não trariam efeitos colaterais graves.

O primeiro estudo que provou a eficácia de um esteroide foi feito em junho via projeto RECOVERY por pesquisadores e médicos do Reino Unido. Em uma pesquisa randomizada (com divisão aleatóri e controlada por placebo, os cientistas descobriram que o uso da dexametasona reduzia a letalidade da doença consideravelmente. Até então, ele era o primeiro medicamento com esse efeito comprovado. Isso incentivou que mais pesquisas com esteroides em geral fossem feitas, já que não parecia haver riscos muito grandes em testar as terapias.

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Até agora, apenas um outro medicamento havia apresentado alguns benefícios no combate à Covid-19: o antiviral remdesivir. E, mesmo nesse caso, os resultados foram ambíguos: a letalidade entre os que foram tratados com ele e entre os que receberam placebo não foi muito diferente. Contudo, o antiviral parece ter reduzido o tempo de internação daqueles que se recuperaram.

Novos estudos ainda estão sendo feitos para confirmar a eficácia do medicamento. Uma vantagem dos esteroides em relação ao remdesivir é que eles são bem mais baratos e já são comumente usados para outras doenças, facilitando o acompanhamento do tratamento por parte dos médicos.

Vale lembrar, porém, que a OMS e outros especialistas recomendam o uso de esteroides apenas em pacientes em estado grave ou crítico. Isso porque esse é o grupo que apresenta inflamações severas nos pulmões, o sintoma tratado pelos medicamentos. Em pacientes com casos leves, é possível que o quadro seja piorado ao suprimir o sistema imunológico. Por isso, a organização alerta contra o uso indiscriminado de corticoides e contra a auto-medicação.

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