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7 bizarrices que acontecem com o corpo no espaço

O sangue emperra nas veias, fica mais difícil dormir e a pessoa até aumenta de tamanho.

Por Marina Demartini, de Exame.com
Atualizado em 11 mar 2024, 09h37 - Publicado em 3 mar 2016, 13h15

Após quase um ano no espaço, três astronautas da Nasa retornaram à Terra. O americano Scott Kelly, queridinho das redes sociais, e o russo Mikhail Kornienko passaram 340 dias na Estação Espacial Internacional (ISS), enquanto Serguei Volkov esteve a bordo por mais de cinco meses.

A estadia prolongada de Kelly é parte de uma missão de um ano da Nasa para entender como um voo espacial de longa duração muda o corpo humano. Afinal, a agência espacial quer enviar astronautas para Marte até 2030 e precisa saber como eles irão conviver com os efeitos fisiológicos e bioquímicos de uma viagem que irá durar cerca de 30 meses.

Durante os quase 12 meses em que ficou em órbita, Kelly coletou sua urina e seu sangue e enviou para os cientistas da Nasa. Com essas substâncias em mãos, eles conseguiram conduzir alguns experimentos.

Um deles está relacionado com o irmão gêmeo de Kelly, o astronauta aposentado Mark Kelly. Eles analisaram (e continuarão a estudar) como o DNA de Scott, seu sistema imunológico e seu desempenho cognitivo mudaram em relação aos de Mark, que passou todo esse tempo em terra firme.

Apesar de a missão já ter sido longa, ela ainda não acabou para Kelly. Os pesquisadores continuarão a estudar o seu corpo para ver se um ano no espaço o tornou diferente fisiologicamente e psicologicamente.

A Nasa ainda não divulgou todas as suas descobertas sobre a missão. No entanto, especialistas já sabem que um ano no espaço pode mudar o corpo do ser humano drasticamente. Veja a seguir sete transformações que acontecem no sistema biológico de uma pessoa após passar tanto tempo em órbita.

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1. Perda de 12% da densidade óssea

Devido à gravidade, o corpo humano é constantemente forçado para baixo. Por isso, ficar em pé ou fazer uma simples caminhada ao redor da Terra já é considerado um grande exercício.

Porém, no espaço, a gravidade não existe e isso faz com que os astronautas percam uma grande quantidade de densidade muscular e óssea. Além disso, quando um corpo não pesa, os músculos encolhem e absorvem o tecido que sobra.

Para diminuir esses efeitos, os astronautas precisam realizar até 2,5 horas de exercícios diários em esteiras e outras máquinas criadas especialmente para locais sem gravidade.

2. Insônia

Novamente, devido à falta de gravidade, os astronautas precisam fixar seus sacos de dormir a uma parede ou a um teto para dormir. Eles não precisam de colchões ou travesseiros confortáveis, pois seus corpos flutuam e relaxam facilmente.

Na Estação Espacial Internacional existem seis cabines construídas exclusivamente para os astronautas terem uma boa noite de sono. Apesar de toda essa preparação, a maioria dos astronautas reclama que consegue dormir, no máximo, seis horas por dia.

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3. “Como você cresceu!”

Como a gravidade não está empurrando o corpo para baixo, a espinha estica e a pessoa fica mais alta no espaço. A primeira vez que a Nasa notou essa modificação foi há mais de 20 anos, no Skylab.

Seis astronautas foram estudados na época e todos eles mostraram um crescimento de 3% em comparação com a sua altura original. As espinhas retornaram à curvatura normal assim que eles voltaram à gravidade e regressaram aos seus tamanhos normais após 10 dias do retorno dos astronautas.

Esse crescimento adicional já é esperado pela Nasa e, por isso, os trajes pressurizados da tripulação são confeccionados em um tamanho maior.

4. A visão pode piorar

Um estudo recente da Escola de Medicina do Texas revelou que a visão dos astronautas pode ser danificada devido às mudanças na pressurização no espaço. Os pesquisadores fizeram ressonâncias magnéticas em 27 astronautas da Nasa depois que eles passaram 108 dias no espaço.

Quatro estavam com o nervo óptico inchado, três tiveram torções na bainha do nervo e seis estavam com o globo ocular achatado. As alterações são similares às observadas em pessoas com hipertensão intracraniana idiopática, uma condição em que a pressão do sangue e de outros fluidos é anormalmente elevada no cérebro.

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No espaço, essas mudanças podem estar relacionadas com o fato de os astronautas viverem em queda livre. Em um de seus vídeos na ISS, o astronauta canadense Chris Hadfield explicou que todos os tripulantes fazem exames constantes nos olhos para entender como o espaço pode danificar a visão.

Ele explica que um dos equipamentos utilizados pelos astronautas é o tonômetro. Com ele, é possível saber se a pressão nos olhos está de acordo com a normalidade. Além disso, eles também fazem ultrassons nos olhos para ver o estado do nervo óptico.

5. O sangue não flui tão bem

As pernas não recebem a mesma quantidade de sangue no espaço em comparação com a abundância de fluídos que recebe na Terra. O coração continua bombeando sangue suficiente para os membros inferiores, porém, os vasos sanguíneos da perna tornam-se preguiçosos com a falta de gravidade.

Assim, quando os astronautas retornam para a Terra e o sangue volta a correr normalmente, eles podem experimentar alguns efeitos colaterais, como tonturas e desmaios. Isso acontece porque alguns vasos sanguíneos menores têm dificuldade em enviar o sangue de volta para a parte superior do corpo.

6. O rosto fica inchado

Os fluidos do corpo humano são distribuídos de forma desigual devido à gravidade. Por isso, a maioria desses líquidos ficam nas extremidades inferiores. Em contraste, a vida no espaço permite que os líquidos do corpo se espalhem igualmente em todo o corpo.

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Durante as primeiras semanas na ISS, muitos astronautas reportam que a cabeça e, principalmente, o rosto ficam mais inchados e as pernas aparentemente afinam.

O corpo registra essa transformação como um aumento no volume do sangue e elimina, a partir dos rins, o que “pensa” que são líquidos extras. Por isso, os astronautas não sentem tanta sede nas primeiras semanas na Estação. Uma vez que este “fluido extra” é liberado, o corpo deles volta ao normal.

7. Mais chances de ter câncer

A exposição excessiva à radiação pode aumentar as chances de uma pessoa adquirir câncer. Mas essa probabilidade é ainda maior para os astronautas, pois eles não são protegidos pelo campo magnético da Terra.

Aliás, Scott Kelly e os outros tripulantes da ISS são diariamente expostos a um tipo diferente de radiação. Segundo a Nasa, os raios cósmicos do espaço profundo são compostos de partículas mais pesadas do que os nossos corpos estão acostumados. Além disso, esses raios também quebram cadeias de DNA facilmente.

Um câncer pode “nascer” quando os genes alterados permitem que células e seus descendentes se multipliquem livremente. Assim, se a radiação destrói o DNA, os reparos podem ser mal feitos e o câncer pode existir.

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Conteúdo publicado originalmente em Exame.com

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