38 graus: Círculo Polar Ártico bate recorde de temperatura
Marca é a maior em 32 anos, e evidencia os efeitos do aquecimento global nas áreas mais geladas do planeta.
Meses depois da ilha Seymour, na Antártida, superar a marca dos 20°C pela primeira vez na história, foi a vez do outro extremo gelado do planeta registrar uma temperatura positiva inédita.
No último sábado (21), os termômetros da cidade siberiana de Verkhoyansk, na Rússia, que fica no Círculo Polar Ártico, bateram os 38°C. Se o recorde for confirmado pela Organização Meteorológica Mundial, seria um aumento de 18°C na média da região para o mês de junho. O que, como você pode imaginar, está longe de ser uma boa notícia.
O recorde atual supera uma marca que já durava 32 anos. Em julho de 1988, o mesmo ponto da Sibéria já havia enfrentado incríveis 37,3°C.
A cidade de Verkhoyansk, na Rússia, tem 1,3 mil habitantes e fica num ponto remoto da Sibéria. Por lá, durante um inverno rigoroso, é possível congelar a uma temperatura de até – 50°C. Verões escaldantes costumam elevar os termômetros aos 20°C positivos.
Durante o último mês de maio, no entanto, uma onda de calor que atingiu a Sibéria, sobretudo em sua porção nordeste. Segundo cientistas do Programa Copernicus, da União Europeia, isso fez com que as médias das temperaturas aumentassem 10 graus.
O calor excessivo acelera o derretimento do permafrost, camada de gelo que fica abaixo do solo e recobre a região ártica.
Com a perda desse gelo, gases nocivos ao ambiente que estavam retidos ali são lançados à atmosfera – acelerando o efeito estufa, o derretimento das geleiras, o aumento do nível dos oceanos e, aos poucos, tornando a vida humana na Terra cada vez mais inviável.
Pesquisadores estimam que a região ártica seja a parte do planeta mais afetada pelo dinâmica do aquecimento global. Isso porque o Ártico vem aquecendo duas vezes mais rápido do que qualquer outro canto do globo, fenômeno que a ciência conhecia como “amplificação do Ártico”.
O ano de 2019, por exemplo, foi o segundo ano mais quente na região desde 1900. O momento atual tem potencial para ser ainda mais intenso: usando dados da Nasa, pesquisadores do Copernicus indicaram que os seis primeiros meses de 2020 podem ser os mais quentes dos últimos 140 anos. E a tendência é que a situação continue piorando – principalmente se não tomarmos medidas consistentes para frear o aumento das temperaturas.